UM PAU DA COR DAS BRASAS
.
.
TERRAS DE SANTA CRUZ
PERO VAZ DE CAMINHA
.
.
.
.
.
A LITERATURA BRASILEIRA
A Literatura Brasileira, é unha prolongacion no espaço, no tempo e nos autores, da Galaico-Portuguesa. O mesmo tempo conserva unha raiz arcaica, primitiva, como se retornara á prehistória da alma Galaica, as xentes que povoaron o Brasil, souberon conservar as verbas antergas, e as tradicions do noroeste peninsular no seu cerne mais profundo.
Por isto, non teremos grandes dificuldades na sua leitura, que debe ser em Fala vernácula, xamais em traduccions, pois seria unha monstruosidade imperdoavel que aníquilaria toda a grácia que encerra esta escritura fecunda.
Xa fai bastantes anos, que vocacionalmente decidin internarme a escuras por esta selva frondosa, cheia de prodíxios, de beleza e de prazeres. Ponho a minha experiencia neste campo á disposicion dos novos ventureiros, que tenhan a capacidade de disfrutar destes tesouros escondidos, destes luxos e refinamentos que son o sal da vida, e que nos marcaran eternamente.
Recordo que comecei esta andadura, com um médico rural chamado Joao Guimaraes Rosa, e do seu libro de contos “Sagarana”, e despois o “Grande Sertao Veredas”, escrito em linguaxem rexionalista, rica em pronuncias e arcaismos, semelhantes a Galego antigo. Despois apareceu Aluísio de Acevedo (que foi Vice-Consul de Brasil em Vigo) e as suas obras portentosas “O Mulato” e “O Cortiço”. Com José de Alencar, José Lins do Rego (A Pedra Bonita), Euclydes da Cunha (Os Sertoes), Marcio de Souza (Galvez Imperador do Acre), Dias Gomes (O Bem-Amado), e o nosso Jorge Amado com Gabriela cravo e canela, e etc., etc…
Nomes que ficaran grabados nas nossas mentes para sempre, pelos mundos que abriron diante dos nossos olhos, e que encerran todas as coloridas chamas do pau Brasil.
Léria Cultural
.
(Para descubrir o brasil, nada melhor que através da sua literatura.)
oooooooooooooooooooooooooooooo
américa do sul (segredos de um continente)
Vamos aquí, desenterrar à superfície do Planeta Terra, mais um dos seus grandes segredos, escondidos e diseminádos por todas as partes. América do Sul, foi unha nova fractura de Panxeia, que derivou a occidente até colisionar com a Placa do Pacífico. Antes de se levantarem os Andes, os grandes rios desaguávam no mar Pacífico, mas com a colisón das placas, a água quedou bloqueáda e levou à formaçón de grandes selvas (das quais, aínda hoxe em día podemos disfrutar), acavando por revirar esses grandes rios para trás, cara ó Atlântico. Os dous continentes, América do Norte (que parece ser mais antiga, que a do Sul, e como mais adiante veremos, tende a rachar em duas partes polo meio), e América do Sul, que é mais nova que a outra, mas que tampouco pensa parar por aí. Parece ser que, non é seguro, mas têm a intençón de voltar a unirse com África, para matar saudades (e algo mais), e xuntas, entrarem triunfalmente por Eurásia adentro, façendo inútil qualquer tentatíva da Liga Norte para evitá-lo. América do Sul, e América do Norte, antes estavam separadas, e evolucionarón sobre elas diferêntes tipos de vida, tanto animais como prantas. Mas, gráças à conxunçón de dous fenómenos (as erupçóns vulcânicas em cadeia, e os depósitos de sedimentos), hoxe em día están practicamente unidas as duas, e os animais e prantas lograrón passar de unha a outra, celebrando a sagrada (Dionísiaca) orxía do mestizáxem (Pepe-Grilo).
léria cultural
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
MIGUEL CANÉ (A BAHÍA DE RIO DE XANEIRO)

¡Eternamente bello esse arco triunfal do chán americano! Parece que o mar tivéra sído atraído para aquela enseada por um canto irressistíbel e que, ao beixar o pé dessas montanhas cobertas por bosques, ao reflexar nas suas águas as árbores do trópico e os elegantes contornos dos cerros, cuxas cimas se desenham sobre um céu profundo e puro, linhas de unha delicadeza exquisita, o mesmo mar tería sorrído desarmado, perdendo o seu cenho adusto, para cair adormecído no seio da armonía que o rodeia. Xamais contemplámos sem emoçón este quadro, e non se concebe como os homes que vivem constantemente baixo este espectáculo, non tenham o seu espírito modelado para expressar em altas ideias, todas as cousas grandes do céu e da terra. (…) Sobre as costas que banha a bahía de Rio de Xaneiro, o sol cái aterrador em capas de fogo, o aire corre abrasado, os despoxos dunha vexetaçón luxuriosa fermentam sem repouso e a sábia da vida empobrece-se no organismo animal. Assim sendo, baixáde do barco, que se balancêia nas águas; na terra os cocoteiros e as palmeiras, as bananeiras e os dáctiles, toda essa flora característica dos trópicos, que fai entrar polos olhos a sensaçón de um mundo novo; talvés acreditáis encontrar na cidade unha atmósfera de flores e perfûmes, algo como o que se sente ao aproximar-se de Tucumán, por entre bosques de loureiros e laranxeiras, ou ao pisar o chán da bendecída ilha de Tahití… ¡Nunca vos afasteis do porto! ¡Saciáde as vossas miradas com esse quadro incomparábel e non baixeis para perder a ilusíon, na aglomeraçón confusa de casas raquíticas, ruas estreitas e súxas, cheiros nauseabundos e atmósfera de chumbo!… Rápido, cruzai o lago, trepade os cerros e para Petrópolis. Senón, para Tijuca. Petrópolis é mais grandiosa, e os quadros que se desenvolvem na magnífica ascensón, non tenhem igual em Suíça ou nos Pirineos. Mas. prefíro aquel ponto perdido no declíve de duas montanhas, que se recostam perezosamente unha nos brazos da outra, prefíro Tijuca com o seu selêncio delicioso, as suas brisas frescas, as suas cachoeiras cantando entre as árbores, e aqueles rápidos golpes de vista que de pronto surxem entre a soluçón dos cerros, nos quais passa rápidamente, como em diorama xigantesco, a bahía enteira com as suas ondas de um azul intenso, a cadeia caprichosa da ribeira esquerda, as ilhas verdes e elegantes, a cidade enteira, bellissíma desde a altura. Non chega aquí o ruído humano, e essa calma calada fai que o coraçón busque instintivamente algo que alí falta: um espírito simpático que goce á par nossa, a voz que acarície o ouvído com o seu timbre delicado, a cabeça querida, que busque no nosso peito um refúxio contra a melancolía íntima da solidón…
MIGUEL CANÉ (EN VIAJE, 1881 – 1882)
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
.
