O MARXISMO NO HORIZONTE (XIV)
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Investigar a ligaçao de Sartre ao marxismo nao é fácil. E nao apenas porque a sua leitura de Marx reflicta lacunas significativas no conhecimento da obra, mas porque a aproximaçao do nosso filósofo ao marxismo decorre paralelamente ás suas próprias aproximaçoes e afastamentos da política comunista. Este duplo horizonte, que inclui discussoes propriamente filosóficas e polémicas claramente políticas, dificulta qualquer análise porque, ás vezes, parece partilhar o essencial do marxismo quando se afasta da política do PCF e, pelo contrário, parece aproximar-se da política do partido, quando se afasta do horizonte teórico marxista. É realmente uma montanha-russa de subidas íngremes e descidas vertiginosas… E a questao torna-se mais difícil se tivermos em conta a diversidade do marxismo a partir do pós-guerra, com uma variedade de alternativas realmente notável: de facto, quando Sartre se afasta da política do PCF, sentir-se-á muito próximo da orientaçao dos comunistas italianos – mas de quais? -, e posteriormente da alternativa cubana, e, antes, da renovaçao maoista – de facto, Beauvoir publicará uma extensa análise da realidade chinesa em 1955, intitulada “A Longa Marcha: ensaio sobre a China”. Estas dificuldades farao com que nos centremos em alguns aspectos superficiais, embora indispensáveis da relaçao de Sartre com o marxismo, conscientes de que uma análise mais pormenorizada nos apresentaria questoes que só poderiam ser abordadas “in extenso”.
J. L. RODRIGUEZ GARCIA
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