TEREZA BATISTA CANSADA DE GUERRA (PUBLICADO EM 1972)

“Já que pergunta com tanta delicadeza, eu lhe digo, seu moço: Desgraça só carece começar. Começou, nao há quem segure, se alastra, se desenvolve, produto barato, de vasto consumo. Alegria, ao contrário, meu liga, é planta sestrosa, de amanho difícil, de sombra pequena, de pouco durar, nao se dando bem nem ao sol, nem á chuva, nem ao vento geral, exigindo trata diária e terreno adubado, nem seco nem úmido, cultivo caro, para gente rica, montada em dinheiro. Alegria se conserva em champanha; cachaça só consola desgraça, quando consola. Desgraça é pé de pau resistente, muda enfiada no chao nao demanda cuidado, cresce sozinha, frondosa, em todo caminho se encontra. Em terreiro de pobre, compadre, dá de abastança, nao se vé outra planta. Se o cujo nao tem a pele curtida e o limbo calejado, calos por fora e por dentro, nao adianta se pegar com os encantados, nao há ebó que dé jeito. Lhe digo mais unha coisa, meu chapa, e nao é para me gabar nem para louvar a força dos pés-rapados mas por ser a pura verdade: só mesmo o povo pobre possui raça e peito para arcar com tanta desgraça e seguir vivendo. Tendo dito e nao sendo contestado, agora pergunto eu; que lhe interesa, seu mano, saber das mal-aventuras de Tereza Batista? Por acaso pode remediar acontecidos passados?
Tereza carregou fardo penoso, poucos machos aguentarian com o peso; ela aguentou e foi em frente, ninguém a viu se queixando, pedindo piedade; se houve quem-rara-vez-a ajudasse, assim agiu por dever de amizade, jamais por frouxidao da moça atrevida; onde estivesse afugentava a tristeza. Da desgraça fez, pouco caso, meu irmao, para Tereza só a alegria tinha valor. Quer saber se Tereza era de ferro, de aço blindado o coraçao? Pela cor formosa da pele, era de cobre, nao de ferro; o coraçao de manteiga, melhor dizendo de mel; o doutor dono da usina – e quem melhor a conheceu? – dois nomes lhe oferecera, por nenhum outro a solicitando; Tereza Mel de Engenho e Tereza Favo-de-mel. Foi toda a herança que lhe deixou.

Retrato de Jorge Amado
Na vida de tereza a desgraça floresceu cedo, seu mano, e eu queria saber quantos valentes resistiriam ao que ela passou e sobreviveu em casa do capitao. Que capitao? Pois o capitao Justo ou seja o finado Justiniano Duarte da Rosa. Capitao de que arma? As armas dele eram a taca de couro cru, o pubhal, a pistola alema, a chicana, a ruindade; patente de rico, dono da terra; nao tao rico nem de tanta terra que desse para dragonas de coronel, embora bastante para nao permanecer reles paisano, para por divisas no nome. Terras de coronel- léguas e léguas de campo, de verde canavial – possuia Emiliano, o mais velho dos Guedes, o dono da usina; no entanto, doutor formado, com o anel e canudo, se bem nao exercesse, nao queria outro título. Sao os tempos modernos, cunhado, mas nao se apoquente, mudam os títulos – coronel é doutor, capataz é gerente, fazenda é empresa-, o resto nao muda, riqueza é riqueza, pobreza é pobreza com fortuna de desgraça.
Posso lhe afiançar, irmaozinho: para começo de vida a de Tereza Batista foi começo e tanto; as penas que em menina penou bem poucos no inferno penaram; orfa de pai e mae, sozinha no mundo- sozinha entre deus e o diabo, dela nem mesmo deus teve lástima. Pois a danada da menina assim sozinha atravessou o pior mau pedaço, o mais ruim dos ruins, e saiu sa e salva do outro lado, um riso na boca. Um riso na boca, em verdade nao sei, digo de ouvir dizer. Se o prezado quiser devassar os particulares do caso, dos começos de Tereza Batista, embarque no trem do Leste Brasileiro para as bandas do sertao, por lá sucedeu, quem assistiu que lhe conte com todos os ípicilones.