O MARANHAO- A CANA DO …..AZUCAR – E OS ESCRAVOS
.
O ROMANTISMO E A LITERATURA INDIANISTA.
.
.
. JOSE DE ALENCAR
.
..
O SERTAO
Nos meus tempos xuvenis, vi um filme brasileiro, que me fixo pensar largamente, tratabase dum labrador que viera escapando duma das secas periódicas, que costuman calcinar as terras do nordeste brasileiro.
Abandonara a terra para perderse na barafunda das cidades, ali onde o diabo anda á solta na rua, no rodopio infernal das máquinas
Todos os dias ó vir do trabalho, caminho da sua casa, se paraba diante da montra dunha carniceria, sonhando insimismado com aquela posta de carne,dunha beleza insúperabel, que mexia com toda a sua fibra.
Certo dia de retorno a casa, inesperadamente, reventou unha explendida revolta na rua, e como por milagre o cristal que vedaba aquelas fermosas viandas, estalou em mil pedaços, mesmo diante das garras do nosso amigo, que as cravou inmediatamente no naco, liscando como um foguete. ¡¡PORCA MISERIA!!
Mas o que me calou mais fundo, foi que este home faminto, non reservou a preciada presa só para sí, senon que fixo unha festa e convidou todos os vecinhos mais proximos, non pensou nel somente, senon que quixo compartir a sua alegria com todos os seus semelhantes.
Eira Comunal
.
.
.
EUCLYDES DA CUNHA
.
DIAS GOMES
.
O BEM AMADO
Sob o título Odorico, o Bem-Amado e os Mistérios do Amor e da Morte, peça teatral representada pela primeira ves em 1969, em Recife, pelo teatro de Amadores de Pernambuco. Mas foi na pequena pantalha, em forma de novela, que o texto de Dias Gomes ganhou popularidade nacional e internacional, súceso que abríu á Televisao Brasileira as portas dos mercados além-fronteiras.
Esta maravilha, da que tivemos a fortuna de disfrutar durante meses, á hora da ceia em Guilhade, nos transportava para a nossa propria realidade quotidiana, toda a barafunda política dum cacíque de províncias, que semelhava talmente o Alcalde de nosso Concelho. Este personaxem, tan real como a vida mesma, tivo a xenial ídeia de construir um soberbo cemíterio novo. Mas verdadeiramente as dificuldades xúrdiron á hora da desexada inauguracion, pois por putadas cabronas do destino, que non permitia que ninguem morrese.
Esta sequia de difuntos, porem non desanimou o nosso Odorico, que decídiu dar um xeito no assunto. Despois de ter cabiladolargamente, pensou contratar um “Cangaçeiro” conhecido como “Zeca Diabo”, e ó mesmo tempo foi semeando inquina,para ver se algunha situacion explosiva, lhe fornecia o desexado fiambre. Vários tiroteios e rixa pancadaria, incompreensibelmente non dexeneraron nunha matanza colectiva, mas víctimas o que se dí víctimas,nada.
Mas a Xustiza, ainda que cega e coxa vinha chegando, que non sempre súcede así, o nosso bem amado Odorico, xá consideralvelmente irritado com o “Xagunzo”, perante a sua inóperancia, acabou por recibir um tiro perdido que o fíniquitou defínitivamente, tendo graças á incompetencia xeral que ser el próprio a inaugurar a sua grande obra mestra.
O mais esperpêntico de toda esta história, foi, que o seu discurso funerário tivo que ser pronúnciado por unha oposicion política, que despois de haber padecido tantas canalhadas pela sua parte, por forzada solidariedade institucional o cognomizou como Odorico o Grande, o Bem-Amado. ¡¡ Cousas da Vida !!
Léria Cultural
.
.
JOSE LINS DO REGO
Este escritor de nome tan familiar para todos nós, que poidera ser habitante de qualquer unha destas aldeias que nos rodeian, é um dos meus grandes favoritos.
Tanto pelos âmbitos passados nos quais nos adentra, como pela profundidade dos materiais arcaicos que aporta para o estudo das povoacions ântigas que emigraron para o Nordeste do Brasil.
Atesoura na sua soberba escritura, arcanos cernes dum velho país.
Léria Cultural
(DOCUMENTACION REVISTA BREIXO XANEIRO 2011)
.
.
..
…
.
.
