Arquivos diarios: 28/05/2017

HUSSERL E A FENOMENOLOGIA

.

               A infância termina.  Em 1915, entra no Liceu Henri IV, em Paris. Aí conhece Paul Nizan, de quem falaremos mais á frente.  Anne-Marie e o jovem Sartre mudam-se para La Rochelle em 1918 por motivos que têm a ver com o segundo casamento da “irma mais velha”.  Sartre tem notas excepcionais: o pequeno génio de Charles Schweitzer começa a deslumbrar – Regressa a Paris e entra na École Normale Supérieure.  O ano de 1924 é impressionante: Sartre, Beauvoir, Hyppolite, Aron, Nizan, Lagache…   E anos mais tarde, em 1929, realiza-se a prova de agregaçao (necessária para acceder á condiçao de professor): Sartre fica em primeiro lugar, seguido de Beauvoir, Hyppolite consegue o quarto e Nizan o quinto lugar.  Pouco tempo depois, Sartre abandona Paris e ruma ao liçeu de Le Havre, onde dará aulas.  A verdade é que, como o próprio Sartre reconhecerá. tivera a imensa sorte de ler durante aqueles anos uma obra de Bergson – “Ensaio sobre os Dados Imediatos da Consciência – que lhe abriu expectativas nas suas análises dos processos de conhecimento e assimilaçao do real, que no entanto serao envolvidas na influente maré da filosofia husserliana. Referimos Husserl entende-se por fenomenologia uma das correntes filosóficas mais importantes do século XX, e também os irracionalismos que se lhe tinham oposto. Husserl tentou transformar a filosofia numa ciência rigorosa, para o que considerava necessário ir “ás próprias coisas”, tal como aparecem na consciência… como o que é imediatamente dado, na sua essência ou conteúdo ideal.  Para esse fim, criou um método de descripçao que eliminava qualquer pressuposto interpretativo. Husserl, á época, já iniciara a seu honroso exílio académico, expulso de Friburgo pelas autoridades nacional-socialistas devido ás suas raízes judaicas.  O seu alumno mais próximo, Martin Heidegger, nao parece alheio ao estratagema para penalizar o seu professor, a quem dedicara “Ser e Tempo”.  Husserl desenvolvera uma importante obra filosófica durante as duas primeiras décadas do século.  As suas “Investigaçoes Lógicas” e as posteriores  “Ideias”, publicadas em 1900 – 1901 e 1913, respectivamente, marcaram com toda a certeza os primeiros eixos da aventura filosófica sartriana.  As obras citadas já incluem o fundamental da “fenomenologia” como projecto filosófico.

J. L. RODRIGUEZ GARCIA      

O HOME NON RECORDA, NON TEN MEMORIA

.

O Home non recorda, non ten memoria

e se a memoria en algo permanece

cae na perdición do real

porque transforma o recordado,

crea algo diferente.  É libre

porque comete traición

ou vive porque renova o erro,

abella afogada en mel,

bolboreta que morre aos dous días,

abella que pousou fugazmente

en catro flores e caíu

por aguillonear un corpo.

 

francisco candeira