ROUBO AO MUSEO SALAZAR
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Passeando xá non sei quando, polas ruas de non sei d’onde, despois de ter subido sem respirar, d’um golpe, toda a calçada do Monte á Graça. Fai xá muito, muito tempo atrás, alá antano nos tempos de Coré risonha. Os meus passos pausados e perdidos, levaron-me a unha espécie de “Museo do Norte de África”. Eu non queria entrar, porque xa era demasiado tarde, mas passei o porteiro, passei a mulher, escalei escadas, baixei por elas, para cima,para baixo, madeiras, estântarias, vitrinas, etc… Parei diante d’unha estátuazinha de xáde ou alabastro, com dous colares de cores brancas e amarelas que me mirava com um eterno amor, os seus olhos pequenos cintilavan como faíscas. Foi amor á primeira vista, a sua cegadora sorrisa perdeu-me completamente. Non fun senhor de pensar nada, com a velocidade do raio, metim-na dentro da alxibeira do cassaco, cuidando a duras penas de manter a normalidade, no rostro e nos xestos tímidos unha apariência de alma cândida. Xá acompanhado d’esta vez, prosseguim o meu deâmbular sêm tino, escadas abaixo e arriba, para dificultar mais qualquer possíbel perseguiçao. Até que por fim, milagro, a saída apareceu diante dos meus olhos bem abertos. Rua fora, sentia unha acêntuada alegria no ar, como se saíra da prisao do Limoeiro, ou retornara á vida após larga enfermidade. Sentia no meu cassaco um lixeiro pulsar, um latexar cûmplice, como se a valiosa Deusa de pedra cobrara unha vida impossíbel, e disfrutara d’esta inesperada liberdade. Extranha dança aquela pelas ruas tortuosas da cidade, algo sumamente preciado que volta a disfrutar da luz, despois de passar séculos escondida na escuridade polvorenta d’um Templo das Musas. Xamais na minha exemplar vida, habia roubado nada, e sentia grande orgulho pelo feito. Mas ésta Deusa arcaica e luminosa, agora aqui diante dos meus olhos, acabou docemente com toda a minha virtude.
ANTÓNIO ARGIBAY SEBASTIÁN
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