,
,
HISTÓRIAS DA VELHA TOTÓNIA
MENINO DE ENGENHO – DOIDINHO
O MOLEQUE RICARDO
CANGACEIROS
PEDRA BONITA
RIACHO DOCE
FOGO MORTO
ÁGUA-MAE
BANGUÊ
EURÍDICE
PUREZA
USINA
.
ODE Á BRAVURA
Falando Joao Guimaraes Rosa, dos homens cuxa forma de vida era a coraxem, xentes duras e acostumadas á guerra, capaces de enfrentar reximentos do exército, como nos velhos Sertoes de Euclídes da Cunha. Um dos Cangaceiros, correu com as mans abertas na direcion do canhon militar, e agarrandose a el escangalhouno polo chan adiante.
Outro dos episodios narrados no Grande Sertao Veredas, o prototipo do homen que non verga foi a do Xagunzo que caindo por um barranco abaixo, em noite de terrível bebedeira, non dobrou a cabeza, sendo encontrado morto meio metro enterrado na lama.
Tamen Bettancourt, filha de xefe Xagunzo, e mulher preparada para a guerra, morreu lutando na faca, vingando a morte do seu pai, em multitudinário combate corpo a corpo, que findou em carnificina total.
As lutas a Coitelo e Caetra, autentico ritual guerreiro da nossa terra, cuxa pervivencia se adivinha na Arxentina dos Gaúchos, golpeando sempre de baixo para arriba, a capa enrrolada na man, ainda que a Caetra tamen se convertia inesperadamente em temível arma ofensiva.
Vai esta, na memória de todos os brabos guerreiros Celtíbericos.
Léria Cultura.
..
JOAO GUIMARAES ROSA
.
.
.
..
.
..
..
SALVADOR DA BAIA-AS TERRAS DO CACAO-MANGUI-SECO DO AGRESTE.
..
.
JORGE AMADO.
..
TEREZA BATISTA CANSADA DE GUERRA (PUBLICADO EM 1972)
“Já que pergunta com tanta delicadeza, eu lhe digo, seu moço: Desgraça só carece começar. Começou, nao há quem segure, se alastra, se desenvolve, produto barato, de vasto consumo. Alegria, ao contrário, meu liga, é planta sestrosa, de amanho difícil, de sombra pequena, de pouco durar, nao se dando bem nem ao sol, nem á chuva, nem ao vento geral, exigindo trata diária e terreno adubado, nem seco nem úmido, cultivo caro, para gente rica, montada em dinheiro. Alegria se conserva em champanha; cachaça só consola desgraça, quando consola. Desgraça é pé de pau resistente, muda enfiada no chao nao demanda cuidado, cresce sozinha, frondosa, em todo caminho se encontra. Em terreiro de pobre, compadre, dá de abastança, nao se vé outra planta. Se o cujo nao tem a pele curtida e o limbo calejado, calos por fora e por dentro, nao adianta se pegar com os encantados, nao há ebó que dé jeito. Lhe digo mais unha coisa, meu chapa, e nao é para me gabar nem para louvar a força dos pés-rapados mas por ser a pura verdade: só mesmo o povo pobre possui raça e peito para arcar com tanta desgraça e seguir vivendo. Tendo dito e nao sendo contestado, agora pergunto eu; que lhe interesa, seu mano, saber das mal-aventuras de Tereza Batista? Por acaso pode remediar acontecidos passados?
Tereza carregou fardo penoso, poucos machos aguentarian com o peso; ela aguentou e foi em frente, ninguém a viu se queixando, pedindo piedade; se houve quem-rara-vez-a ajudasse, assim agiu por dever de amizade, jamais por frouxidao da moça atrevida; onde estivesse afugentava a tristeza. Da desgraça fez, pouco caso, meu irmao, para Tereza só a alegria tinha valor. Quer saber se Tereza era de ferro, de aço blindado o coraçao? Pela cor formosa da pele, era de cobre, nao de ferro; o coraçao de manteiga, melhor dizendo de mel; o doutor dono da usina – e quem melhor a conheceu? – dois nomes lhe oferecera, por nenhum outro a solicitando; Tereza Mel de Engenho e Tereza Favo-de-mel. Foi toda a herança que lhe deixou.
Retrato de Jorge Amado
Na vida de tereza a desgraça floresceu cedo, seu mano, e eu queria saber quantos valentes resistiriam ao que ela passou e sobreviveu em casa do capitao. Que capitao? Pois o capitao Justo ou seja o finado Justiniano Duarte da Rosa. Capitao de que arma? As armas dele eram a taca de couro cru, o pubhal, a pistola alema, a chicana, a ruindade; patente de rico, dono da terra; nao tao rico nem de tanta terra que desse para dragonas de coronel, embora bastante para nao permanecer reles paisano, para por divisas no nome. Terras de coronel- léguas e léguas de campo, de verde canavial – possuia Emiliano, o mais velho dos Guedes, o dono da usina; no entanto, doutor formado, com o anel e canudo, se bem nao exercesse, nao queria outro título. Sao os tempos modernos, cunhado, mas nao se apoquente, mudam os títulos – coronel é doutor, capataz é gerente, fazenda é empresa-, o resto nao muda, riqueza é riqueza, pobreza é pobreza com fortuna de desgraça.
Posso lhe afiançar, irmaozinho: para começo de vida a de Tereza Batista foi começo e tanto; as penas que em menina penou bem poucos no inferno penaram; orfa de pai e mae, sozinha no mundo- sozinha entre deus e o diabo, dela nem mesmo deus teve lástima. Pois a danada da menina assim sozinha atravessou o pior mau pedaço, o mais ruim dos ruins, e saiu sa e salva do outro lado, um riso na boca. Um riso na boca, em verdade nao sei, digo de ouvir dizer. Se o prezado quiser devassar os particulares do caso, dos começos de Tereza Batista, embarque no trem do Leste Brasileiro para as bandas do sertao, por lá sucedeu, quem assistiu que lhe conte com todos os ípicilones.