Difícil para Teresa foi aprender a chorar, pois nasceu para rir e alegre viver. Nao quiseram deixar mas ela teimou, Teimosa que nem um jegue essa tal da Tereza Batista. Mal comparando, seu moço, pois de jegue nao tinha nada afora de teimosia; nem mulher-macho, nem paraíba, nem boca-suja – ai, boca mais limpa e perfumada!-, nem jararáca, nem desordeira, nem puxa-briga; se alguém assim lhe informou, ou quís lhe enganar ou nao conheceu Tereza Batista. Tirana só em tratos de amor; como já disse e reafirmo, nasceu para amar e no amor era estrita. Por que entao a chamaram de Teresa Boa de Briga? Pois, meu compadre, exatamente por ser boa de griga, igual a ela nao houve em valentia e altivéz, nem coraçao tao de mel. Tinha aversao a badernas, nunca promoveu arruaças mas, decerto pelo sucedido em menina, nao tolerava ver homem bater em mulher.
Tudo pode ser, nao afianço, nao contesto, nada me espanta, de nada duvido, nao tomo partido, nao sou daquí, vim de fora. Mas veja vossa senhoria, meu distinto, como o mundo é duvidoso – a Tereza que eu conheci e dela passo testemunhas, da alcunha Tereza da Lua Nova, era da cor e da natureza do mel, cantava modinhas, mais pacata e mansa, mais terna e dengosa. Tereza, flor que é rima de dor, flor para rimar com amor. foi assim que fechou o corpo; Tereza Corpo Fechado, fechado para bala, punhal e veneno de cobra.
jorge amado

Publicado en Uncategorized

.
PARERGA E PARALIPÓMENA
Ainda que foron útilizadas como sinónimos pelos ântigos, a Lóxica procura a verdade obxectiva. E a Dialéctica busca a arte de ter razón. “Debido á perversidade do ser humano, nas disputas quotidianas, non se procura em efeito que a verdade saia á luz, senon que cada contendente se afana em que se lhe de a razón.” Na arte da Dialéctica Eristica, ha trinta e oito estrataxemas, que nos permiten discutir, e discursar de tal modo que um sempre leva razón, é decir, que xusta ou inxustamente. Ou que se pode ter a razón objectiva no assunto mesmo, e non obstante carecer déla ós olhos dos demais. Estes estrataxemas servem tanto para desbarata-los quando son útilizados polos demais. Tendo sempre em conta, o que Borges afirmava, que quando Schopenhauer fala, há que arrequichar as orelhas, pois é um dos homes mais intelixentes que pariu madre. Toda disputa entre xente vulgar, mostra até que ponto é digamos innata a estrataxema: quando por exemplo, um fai ó outro recríminacions pessoais, e este non responde refutando-as, senon facendo á sua vez recríminacions ó primeiro, o que é tanto como admitilas, e os ouvintes, passan a saber quanto de malo tenhen âmbas partes. Este tipo de xente, tamén tem um profundo respeito polos “espertos” de todos os tipos, ignorando que quem fai profession de unha cousa, non ama a cousa, senon a sua ganância. Nin que quem ensina, raras veces conhece a fundo, pois o que o tem bem estudado, xeralmente lhe fica pouco tempo para ensinar. As “autoridades” que ninguém entende em absoluto, costuman ser as mais efícaces. Igual que todos os analfabetos, tenhem unha profunda veneracion respeito das fórmulas gregas e latinas. Que em caso de necessidade se podem, tergiversar, falsificar ou inclúso inventar. Citas espectacularmente sonantes, tal é o caso do cura francés, que para non pavimentar a parte da rua que lhe correspondia, como estavan obrigados todos os vecinhos, soltou unha improvisada sentença “Poveant illi, egó non pavebo.”, e isto convenceu totalmente o responsável municipal. Pode-se citar algums que sexan da nossa enteira responsabilidade, pois ninguém costuma ter o libro de probervios á man, nin saberan manexaĺo. Em suma, son muitos poucos os que podem pensar, mas todos querem ter opinions. ¿Que outra cousa podem facer, senon tomalas de outros? ¿De que vale enton a opinion de cem millons de pessoas? Se tudo se reduce no último termo á afirmacion de um só individuo. Non obstante na discusion, pode utilizar-se a opinion xeral como autoridade. Ante um tribunal, na realidade só se discute com autoridades, a autoridade da lei estabelecida. E a faculdade de xulgar só se ocupa de encontrar a lei, é