Arquivos mensuais: Outubro 2016

MORA

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                    A Guia de Portugal de Raúl Proença, ediçao da Biblioteca Nacional de 1927 (reeditada em fac-simile em 1988 pela Fundaçao Gulbenkian nao dedica mais do que meia dúzia de linhas a Mora e mesmo assim lá vem com parte de ditado popular “em Mora nem uma hora, omitindo a frase completa.”  “Em Mora nem uma hora, no Cabeçao nem um serao e em Pavia nem um dia”.   Com isto, ao que parece, se quis dizer que das trés vilas Pavia seria a menos pior”.   Pois talvez.   O nome tem ressonâncias italianas e também se diz que terá tido origem numa colónia de imigrantes lombardos, originários de Pavia, chefiada por um certo Roberto. a quem no final do século XIII terao sido dadas algumas benesses para se fixarem no que é  a mais antiga vila do actúal concelho de Mora.   Á medida que nos aproximamos de Mora as árvores começam a rarear e o montado da lugar a campos de cultivo onde crescem pastos, na primavera atapetados com umas plantas vermelhas que dao um colorido inacreditável á paisagem, com muitas ovelhas a pastar.   Mora é uma vila muito arrumadinha com uns arrabaldos muito simpáticos, com vivendas e quintais.   Uma típica vila alentejana com as casas caiadas de branco.   Também é verdade que se foi ao centro de Mora, qualquer rua lhe serve para voltar á estrada N2.

A. M. N.

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AVIS

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                    A Vila de Avis foi sede da ordem militar do mesmo nome e desempenhou um papel destacado na história de Portugal por ter dado nome á mais emblemática dinastia portuguesa, iniciada em 1383 por D. Joao I.   D. Adfonsus D’Anrique doou a cidade aos frades da ordem de Calatrava, que tinham a casa matriz em Castela.   Em Julho de 1211, Adfonsus II concede  a rexion que haveria de chamar-se Avis, e muda o nome da ordem para Sao Bento de Avis,  adotando um hábito diferente do da ordem de Calatrava, mantendo o manto branco de influência benedictina, mas com flor-de-lis  verde, ao contrário da ordem de Calatrava que era vermelha.   Em Avis fundaram um castelo com seis torres, das quais três chegaram aos nossos dias.   Deste período é a Porta do Arco, que acabou por se transformar no ex-libris da vila.   Se tiver tempo vale a pena dar lá um saltinho, porque a vila merece.   Alem do mais tem, também, o encanto de uma albufeira, no caso do Maranhao.

A. M. N.

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O ALENTEJO BEIRAO

                    A comida nesta rexiao alentejana ainda tem algunha influência da Beira Baixa e do Ribatejo, por exemplo nas comidas á base de peixe do rio, que pode ter tratamentos diferentes e ser comido em variadas sopas, assado ou frito.   A caça também tem tradiçao (Coelho, lebre, pombo, perdiz e xabali).   Obviamente que á cabeza de tudo vem a carne de porco, com o récozinho a ser comido de diferentes maneiras, em enchidos, assados, cozidos, fritos e tudo o que a imaxinaçao possa ditar.   Xá sabemos como a cozinha alentejana é criativa.   Convém non esquecer o tradicional ensopado de borrego.   Nos doces, xá se sabe que a tradiçao conventual alentejana é rica e doce, usando e abusando da Xila e da amêndoa.   Pode tamém experimentar bolos que utilizam a belota, ou o “bolo cigano” de Montargil, ou a boleima de Ponte de Sor.   O Retiro do Mocho, non é um restaurante para se ir comer á pressa, porque por alí non ha disso.   Toda a comida é feita na hora, com calma, mas a espera vale a pena.   Na cozinha está a D. Fernanda que com man de maestrina dirixe tachos e panelas, e na sala os seus dois filhos que atendem um âmbiente intimista e descontraído, mas eficaz e muito correcto.