Difícil para Teresa foi aprender a chorar, pois nasceu para rir e alegre viver. Nao quiseram deixar mas ela teimou, Teimosa que nem um jegue essa tal da Tereza Batista. Mal comparando, seu moço, pois de jegue nao tinha nada afora de teimosia; nem mulher-macho, nem paraíba, nem boca-suja – ai, boca mais limpa e perfumada!-, nem jararáca, nem desordeira, nem puxa-briga; se alguém assim lhe informou, ou quís lhe enganar ou nao conheceu Tereza Batista. Tirana só em tratos de amor; como já disse e reafirmo, nasceu para amar e no amor era estrita. Por que entao a chamaram de Teresa Boa de Briga? Pois, meu compadre, exatamente por ser boa de griga, igual a ela nao houve em valentia e altivéz, nem coraçao tao de mel. Tinha aversao a badernas, nunca promoveu arruaças mas, decerto pelo sucedido em menina, nao tolerava ver homem bater em mulher.
Tudo pode ser, nao afianço, nao contesto, nada me espanta, de nada duvido, nao tomo partido, nao sou daquí, vim de fora. Mas veja vossa senhoria, meu distinto, como o mundo é duvidoso – a Tereza que eu conheci e dela passo testemunhas, da alcunha Tereza da Lua Nova, era da cor e da natureza do mel, cantava modinhas, mais pacata e mansa, mais terna e dengosa. Tereza, flor que é rima de dor, flor para rimar com amor. foi assim que fechou o corpo; Tereza Corpo Fechado, fechado para bala, punhal e veneno de cobra.
jorge amado
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
ALUÍSIO DE AZEVEDO
.
.
.
.
..
MACHADO DE ASSIS.
.
.
BERNARDO GUIMARAES
.
.
.
.
SAO PAULO-AS TERRAS ROXAS DO CAFÉ
.
.
A AMAZÓNIA-O INFERNO VERDE DA BORRAXA.
.
MÁRCIO DE SOUZA
LITERATURA (MÁRCIO DE SOUZA)

GALVEZ O IMPERADOR DO ÁCRE
Recordo ainda hoxe, quando despois de eu ter feito vários comentários impertinentes, que me pareceu terem despertado as ânsias assassinas do Xosé Manuel Carbalho Araúxo (pois estaba, qual Rabelo, completamente “gágá” pola mulher d’um compatrióta nosso, que viera para a publicaçón do primeiro libro de Chico Candeira). A verdade é que, eu non tinha a suficiênte confiança para confraternizar com o Zé Manél dessa maneira, mas curiosamente eu ainda que poucas vezes falára com el, considerava-o como um amigo comum. Na verdade, todos nós eramos uns mulhereiros de muito carbalho. Non obstânte, uns dissimulábamos algo mais que os outros, apesar de non termos grande experiência no trato com mulheres. Mas no caso do Zé Manél, non era assím. El sim que as conhecía bem, e a mim non deixaba de surprehender-me a sua vehemênte paixón por elas. Unha obsessiva paixón vehemente, que despregaba um alarde de seduçón, mas sobre tudo de Literatura. Um completo amor pela picaresca amorosa, o galanteio e a léria cultural. ¿Mas, com tudo isto, quería decir o quê? Que foi, durante unha déstas rabietas, que eu para desviar o sulfuramento do Zé Manél, comecei a perguntar-lhe sobre Literatura Brasileira, terreno sobre o qual se sentía como peixe na àgua. Depois de unhas ameaças vingativas, bem fundamentadas por certo, na obra de Joao Guimaraes Rosa titulada o Grande Sertao Veredas, o nosso amigo calmou e comezamos a buscar que había de interessante nésta selva. Foi, graças a eu ter estudado português, e em Portugal, que por primeira vez entrei num mundo “mesmamente espectacular”, fantástico e desconhecido, chamado Brasil. E, que, apareceu entre a espessura amazónica, Márcio de Souza e o seu Imperador do Ácre. Do qual disfrutei grandemente, e pelo mesmo motivo o promociono desinteressadamente e recomendo a todos os meus amigos, que disfrutem déstas cousas. Um abrazo fraternal, para todos os meus amigos e amigas daquéla Bohémia transcurrida em Lisboa: da Tertúlia, do British Bar, da Lontra, do Procópio, do Pavilhao Chinês, do Nicóla, do Ritz Club, do Hot Club, e do María Victória. E, até mesmo, me atrevo a cantar um “San Francisco” para Flor Bela Queiróz.
LÉRIA CULTURAL
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
Ferreira de Castro
A SELVA
A intromision no corazón da selva virgem amazónica, do motus vivendi do homen branco convencional, acompanhado de todas as suas manhas, e conseguintes industriacinhas merdentas, acabou fabricando unha nova demência, desta ves conhecida como o “inferno verde”
Os Terra-tenentes conservavan ainda no seu cerne, as velhas costumes da escravidon, e sabian bem como chupar o sangue dos aventureiros brancos e negros, que arrastados pela fama de prosperidade da region, eran recrutados para estas titânicas labouras, muitas veces súperiores ás suas forzas.
Com a axuda dos “Capitaes do Mato”, capangas comprados para manter estes rebanhos de xente atenazada pelo terror da violencia, guardas que os defendian da fúria assessina dos escravos, e que minavan qualquer possibilidade de escapar daquela ferós exploracion.