decir a autoridade que se aplica ó caso concreto. Na Dialéctica porem temos marxem suficiente, para poder tergiversar a discordância entre o caso e a lei, até que se consiga presentálos como concordantes tamén ó reves. Quando um non sabe que responder ás razons expostas pelo contrincante, declare-se incompetente com fina ironia. “O que afirma sua excelencia, desborda a minha débil compreension; non logro alcançar entendelo e desde xá renuncio a qualquer xuicio” (com isto insinua-se ós ouvintes, que o dito é completamente absurdo). Así, quando apareceu a Crítica da Razón Pura, muitos dos ântigos professores da Escola Ecléctica, se declararon incompetentes pois non a logravan compreender, pensando que désta maneira liquidavan a question. Mas quando se lhes explicou detidamente, que tinhan razón, que efectivamente non havian compreendido patavina, enton, puxeron-se de muito mal humor. Última estrataxema, quando se advirte que o adversário é superior, e que non se conseguirá levar avante o caso, personaliçe-se, sea-se ofensivo, grosseiro (argumentum ad personam). Abandone-se por completo o objecto, e dirixa o seu ataque á persona. É muito usada no nosso mundo, tanto na política, como nas discusions de taberna. É um apelo das carencias do intelecto, ás faculdades do corpo, á animalidade. Se um mostra ó outro, que contudo mantem a tranquilidade, isto non fai mais que encona-lo ainda mais. Nada lhe importa mais ó home, que a satisfaccion da sua vanidade, e ningunha ferida lhe doi mais que quando se lhe golpe ésta. Unha grande sangue fría, tamén pode ser de boa axuda aquí, e contestar que isto simplesmente non vem ó caso. Disto segue-se, que de entre um cento, apenas há unha pessoa digna de que se discuta com ela. Deixe-se o resto decir o que queira, pois delirar é um dereito comun. Ambos contendentes, debem ser bastantes símilares em quanto erudiccion e intelixencia, terem o suficiente entendimento para non plantear absurdos. Como é possíbel que Schopenhauer e Hegel, partindo do mesmo pensador Kant, chegaram a teorias sobre a Dialéctica tan dispares, e ambos dotados de muito boas razons.
O intelecto, non é unha luz que arde sem aceite, senon que é alimentado pola vontade e pelas passions.
schopenhauer – A ARTE DE TER RAZON
Publicado en Uncategorized

.
UM SONHO
Bom dia. Senhor Carbalhal. Ésta noite sonhei consigo, mas non se alarme, porque foi um sonho erótico. Um inexplicábel presentimento das vacacions que se adivinhan. Andavamos os dous alegremente irmandados, passeando polas vielas da velha Lisboa. Usted caminhava com a sua inxénuidade habitual, portando na man um inútil maletin de executivo xudicial. Eu, estrafaláriamente vestido com unha chaqueta amarela, penteavame compulsivamente, com admirábel constância, em cada esquina que atopaba. Ainda com a agravante, que de forma preocupante mes esquecia do pente na cabeza. Traducido ó latin vulgar, isto significa que estou perdendo pelo, e que nós andavamos buscando chavalas cachondas. Vinha-lhe falando do tempo, que apesar de estarmos xá a meados de xulho, e nesta época facer bastante calor, sentia non obstante um lixeiro repunto. Éra eu, que na cama, estava destapado da parte derriba, polo qual notaba um frescor matinal. Déstas interconexions, entre o sonho e a realidade, está o mundo cheo. Disto se aproveitan os agudos adivinhos do futuro, pois todos saben que o sonho está feito de necessidades. Menos mal que, o Ministro de Turismo de Portugal, ainda non se acordou, que espalhando um monton de boas moças pelos pontos estratéxicos da cidade, o negócio global, se veria fortemente incrementado. Graças ás fantasias, que unha orda de bárbaros trotamundos, depositaria alegremente sobre estes obscuros obxectos do desexo. A luxúriante recompensa dos paraísos de Ala, xuntamente com o prazer das Uries, com que Alí Baba, o velho da montanha, gratificava todos os seus ladrons. Penso sinceramente, que as mulheres merecen um melhor destino. Se lhes nega, o disfrute da libertinaxem. Ó mesmo tempo, que se vé com boms olhos, o florescente negócio da xeral prostituicion humana.