A. M. N.  

Ó POVO DE VALHASCOS

                    A rainha dos Valhascos, é a couve. Considerada como a melhor do mundo, tendo em conta que estamos em Portugal, e que sempre há necessidade  de afirmar-se.   Aquí mantenhem-se vivos algunhs usos e costumes ântergos, nomeadamente da cozinha, bastante interesantes.   A matéria-prima é a do costume por estas bandas, azeite, pan, vinho, e as fermosas couves dos Valhascos.   Costuma-se cozinha-las em migas, fervidas com bacalhau, entrecosto e feixons.   Mas este lugar, tamém é famoso por ser um fortíssimo bastion da República, e pelo seu fervor anticlérical.   O deçoito de agosto do ano 1912, o vigário de Sardoal, é expulso dos Valhascos apesar da sua tenáz resistencia.   O padre Silva Martins, foi intimado  a non mais alí voltar para dizer missa.   Alí estava um verdadeiro baluarte, com que a República  podia contar para a sua defensa e consolidacion.   Ainda  quando da última incursion paivante, que foi necessário fazer ronda  nas estradas, lá estava o povo dos Valhascos sempre, embora só em parte lhe coubesse o serviço, apareceron trinta homes armados.   Foi o povo que comprou e ofereceu o mobiliário para unha escola (que infelizmente até hoxe ainda non abriu).   Dizendo-se, “ser Valhascos um canto do inferno, xente de má raça, e incitando ás mais fanáticas que mandassem os filhos aprender doutrina, em prexuizo da escola”.   Xá o amigo vê, que nos Valhascos há unha firme opinion consciente para defender a nossa Rex-Pública, sempre que preciso sexa.

A. M. N.

UM BOM CANDIDATO PARA O PRÉMIO NOBEL

          Há quem afirme, que como maldicion por ter descoberto a dinamita, a memôria do Senhor Nobel, foi condenada a ir acompanhada por unha récua formada pelos piores escritores do planeta terra.

 

          “Miguel Leitao de Andrada, estudante de leis, militar, cativo em Alcácer Quibir, assassino, aventureiro, escritor, rico proprietário e mais um punhado de coisas.   Nasceu em Pedrógao Grande em 1553, nono de unha família de 10 filhos, depois das primeiras letras rumou a Coimbra para estudar na Universidade.   A morte do pai quando tinha 15 anos colocou-o debaixo da alçada do irmao Frei Joao de Andrada, da ordem de S. Bernardo, partindo com el para Salamanca para cursar Jurisprudência.   Regressa a Coimbra matriculando-se em Direito Canónico, mas abandona o curso para seguir D. Sebastiao no desastre de Alcácer Quibir.   Bastante ferido, é preso, mas consegue fugir, chegando a Portugal em 1580.   Alinha na causa de D. António Prior do Crato, que é derrotado na batalha de Alcântara, pelo que se passou á causa espanhola.   Casa-se com D. Inez de Atouguia, mas a mulher morre repentinamente, e ele é considerado suspeito do seu assassinato, e preso.   Moveu montanhas e lá conseguiu influências para non ser xulgado, conseguindo ser posto em liberdade.   Volta a casar-se com a sua prima Beatriz de Andrada, filha de Nicolau Altero de Andrada, o homem que loteara e construíra a Vila Nova de Andrada, o primeiro nome do lisboeta Bairro Alto.   Ficando rico e proprietário de um dos melhores pedaços de Lisboa.   Casou ainda unha terceira vez.   Escreveu o livro Miscelânea, de seu nome completo “Miscelânea do Sitio de Nossa Senhora da Luz em Pedrógao Grande, Aparecimento da sua imágem, Fundaçao do seu Convento da Sé de Lisboa. Expugnaçao dela. Pedra D’el Rei D. Sebastiao. E que seja Nobreza, Senhor, Senhoria Vassalo d’el rei, Rocohomem, infançao, Côrte, Cortesia, Mesura, Reverência e tirar o chapéu e prodígios. Com muitas curiosidades e prodígios diversos”.   Aprimeira ediçao desta obra foi em 1629, pelo livreiro Matheus Pinheiro, em Lisboa.   A segunda e a terceira ediçoes foram impresas por iniciativa da Imprensa Nacional e da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, respectivamente em 1867 e 1993.   Morreu na sua casa da Calçada de Sant’Ana, em Lisboa, em 1630 e no seu testamento deixou um bom pecúnio em dinheiro á Santa Casa da Misericórdia de Pedrógao Grande… mas apenas na condiçao da sua alma entrar no céu!   Nao sabemos quem terá passado a certidao comprovativa ou testemunhado sobre o sucedido”