Toda esta civilizacion, que era capaz de inventar negócios tan tráxicos como o da “Borraxa”, que agora nos ocupa, eran Impérios brutais, erguidos sobre a morte e o sufrimento das pobres xentes, ondanadas de emigrantes obrigados pola miséria, abandonaban cegados pela cobiza as sua aldeias natais, para procurar unha fortuna carente de toda razón. Contrastavan estas monstruosidades, com a vida aparentemente harmoniosa dos mal chamados “Indios”, que segundo parece, vivian na mais obsoluta igualdade comunitária, e se negaban a trabalhar para esta xentuza, que evitavan e combatian como se de demónios se tratara. Escondidos na maranha do bosque, atacaban inesperadamente, e facian-nos o favor de cortarlhes a cabeza barbuda para dançar reverencialmente ó redor delas. Tamen os animais todos e a nái Natureza se uniron a esta luta, matando a esgalha, nestes ladrons dilapidadores de vida, e os seus trístes e desprecíveis negócios.
Léria Cultural
.
.
O ALTO MARANHON
A SERPE D’OURO DA MAN DE CIRO ALEGRIA
“Ande, Selva e Rio, son cousas duras senhor. É novo aquí, e tem que andar com muito cuidado, um home ha de ser precavido e baqueano, por estes lugares há que ter tento. Ví chegar por acá xovens como o senhor, com muita ilusion na alma, mas que voltaron a Lima ó pouco tempo, com as nalgas chagadas e o corpo cozinhado pola erisípela e o vento da puna, feitos ums desástres ambulantes meu senhor. Outros morreron. Os que foron mais alá, os que se arriscaron, morreron senhor. Fai anos passaron por aquí tres cientificos. Um era peruano, Alejandro Lezcano, e os outros polacos. Ian armados com Winchesters, revólveres, planos, mapas, brúxulas, conservas e todo um cargamento de bagatelas. O seu propósito era explorar as selvas do rio Huayabamba, que nasce nestes lados e vai desembocar no Huallaga. O xoven Lescano, representava grandes esperanzas, pois estudara em Estados Unidos. Estava em Cajabamba onde tinha ido visitar a família. Mas a sorte eslabona-se como unha cadeia de ferro a qual non se pode romper: enton chegaron os gringos. Primeiro fixeron-se amigos e ficou resolvido que os acompanharia. Conseguiran unha concesion na conca do Huayabamba, unha das mais ricas, e virxens da pranta do civilizado. Fai anos, habia um caminho, mas ó cesar o tráfico, a selva tapou-o enteiramente. Era dos tempos em que se comerciava com Pajatén, Pachiza, Uchiza, e todos esses povoados, e tamén com os índios Hibitos e Cholones. Mas os indios, começaron a matar xente, e ainda despois de acabar com esses lugares todos, inclúso fixeron incursions nésta provincia, arrasando Cantumarca e Collaí, matando os homes e levando as mulheres, cousa fera, meu senhor. Ainda porriba unha crescida levou a ponte dum afluente do Huayabamba, de maneira que só resta ir a pé até poder passar o rio. Ums parentes meus vinham com um cargamento de chapéus e toda classe de herbas de montanha, quando se encontraron que a ponte non estava mais. Tiveron que esperar que baixara o rio, mas passavan os dias e os víveres acabaron-se, enton os indios cargueiros escaparon todos, e alí quedou o meu parente, no meio da selva, baixo unha chuvia que non tinha visos de parar, graças que os indios non o mataron. Unha alforxa de milho crú tivo por todo comer, porque a chúvia non lhe deixava acender lume, pois todos os lenhos chorreavan água. Colheu a machada e puxo-se a cortar unha árbore enorme que lhe permitira cruzar o rio, era tan grande, que non se lhe via a punta, começando a talha-la por um lado. Pasou dias enteiros, dando-lhe á machada e comendo milho. Por fim começou a xemer e abateu-se com grande estrondo, o qual se prolongou perto de unha hora, parecendo que toda a selva se vinha a baixo. Um pau derrumba a outro na maranha e assim se prolongan as caidas, deixando um surco de kilometros na espessura. A cousa non para a non ser que unha clareira ou outra árbore demasiado grande e enrraizada, ou um rio logran parar a debácle. Ás veces colhe caserios e chozas de selvaxens, que son esmagados, morrendo tamén feras e animais, até os mesmos macacos son apanhados. O meu parente seguiu como puido por ésta senda, procurando non perder a trocha, e escalou as pendentes, entre raices, pedregulhos e matas, até que logrou as alturas com a roupa feita farrapos, o calzado feito pedazos, e as mans todas esfoladas. Non puido andar mais, e por alí quedou caido. Ums repunteiros recolheron-no e levaron-no para a sua choza, mas a comida dava-lhe náuseas. Quando passados muitos dias, logrou curar-se, retornou onde deixara o cargamento, encontrou tudo feito um desastre, as feras tinhan rasgado os bultos todos, e tudo estava em pedaços. Voltando ó assunto dos científicos, tinhan tomado guias do lugar, que conhecian bem estes paraxes. Entraron así na selva confiados, e animosos, porque era o tempo que non chovia, mas na selva chove com maior ou menor intensidade catorce meses ó ano. Pronto se viron, entre o fango, e unha espessura que non deixava ver o sol, nin permitia orientar-se e nin sequera andar. Os guias valian mais que as brúxulas e ivan por diante, machete em man abrindo caminho. A chuvia caia a torrentes, e de nada valian as árbores mais frondosas contra ela. unha cousa é imaxinala, e outra sentila nas costas. Estar entre feras, insectos, repties, baixo unha chuvia pertináz que aumenta a tortura dos