E como afirmava o meu parente Ramiro do Pazo, “Há que deixar-se de putas e botar-se a foder.”
VEREA VELHA XULHO DO ANO 2010.
Publicado en Uncategorized
A SERPE D’OURO DA MAN DE CIRO ALEGRIA
“Ande, Selva e Rio, son cousas duras senhor. É novo aquí, e tem que andar com muito cuidado, um home ha de ser precavido e baqueano, por estes lugares há que ter tento. Ví chegar por acá xovens como o senhor, com muita ilusion na alma, mas que voltaron a Lima ó pouco tempo, com as nalgas chagadas e o corpo cozinhado pola erisípela e o vento da puna, feitos ums desástres ambulantes meu senhor. Outros morreron. Os que foron mais alá, os que se arriscaron, morreron senhor. Fai anos passaron por aquí tres cientificos. Um era peruano, Alejandro Lezcano, e os outros polacos. Ian armados com Winchesters, revólveres, planos, mapas, brúxulas, conservas e todo um cargamento de bagatelas. O seu propósito era explorar as selvas do rio Huayabamba, que nasce nestes lados e vai desembocar no Huallaga. O xoven Lescano, representava grandes esperanzas, pois estudara em Estados Unidos. Estava em Cajabamba onde tinha ido visitar a família. Mas a sorte eslabona-se como unha cadeia de ferro a qual non se pode romper: enton chegaron os gringos. Primeiro fixeron-se amigos e ficou resolvido que os acompanharia. Conseguiran unha concesion na conca do Huayabamba, unha das mais ricas, e virxens da pranta do civilizado. Fai anos, habia um caminho, mas ó cesar o tráfico, a selva tapou-o enteiramente. Era dos tempos em que se comerciava com Pajatén, Pachiza, Uchiza, e todos esses povoados, e tamén com os índios Hibitos e Cholones. Mas os indios, começaron a matar xente, e ainda despois de acabar com esses lugares todos, inclúso fixeron incursions nésta provincia, arrasando Cantumarca e Collaí, matando os homes e levando as mulheres, cousa fera, meu senhor. Ainda porriba unha crescida levou a ponte dum afluente do Huayabamba, de maneira que só resta ir a pé até poder passar o rio. Ums parentes meus vinham com um cargamento de chapéus e toda classe de herbas de montanha, quando se encontraron que a ponte non estava mais. Tiveron que esperar que baixara o rio, mas passavan os dias e os víveres acabaron-se, enton os indios cargueiros escaparon todos, e alí quedou o meu parente, no meio da selva, baixo unha chuvia que non tinha visos de parar, graças que os indios non o mataron. Unha alforxa de milho crú tivo por todo comer, porque a chúvia non lhe deixava acender lume, pois todos os lenhos chorreavan água. Colheu a machada e puxo-se a cortar unha árbore enorme que lhe permitira cruzar o rio, era tan grande, que non se lhe via a punta, começando a talha-la por um lado. Pasou dias enteiros, dando-lhe á machada e comendo milho. Por fim começou a xemer e abateu-se com grande estrondo, o qual se prolongou perto de unha hora, parecendo que toda a selva se vinha a baixo. Um pau derrumba a outro na maranha e assim se prolongan as caidas, deixando um surco de kilometros na espessura. A cousa non para a non ser que unha clareira ou outra árbore demasiado grande e enrraizada, ou um rio logran parar a debácle. Ás veces colhe caserios e chozas de selvaxens, que son esmagados, morrendo tamén feras e animais, até os mesmos macacos son apanhados. O meu parente seguiu como puido por ésta senda, procurando non perder a trocha, e escalou as pendentes, entre raices, pedregulhos e matas, até que logrou as alturas com a roupa feita farrapos, o calzado feito pedazos, e as mans todas esfoladas. Non puido andar mais, e por alí quedou caido. Ums repunteiros recolheron-no e levaron-no para a sua choza, mas a comida dava-lhe náuseas. Quando passados muitos dias, logrou curar-se, retornou onde deixara o cargamento, encontrou tudo feito um