ANTÓNIO MENDES NUNES

O CíRCULO SEM ALTERNÂNCIA É UNHA PORTA ABERTA Á DESIGUALDADE

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                    Qualquer sistema de representacion simbólica do mundo é unha unidade dotada de sentido na qual influie o mais mínimo câmbio.   Com o advenimento da sociedade feudal, seguida da Ilustracion com o seu anhelo de progresso, acompanhados pela debida dose de represion, surxiron inevitávelmente modos de organizacion social e ideoloxias novas com as que a mentalidade primitiva dos povos vascos non soubo competir.   Como a continuacion veremos, nasceron puntual e localmente situacions de compromiso e de cohabitacion, mostras do processo de dexeneracion da esência comunalista.   Falaremos primeiramente de certas relacions sociais circulares nas que a falta de alternância levou á desigualdade entre os participantes nela, considerando o caso da rexion do Aubrac, no Macizo Central (França).   Esta zona montanhosa de mais de cinquenta mil hectáreas, basaltica e rodeada de ântigos vulcans, é um bosque de titularidade estatal e de propriedade comunal.   Tamém tem pastos de montanha, a novecentos metros de altitude média, utilizados por rebanhos bovinos.   No Aubrac, o sistema de trashumância e de exploracion da cabana de montanha atribuie (organizada de maneira circular) quatro funcions diferentes ós seus pastores.   O responsável das vacas e do equipo de pastores, encargado de ordenhar e de fabricar o queixo.   O pastor, que ordenha e toma parte na primeira fase da fabricacion do queixo.   O responsável dos terneiros, que ademais frega os utensilios do ordenho assim como os da cozinha.   E por fim, o “niño” ou “niña”, que é nada mais nem menos que unha “criada para tudo”.   Valendonos de um símil  xeométrico, diremos que a organizacion circular sem alternância volta-se simplesmente horizontal e o horizontal tende a tornar-se vertical.   Se a comparamos com a plenitude do “círculo das montanhas” que se dá em Santa Grazi, a circularidade de Aubrac perdeu toda a sua esência igualitária e solidária.   Ainda que non dispomos de informacion suficiente para referir-nos a um possíbel processo de decadência da dita organizacion, sabemos que a propriedade comunal, do Aubrac  conheceu agressions históricas.   Unha delas tivo lugar por volta do 1870: ” os proprietários do Macizo Central que se reservavan a exclusividade dos comunais venden quando do éxodo rural que fixo que todos os obreiros agrícolas se foran, é dicer, no momento em que estavan seguros de poder repartir-se as terras entre eles.   É que paradoxalmente, a propriedade comunal non é garantia de comunalismo nem de igualdade.   Se chega a escindir-se a comunidade que o sustenta, nasce unha sociedade constituida por classes de intereses antagónicos.   Mas parece que o principio da ruina da circularidade comunalista pode alcanzar um grau superior.   Se de unha organizacion circular sem alternância pode derivar unha horizontal e non igualitária, assimesmo pode ver a luz unha organizacion completamente pirâmidal.   Ese é o caso dos pastores de Huesca.   Existen innumeráveis vestixios para poder assegurar que as formas de vida, costumes, crenças, ritos, mitos, etc…  dos habitantes do Pirineo parten dunha raiz comum.   Como noutros lugares da Montanha pirenaica, os pastores da província de Huesca fabrican machados de pedra para protexer os rebanhos  do raio, realizan os ritos específicos do solestício de vrán contra as doenças que puideran afectar os seus animais, colocan ramas bendecidas nas portas, etc.   A importância da casa, a assâ mbleia como lugar de decision e eleiccion dos seus organismos administractivos, a organizacion dos vales, etc… son comparáveis aos que existem na Montanha Vasca.   Apesar do enorme peso do cristianismo, mantenhem-se infinidade de crenças, ritos e festas paganas, ó igual que nos povos vascos.   É á raiz da privatizacion das terras comunais, polas desamortizacions do Estado espanhol no século deçoito, quando os habitantes dos vales altos de Huesca ficaron sem terrenos de pastos para os seus rebanhos.   Encontrando-se obrigados a converter-se em pastores a soldo dos donos dos grandes rebanhos que se formaron  trás as usurpacions dos referidos comunais.   Em Pastores do Pirineo, Severino Pallaruelo acerca-nos á organizacion do pastoreo trashumante do alto Huesca.   Observamos unha division por tarefas parecida á do cayolar em Santa Grazi:  existe o pastor xefe chamado “mayoral”, o segundo xefe ou vice-mayoral, tamém chamado “rapatan” em alghuns lugares, e o “chulo” ou “zagal” que alimentava os cans, cuidava o gando enfermo e preparava a comida dos pastores.   Nembargantes, á grande diferença entre Santa Grazi onde primava a igualdade, entre os pastores oscenses resalta-se a xerarquia.   Primeiramente as diferenças salariais, que reflexavan os diferentes escalafons da pirâmide.   Mas estava sobre tudo a figura do mayoral, xefe supremo do rebanho assim como dos pastores.   Entre os pastores do alto Huesca, a autoridade do mayoral ritualizava-se em cada momento.   Tanto é assim que nas comidas, ningum pastor começava a comer do caldeiro até que o fixera o mayoral.   Ninguem debia beber se o pastor xefe non bebia.   Á vez, que ninguem comia mentras el bebia.   Infrinxir éstas prohibicions acarreava duras sancions.   “Se algum pastor come mentras o mayoral bebe, este golpealhe a culher, tirando-lhe a comida (Vale de Ansó)”.   “Se um pastor desobedecia ó mayoral era castigado e debia dar voltas correndo em torno do fogo (Gistain)”.   Observamos que o processo de destruccion dos modos de vida basados na comunidade e no indiviso, provistos de unha ideoloxia igualitária e por conseguinte alheios ó proveito pessoal, é progressivo.   A “ideoloxia do circulo” desaparece quando se vé colonizada pela ideoloxia da pirâmide, o deber de correspondência para com a comunidade é um freio á expansion e ascension privada.   Mas observamos que em um processo de desintegracion o círculo logra manter-se parcialmente, como nos montes de Aubrac ou em Huesca.   Podemos deducir com isto que para a sua sobrevivência, “a ideoloxia do círculo” necesitava de toda a sua forza no âmbito das crenças, assim como da organizacion social e política.   Unha vez debilitadas éstas, caíu a peculiaridade económica  de rechazo a qualquer tipo de propriedade.   Despois como unha sorte de efeito “dominó”, a sociedade do “círculo” da Montanha Vasca derrubou-se irremediávelmente.   Ficava a pirâmide com o seu séquito formado pela desigualdade, a propriedade privada, a centralizacion do poder, a exploracion humana e medioâmbiental, etc…