dias passados. Mas nada é tan terríbel como a vexetacion em sí. Sempre diante dos olhos, troncos velhos, ramas, vertidos nunha confusion tormentosa em um entreverado inextricábel, detendo, enrredando o home, facendo-o cair, aprisionando-o. Así as cousas, um dia, chegaron ó borde de um rio que seria xá probabelmente o Huayabamba, alí encontraron unha casucha das que levantan os indios para acampar, com sinais frescos de fogo. Os guias espantaron-se, pois que os hibitos debian andar por alí. Pese a tudo, internaron-se, e outro dia em busca de paus para facer unha embarcacion, e chegado o momento pararon a almorçar as suas conservas. Um guia dixo, que perto corria um riacho, e que este era o lugar do antigo povoado de Pajarén. Nada quedava xá do tal povoado. As árbores e as lianas, formavan um conglomerado sombrio. Os expedicionários ficaron contentes, pois non quedavan mais de vinticinco léguas, até desembocar no Huallaga, que farian fácilmente em balsa, nisto escuitaron um rumor de folhas pisadas na espessura, era um hibito que cazaba com zarabatana. Tinha a cara tinxida de achote e vestia de azul. Son indios bravos e quem non os conhece que os compre. Eles e os cholones andan a matar-se, e quando encontran algum branco desprevenido, matan-no tamén, e ainda que non estexa desprevenido, se é que tem algo para roubar. Son occiosos de mal xénio, e gostan de emborrachar-se sempre com essa porcaria do massaro. No meio da natureza primitiva e selvaxem, o home volta-se coma ela, insensibelmente, e chega o momento em que até a carronha é boa para poder prolongar a vida. Unha luta que non admite regateos nem evasivas. Os guias non quixeron permanecer mais na selva, estavan cansados de ser carne de morcegos. Abundan tantos e son tan voráces que chegan a atacar os homes, especialmente nas noites sem lua, quando ésta sai dormen em sitios onde chegue a luz, e nessa noite, os vampiros non acuden. Mas a sombra é sua aliada, e a sombra nunca falta na selva. Ó despertar dessas noites lóbregas, tinhan que contar duas ou tres feridas no pescozo e nos pés. Estes bechos ensangrentan até os páxaros do monte e as galinhas dos indios. Eles cren que deus é a árbore mais grande, e o rio mais grande, e tenhem os seus ritos e os seus bruxos. Se se fan cristianos é por interés. Habia missioneiros que os obséquiavan com objectos, para os poder adoutrinar, mas non obtinhan grandes resultados, pois tinhan que útilizar ainda porriba intérpretes. Todos os mistérios se lhe facian um embrolho, da virxindade de Maria, da Trindade, e menos podian aceitar o deixar-se matar para salvar os outros. Recebian coitelos, espelhos e contas de vidro, para deixar bautizar os seus filhos, e no dia seguinte voltavan para que lho bautizaran outra vez. Os guias temerosos abandonaron o grupo no meio daquel inferno verde, deixando-os com as suas Wínchesters, os revólveres, os mapas, planos, brúxulas, as conservas e demáis bagatelas todas. E non se soubo deles nunca máis. É a selva, meu senhor. ¿Quem o salva de unha víbora, ou de um golpe certeiro de zarabatana? ¿Quem da selva laberintica, da correntada voráz, ou do abismo que se abre diante dos pés? Suba ó cerro Campana, amigo, que de alí poderá ver tudo isto. É bom polo menos ver, despois explore tudo o que queira, mas ande com muito tento. Se pensa ir a Bambamarca, diga non mais chegar, que se encontra mal de saúde. Esses indios bombamarquinos son muito quisquilhosos, e qualquer cousa a interpretan como menosprecio. Agasalharan-no e lhe daran pousada na casa do alcaide ou do gabernador, porque isso sí son hospitalários. Sirvem-lhe unha grande lapa de papas, e outra grande de cushal, ou sexa sopa, outra de ocas. Tem que terminar tudo, porque se non, non lhe darán de comer máis. Non conciben unha pessoa com outra fame que a deles, e pensan que se deixa algo de comida é para desaforalos. Mas se está doente, enton as relacions non se cortan. Mire: eu aconselharia-lhe o rio, o rio Maranhon. ¿Porque non lava ouro? Esse é um emporio de riqueza, de metal, tirado… Xa son velho, que do contrário estaria alí lavando, mas o clima e os mil bechos darian agora conta de mim. Com a picazon da selva dentro, partimos para as cumbres daquel cerro que dificilmente se distingue entre um retaceado esboço de nubes, com o fim de contemplar a rexion. ¿Aonde vá compadre? Al maranhon, a traer coca e plátanos. ¿Porque non falan os bombamarquinos? Asiés su ser. Taíta. Todos falan larga e entretidamente, mas non com os brancos. Apenas ven um rostro claro, ou unha indumentária diferente á sua, selan os lábios e nonos abrem, senon para contestar o necesário. A cima do cerro Campana, está pegada ó ceu. Deixamos a um lado o povoado de Bambamarca apinhado xunto a unha lagoa, com as casinhas de combas paredes de pedra e tectos filudos, e começamos a escalar unha senda difícil. A natureza muda tamén, os arbustos fan-se cada vez mais raros, as veigas mais escasas, e unha palha amarela se levanta a um lado e outro da vereda. Há gotas de água sobre as herbas, e fai frio xá, o vento arde nos lábios. Abaixo estan os barrancos, há vaquinhas entre as rocas ramoneando, e o chan resbala como xabon, caidas e resbalons e um deter-se para mirar recelosamente os abismos. O cerro começa a mostrar as suas laxes prependiculares, passo a passo, curva a curva, escalon