desastre, as feras tinhan rasgado os bultos todos, e tudo estava em pedaços. Voltando ó assunto dos científicos, tinhan tomado guias do lugar, que conhecian bem estes paraxes. Entraron así na selva confiados, e animosos, porque era o tempo que non chovia, mas na selva chove com maior ou menor intensidade catorce meses ó ano. Pronto se viron, entre o fango, e unha espessura que non deixava ver o sol, nin permitia orientar-se e nin sequera andar. Os guias valian mais que as brúxulas e ivan por diante, machete em man abrindo caminho. A chuvia caia a torrentes, e de nada valian as árbores mais frondosas contra ela. unha cousa é imaxinala, e outra sentila nas costas. Estar entre feras, insectos, repties, baixo unha chuvia pertináz que aumenta a tortura dos dias passados. Mas nada é tan terríbel como a vexetacion em sí. Sempre diante dos olhos, troncos velhos, ramas, vertidos nunha confusion tormentosa em um entreverado inextricábel, detendo, enrredando o home, facendo-o cair, aprisionando-o. Así as cousas, um dia, chegaron ó borde de um rio que seria xá probabelmente o Huayabamba, alí encontraron unha casucha das que levantan os indios para acampar, com sinais frescos de fogo. Os guias espantaron-se, pois que os hibitos debian andar por alí. Pese a tudo, internaron-se, e outro dia em busca de paus para facer unha embarcacion, e chegado o momento pararon a almorçar as suas conservas. Um guia dixo, que perto corria um riacho, e que este era o lugar do antigo povoado de Pajarén. Nada quedava xá do tal povoado. As árbores e as lianas, formavan um conglomerado sombrio. Os expedicionários ficaron contentes, pois non quedavan mais de vinticinco léguas, até desembocar no Huallaga, que farian fácilmente em balsa, nisto escuitaron um rumor de folhas pisadas na espessura, era um hibito que cazaba com zarabatana. Tinha a cara tinxida de achote e vestia de azul. Son indios bravos e quem non os conhece que os compre. Eles e os cholones andan a matar-se, e quando encontran algum branco desprevenido, matan-no tamén, e ainda que non estexa desprevenido, se é que tem algo para roubar. Son occiosos de mal xénio, e gostan de emborrachar-se sempre com essa porcaria do massaro. No meio da natureza primitiva e selvaxem, o home volta-se coma ela, insensibelmente, e chega o momento em que até a carronha é boa para poder prolongar a vida. Unha luta que non admite regateos nem evasivas. Os guias non quixeron permanecer mais na selva, estavan cansados de ser carne de morcegos. Abundan tantos e son tan voráces que chegan a atacar os homes, especialmente nas noites sem lua, quando ésta sai dormen em sitios onde chegue a luz, e nessa noite, os vampiros non acuden. Mas a sombra é sua aliada, e a sombra nunca falta na selva. Ó despertar dessas noites lóbregas, tinhan que contar duas ou tres feridas no pescozo e nos pés. Estes bechos ensangrentan até os páxaros do monte e as galinhas dos indios. Eles cren que deus é a árbore mais grande, e o rio mais grande, e tenhem os seus ritos e os seus bruxos. Se se fan cristianos é por interés. Habia missioneiros que os obséquiavan com objectos, para os poder adoutrinar, mas non obtinhan grandes resultados, pois tinhan que útilizar ainda porriba intérpretes. Todos os mistérios se lhe facian um embrolho, da virxindade de Maria, da Trindade, e menos podian aceitar o deixar-se matar para salvar os outros. Recebian coitelos, espelhos e contas de vidro, para deixar bautizar os seus filhos, e no dia seguinte voltavan para que lho bautizaran outra vez. Os guias temerosos abandonaron o grupo no meio daquel inferno verde, deixando-os com as suas Wínchesters, os revólveres, os mapas, planos, brúxulas, as conservas e demáis bagatelas todas. E non se soubo deles nunca máis. É