SALES SANTOS VERA

ITZIAR MADINA ELGUEZABAL

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O ESPIGUEIRO

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                    Canastro!!   Templo da Eira!   Dios do culto solar!   Perfeuta Sebastian, os brazos levantados á cálida luz do crepúsculo, falando fermosas verbas de agradecimento para um sol dourado.   Do fundo da arca da memória, afloran enton estórias passadas de fai xá muitos anos.   A minha nái Herundina, e a minha tia Olinda, unha galega e a outra lisboana, levadas pelas frescas loucuras da xuventude, roubavan gran do pecúnio famíliar que vendian em Pont’areas, com a honesta intencion de satisfacer os seus pequenos luxos particulares.   Maria do Pazo, que era unha mulher de armas tomar, ao dar-se conta que o seu património mermava, deu parte á Guardia Civil para que lhe axudara a colher os ladrons.   Minha nái e minha tia, alarmadas, pois que aqueles eran tempos duros e perigosos para a pequena ladroaxem.   Decidiron por isso usar a “táctica da avestruz”, que consistia em enterrar a cabeza e deixar passar o tempo, até que a cousa se desvanecera.   Afortunadamente para âmbas as infráctoras, as autoridades désta vez estiveron á altura das circunstâncias, e souberon sacar unha xusta e acomodaticia sentência

         !!Senhora, si robaron és porque tenian hambre!!

A IRMANDADE CIRCULAR

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