a escalon. Non pense senon em passar trabalhos, quem queira que a puna lhe dé bems. Os homens movem-se como formigas, e a lagoa azul é somente pupila por onde mira a terra a vasta âmplitude da cordilheira. Unha densa névoa avanza progressivamente, envolvendo tudo, de manhan é así, despois xá aclarada mais tarde. De pronto ouve-se um canto triste e um balar de ovelhas, unha pastora e a sua manada, produce unha sensacion rara o feito de sentir vida alí naqueles contornos, e non ter dela mais que os sons. Unha raza sofrida e paciente, victima d’unha servidume, e da cordilheira abrupta e inmiserecorde. Cantos que son filhos da fame e do látigo, da rocha e da fera, da neve e da néboa, da solidon do mundo. As ojotas brandas son melhores que as botas duras, alí onde as rochas estenden grandes planos inclinados e picos que non ofertan firmeza. Na fragosa pendente, zumpan os ouvidos, e as mans estan tesas e xeladas, é difícil respirar ou talvés o ar non exista. “Más una nadita, y ya llegamos parriba.” A forte corrente ventosa da cordilheira, axíta e estende o poncho do guia, num intento de levalo polo aire. No meio dum escalofrio, que percorre os nervos do pescozo ós pés, um chorro de sangre brota da nariz “Sí és el soroche Taita… Masque coquita…” A folha finamente picada, é mascada presurosamente, com cal e tudo. Asomou o sol, esplendorosamente maxestuoso. Um enervamento calmo invade, e apenas sente os silencios humanos, no meio do grande silencio cósmico. Mirou ó occidente, e foi-se pondo de pé. Tomado por unha impresion sobrecolhedora. Alá, mal oculto polas nubes, há um mar negro, cuxo fim non se distingue. O Campana descende em estribacions abruptas, até perder-se nessa grande obscuridade ondulante, apretada e funda, silenciosa e basta, em cuxo seno se opacan os raios do sol. É um mar formado de noite. É a Selva. Sinte-se que aquela escuridade non acaba alí, que se prolonga até cubrir a face d’um mundo insuspeitado, de cuxos bordes o home xamais pode intuir o limite. A sua última célula vibra e o mais remoto rincon da sua alma treme, percibindo a paradoxa do deslumbramento negro. Quere articular a sua emocion e volta os olhos para o guia, mas este está mudo e impassibel, como as rochas. Ó norte, formando crestarias innumeráveis, nunha sucesion atropelada e maxestuosa. O Calhangate, e o brilhante nevado de Cajamarquilha, silenciosos e erguidos num sereno orgulho de colosos, dominan o encadeamento de cerros a cuxo final a vista non alcança. Entre as cordilheiras, entre os cerros de occidente, e estes de oriente, unha grande faixa branca no fundo, reptando como unha grande serpente de ouro, na sua atropelada marcha, o Maranhon, o rio grande como os Andes e como a Selva, desenvolvendo-se em âmplas curvas até perder-se detrás do Cajamarquilha, facendo afirmar, que non termina alí, senon que se prolongará, até que sexa a sua vontade o acabar-se. “Ande, Selva e Rio, son cosas duras, senhor.”
CACHAÇA É AGUA QUE PASSARINHO NON BEBE.
.
.
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
GRACILIANO RAMOS (VIAGEM)

Em abril de 1952 embrenhei-me numa aventura singular: fui a Moscovo e a outros lugares medonhos situados além da cortina de ferro exposta com vigor pola civilizaçón cristán e ocidental. Nunca imaxinei que tal cousa pudesse acontecer a um home sedentário, resignado ao autocarro e ao bonde quando o movimento era indispensábel. Absurda semelhante viagem – e quando me trataram dela, quásí me zanguei. Faltavam-me recursos para realizá-la; a experiência me afirmaba que non me deixariam sair do Brasil; e, para falar com franqueza, non me sentia disposto a mexer-me, abandonar a toca onde vivo. Recusei, pois, o convite, divagaçón insensata, xulguei. Tudo aquilo era impossíbel. Mas unha série de acasos transformou a impossibilidade em dificuldade; esta se aplainou sem que eu tivesse feito o mínimo esforço, e achei-me em condiçóns de percorrer terras estranhas, as malas arrumadas, os papéis em ordem, com todos os selos e carimbos. Depois de andar por cima de vários Estados do meu país, tinha-me resolvido a non entrar em avións: a morte horríbel de um amigo levara-me a odiar êsses aparelhos assassinos. Meses atrás, para ir a um congresso em Pôrto-Alegre, rolara nove dias em automóbel. Tenho horror às casas desconhecidas. E falo pèssimamente duas línguas estrangeiras. Estava decidido a non viaxar; e, em consequência da firme decisón, encontrei-me um dia metido na encrenca voadora, o cinto amarrado, os cigarros inúteis, em obediência ao letreiro exigente aceso à porta da cabina. Andei como um gafanhoto, a dar saltos considerábeis por éste mundo, sempre dizendo a mim mesmo que non me arriscaria a nova emprêsa. Um pulo sôbre o Atlântico, pedaços de África, a Europa, a Ásia. O Báltico e o mar Negro. O Cáucaso e a planície pantanosa que vai de Moscovo a Leningrado. Repouso de alguns dias, outra vez a corrida louca polos ares. Em terra, a convivência obrigatória com pessoas de raças diferentes da minha, de hábitos diferentes dos meus, e a necessidade forte de entendê-las, às vezes recorrendo a três intérpretes. Na passagem de unha língua para outra, o pensamento se modificaba – e era-me preciso examinar as fisionomias, buscar saber o que se encerrava em almas exóticas. A palabra non raro nos enganaba, e um xesto, um olhar, um