a selva, meu senhor. ¿Quem o salva de unha víbora, ou de um golpe certeiro de zarabatana? ¿Quem da selva laberintica, da correntada voráz, ou do abismo que se abre diante dos pés? Suba ó cerro Campana, amigo, que de alí poderá ver tudo isto. É bom polo menos ver, despois explore tudo o que queira, mas ande com muito tento. Se pensa ir a Bambamarca, diga non mais chegar, que se encontra mal de saúde. Esses indios bombamarquinos son muito quisquilhosos, e qualquer cousa a interpretan como menosprecio. Agasalharan-no e lhe daran pousada na casa do alcaide ou do gabernador, porque isso sí son hospitalários. Sirvem-lhe unha grande lapa de papas, e outra grande de cushal, ou sexa sopa, outra de ocas. Tem que terminar tudo, porque se non, non lhe darán de comer máis. Non conciben unha pessoa com outra fame que a deles, e pensan que se deixa algo de comida é para desaforalos. Mas se está doente, enton as relacions non se cortan. Mire: eu aconselharia-lhe o rio, o rio Maranhon. ¿Porque non lava ouro? Esse é um emporio de riqueza, de metal, tirado… Xa son velho, que do contrário estaria alí lavando, mas o clima e os mil bechos darian agora conta de mim. Com a picazon da selva dentro, partimos para as cumbres daquel cerro que dificilmente se distingue entre um retaceado esboço de nubes, com o fim de contemplar a rexion. ¿Aonde vá compadre? Al maranhon, a traer coca e plátanos. ¿Porque non falan os bombamarquinos? Asiés su ser. Taíta. Todos falan larga e entretidamente, mas non com os brancos. Apenas ven um rostro claro, ou unha indumentária diferente á sua, selan os lábios e nonos abrem, senon para contestar o necesário. A cima do cerro Campana, está pegada ó ceu. Deixamos a um lado o povoado de Bambamarca apinhado xunto a unha lagoa, com as casinhas de combas paredes de pedra e tectos filudos, e começamos a escalar unha senda difícil. A natureza muda tamén, os arbustos fan-se cada vez mais raros, as veigas mais escasas, e unha palha amarela se levanta a um lado e outro da vereda. Há gotas de água sobre as herbas, e fai frio xá, o vento arde nos lábios. Abaixo estan os barrancos, há vaquinhas entre as rocas ramoneando, e o chan resbala como xabon, caidas e resbalons e um deter-se para mirar recelosamente os abismos. O cerro começa a mostrar as suas laxes prependiculares, passo a passo, curva a curva, escalon a escalon. Non pense senon em passar trabalhos, quem queira que a puna lhe dé bems. Os homens movem-se como formigas, e a lagoa azul é somente pupila por onde mira a terra a vasta âmplitude da cordilheira. Unha densa névoa avanza progressivamente, envolvendo tudo, de manhan é así, despois xá aclarada mais tarde. De pronto ouve-se um canto triste e um balar de ovelhas, unha pastora e a sua manada, produce unha sensacion rara o feito de sentir vida alí naqueles contornos, e non ter dela mais que os sons. Unha raza sofrida e paciente, victima d’unha servidume, e da cordilheira abrupta e inmiserecorde. Cantos que son filhos da fame e do látigo, da rocha e da fera, da neve e da néboa, da solidon do mundo. As ojotas brandas son melhores que as botas duras, alí onde as rochas estenden grandes planos inclinados e picos que non ofertan firmeza. Na fragosa pendente, zumpan os ouvidos, e as mans estan tesas e xeladas, é difícil respirar ou talvés o ar non exista. “Más una nadita, y ya llegamos parriba.” A forte corrente ventosa da cordilheira, axíta e estende o poncho do guia, num intento de levalo polo aire. No meio dum escalofrio, que percorre os nervos do pescozo ós pés, um chorro de sangre brota da nariz “Sí és el soroche Taita… Masque coquita…” A folha finamente picada, é mascada presurosamente, com cal e tudo. Asomou o sol, esplendorosamente maxestuoso. Um enervamento calmo invade, e apenas sente os silencios humanos, no meio do grande silencio cósmico. Mirou ó occidente, e foi-se pondo de pé. Tomado por unha impresion sobrecolhedora. Alá, mal oculto polas nubes, há um mar negro, cuxo fim non se distingue. O Campana descende em estribacions abruptas, até perder-se nessa grande obscuridade ondulante, apretada e funda, silenciosa e basta, em cuxo seno se opacan os raios do sol. É um mar formado de noite. É a Selva. Sinte-se que aquela escuridade non acaba alí, que se prolonga até cubrir a face d’um mundo insuspeitado, de cuxos bordes o home xamais pode intuir o limite. A sua última célula vibra e o mais remoto rincon da sua alma treme, percibindo a paradoxa do deslumbramento negro. Quere articular a sua emocion e volta os olhos para o guia, mas este está mudo e impassibel, como as rochas. Ó norte, formando crestarias innumeráveis, nunha sucesion atropelada e maxestuosa. O Calhangate, e o brilhante nevado de Cajamarquilha, silenciosos e erguidos num sereno orgulho de colosos, dominan o encadeamento de cerros a cuxo final a vista non alcança. Entre as cordilheiras, entre os cerros de occidente, e estes de oriente, unha grande faixa branca no fundo, reptando como unha grande serpente de ouro, na sua atropelada marcha, o Maranhon, o rio grande como os Andes e como a Selva, desenvolvendo-se em âmplas curvas até perder-se detrás do Cajamarquilha, facendo afirmar, que non termina alí, senon que se prolongará, até que sexa a sua vontade o acabar-se. “Ande, Selva e Rio, son cosas duras, senhor.”
Publicado en Uncategorized
Outra mais, das nossas bastas e heterodoxas elucubracions, lançadas sobre o sagrado nome de Guilhade. Unha razoável dúvida, vem perturbar a gratificante serenidade dos nossos espíritos. Cabilando sobre as numerosas Guilhades, que abundan por esse mundo fora, e tendo em conta as reticencias prantexadas por Benito Monteiro, á anterior teoria de Villate. A qual, apesar de aparecer nos libros antigos como San Miguel de Villate, os gachos poderian estár rotundamente enganados! (Vou expor-vos, o triste caso da minha nái Erundina. Um funcionário do Rexistro Civil de Pontareas, que tinha um coeficiente de intelixencia superior ó normal, ¿Como se llama la niña? Dina! ¿Dina, No! ¿Será, Digna? E graças a este home brilhante a minha nái mudou gratuitamente de nome.) Voltando ó asunto que nos ocupa, e despois de visitar estes lugares, damos entrada a unha nova divagacion, aliçerçada sobre as palabras Aguilha, Ninho de Águia, Águia, Lugar alto e vistoso. Todas as Guilhades que conhecemos, confirman ésta razon. Todas elas son lugares elevados, inclúso fortemente escarpados, magníficos miradores sobre grandes vales, longos campos de cultivo entre soberbas montanhas. Por tudo isto, e muito mais, parece ser que as teorias se desvian para, Águia, Guilha, Aguilha e Guilhade.
LÉRIA CULTURAL.
Publicado en Uncategorized
CÉSAR MARCVS AVRELIVS
ANTONINVS AVGVSTVS

. Toda a crú, poderosa, e paradoxal forza da filosofia. A qual non podendo penetrar um império por baixo, o acaba facendo pola sua cabeza máxima. Marco Aurélio, que abraçou os postulados do estoicismo, e Epicteto um escravo, nado na cidade de Hieropolis em Frígia. Foi falecer como home libre em Nicópolis, depois de procurar vanamente, ensinar filosofia na Roma daqueles tempos, da qual foi expulso. Começou a leccionar unha audiencia de xovens seguidores, e dos seus escritos apenas se conservan um manual conhecido como Enchiridion, e outros discursos rescatados pelo seu discípulo Flávio Arriano. Xuntos, um imperador e um escravo, âmbos reflexionando sobre o home, as suas relacions com o mundo, as divindades, e a natureza das cousas. Unidos, no pensamento comun do auto-domínio e do desapego.
.
. “O que ignora que há um mundo ignora onde está: o que ignora para que nasceu, ignora que classe de ser é e o que é o mundo.”
“A Terra por si mesma non é mais que um ponto no espaço, e o lugar habitado é inperceptibel”.
“Ou o mundo está bem ordenado, ou só é um monton de materias desordenadas que forman non obstante um mundo. Mas ¿como pode ser que em ti exista ordem e que no universo reine o desordem, ainda quando os elementos estexan separados ums dos outros e espalhados vaian concorrer nos mesmos efeitos?”
“Tudo o que entra nos desígnios da natureza, e que tende a conservala em bom estado, é tamén bom para cada unha das suas partes; logo o correcto funcionamento do mundo depende tanto das múltiples variacions dos elementos como da modificacion dos seres que o constituien.”
“Aquí as reflexions que continuamente debes facerte: ¿Qual é a natureza do universo? ¿Qual é a minha natureza? ¿Que relacion há entre ésta e aquéla? ¿Que parte comforma o tudo, e qual tudo? E observa que ninguém pode impedir que a tua conducta e o tua lenguagem vaian de acordo com ésta natureza, da qual formas parte.”
“O que morre non cai fora deste mundo. Polo que permanece nel, e tem forzasamente que transformarse, mas non morre.”.
“O tempo é como um rio, cuxa rápida corrente arrasta tudo o que leva consigo.”
. “Nada te impedirá viver segundo os princípios da tua natureza, como tampouco acontecerá nada que non estexa dentro da ordem do universo.”
“Sé como um promontório contra o qual venhen a estrelar-se continuamente as ondas do mar, sempre inmóbil, e ó seu redor a fúria fai-se impotente.”
“Acostuma-te a escutar sem distraccion tudo o que o outro dí e a penetrar todo o possíbel no espírito do que fala.”
. “Todas as nossas opinions están suxeitas a modificacions; ¿Acaso há alguém que non varie?”
“A morte e a vida, a gloria e a obscuridade, a dor e o prazer, a riqueza e a indixência son cousas que por natureza non son honestas nem deshonestas, e participan delas sem distincion os xustos e os pecadores; logo resulta que non son nem verdadeiros bems nem verdadeiros males.”
“Que o que morre muito novo perde igual que outro que tenha vivido muitos anos. Ambos perden só o instante presente, pelo feito de que non podrian perder o que non tenhen.”
“Se a intelixenxia non é comun a todos, a razon pola qual somos criaturas racionais non é igualmente comun; em consequencia, unha mesma razon nos prescribe que há que facer ou evitar. Unha lei comun nos goberna.”
“O que non empeora a esencia do home non pode empeorar a sua condicion e polo tanto non poderá ferilo verdadeiramente nin dentro nin fora do seu ser.”
“A vida é curta de duracion e, ainda así, !em que misérias em que sociedade, em que corpo tan mesquinho tem lugar!”
“¿Non serás libre nunca, nem capaz de bastarte a ti mesmo, nem estarás exento de perturbacion?”.
“Nunha palabra: há que ser recto, mas non endereitado.”
“Viver felís é um segredo e é, na alma onde reside.É suficiente ser indiferente ás cousas , que por sí solas non som nem boas nem malas.”
“No princípio deu-se a traxédia que , ó representar os feitos da vida humana, recorda que son impostos pela natureza, e que aquilo que nos divirte no teatro, non debe parecernos insoportábel na grande escena da vida. Ela fai-nos ver como os accidentes, se producen em virtude dunha lei fatal da que non poden librar-se nem aqueles que gritan:” !Ah! !Citerón!”

ZENÓN DE CITIA (336-264 A C) DADO COMO FUNDADOR DA STOA POIKILÉ (A DOUTRINA DO PÓRTICO)
Publicado en Uncategorized