sorriso, de repente nos surgiam como clarón na sombra. O discurso pausado e conveniente, a amabilidade hospitaleira dos banquetes, a informaçón precisa e a estatística podem passar por nós sem deixar mossa. Non conseguiremos, porém, esquecer o transeunte disposto a ser-nos útil de qualquer modo, a criança gulosa de beijos num jardim de infância, o camponês curioso do Brasil, a polícia que, em vez de nos levar para a cadeia, como é natural, tenta auxiliar-nos se cometemos unha infracçón inadvertidamente. Após tantos abalos, a andar para um lado e para outro como barata doida, necessitamos espalhar as nossas recordaçóns, livrar-nos de um pêso, voltar enfim à normalidade. E procuramos lançar no papel cenas, factos, indivíduos, articular notas colhidas à pressa, num mês, tornar o sonho realidade. Realmente aquilo tinha xeito de sonho: as figuras passavam rápidas, em debandada, e era difícil fixar algumas. Como poderei movê-las, dar-lhes vida? Arrisco-me, entretanto, a escrever isto. Ninguém me encomendou a tarefa. Os homes com quem me entendi apenas revelarom a desexo de que as minhas observaçóns ali fôssem narradas honestamente, em conversas. Infelizmente non sei conversar, e na verdade observei pouco, em tempo escasso. Guardo impressóns, algunhas nítidas, que pretendo xuntar, fazendo o possíbel para non cair em esaxeros. O que me obrigou a iniciar êste libro foram as despedidas singulares de Kamchugov, antigo operário da usina Kirov, em Leningrado, e do óptimo Leonidze, presidente da Unión dos Escritores Georgianos. Essas duas criaturas, de meios diversos e naturezas diversas, mostraram depositar em mim unha confiança que muito me sensibilizou. E há também a moça da rua Petrowica, as linhas escritas por Neberidze Tamara, a alegria ruidosa de Keto, Assia, Liúba e Nadiajda, no teatro Paliachvili, em Tbilissi. Êsses viventes entraram-me na alma, e necessito apresentá-los, embora tenham sído unha visón lixeira. Outros relacionaram-se comigo, quixérom entender-me, fazer-se entender. Mostraram-me o que me interessava, (…) a cultura da terra e a cultura dos espíritos. (…) Sería estúpido pensar que a minha presença tivésse determinádo a singular condescendência com que me acolherom (Había em Moscovo delegaçóns de sessenta países. A da China tinha duzentos e vinte membros), e nós eramos apenas dezoito pessoas. (…) Vi efectivamente o grande país com bons olhos. Se assim non fôsse, como podería sentí-lo? (…) Desexaría poder fazer o mesmo com tòdas as terras onde passei. (…) A Unión Soviética é para mim completamente diversa. Alguns amigos, desconhecidos há pouco tempo, quixérom expor-me o trabalho intenso, a vida intensa que há na terra fría de alma ardente.
GRACILIANO RAMOS (VIAGEM A CHECOSLOVÁQUIA E U.R.S.S.) (CANNES, 31 DE MAIO DE 1952)
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
EM VIAXEM, 1881 – 1882 (LA GUAYRA)
.

Pasamos três dias na Martinica dándo-nos o inefábel prazer de pisar terra firme e respirar outra atmósfera, que a d’abordo. A febre amarela reinaba, ainda que non com violência, e debo declarar que se comportou com nós dunha maneira bastante decorosa, pois, desprezando os sábios conselhos da experiência, non só tomamos algunhas frutas, senón que passamos os três dias bebendo licores e refrescos xeládos. Por fim, ao cair da tarde do vintium de Agosto, levantamos âncoras, e depois de despedir-nos a canhonázos do gobernador, que desde a linda eminência em que estába situada a sua casa, axitaba o pabilhón, puxémo-nos em marcha, rumo a costa firme. Navegamos toda a noite, o dia seguinte e a madrugada do terceiro, aparecendo entón a franxa negrusca de terra. Pronto fundeámos frente ao porto de La Guayra, pequena cidade recostada sobre os últimos tramos da montanha e que ó lonxe, aparece com os seus cocoteiros e palmas variádas, dando um aspecto agradábel à mirada. Alí nos despedimos daqueles que concluíam a sua viáxe, quando um velho amigo de Buenos Aires, o doutor Dubreil, se me apresentou a bordo, xunto com o cónsul xeral da República Arxentina em Venezuela, don Carlos R. Rohl, um dos xóvens mais simpáticos que sería possíbel encontrar. Resulta difícil formar-se unha ideia do prazer com que se vê unha cara conhecida em rexións de cuxa vida social non se pode formar conceito. Unha só fisionomia é unha evocaçón de multitude de lembranças… Comuniquei-lhe o meu proxecto de continuar viáxe até Sabanilla, nas costas de Colombia, remontar o rio Magdalena e logo dirixirme a Bogotá. Todos a unha voz me informárom, que melhor que nón, porquanto o rio non tinha água nesse momento. Se seguía viáxe, ou me vía obrigádo a retroceder desde Barranquilla, na boca do rio, ou se persistia em remontá-lo, corría o perigo de ficar varádo nele, sabe-se lá quanto tempo, baixo um calor infernal e unha praga de mosquitos, capaz de dar febre em cinco minutos. Resolví em consequência descender em La Guayra e começar por Caracas. O mar estaba como unha balsa de azeite, o qual chamaba a atençón dos venezolanos, pouco habituados a essa mansedûme, tán insólita naquela rada de detestábel reputaçón. Baixámos, pois, e unha vez em terra, todo o encanto fantasmagórico da cidade, vista desde o mar, desapareceu para dar lugar a unha impressón penosa. “Venezuela tem a cara muito feia”, afirmaba um caraquenho, aludindo ao aspecto sombrío, desaseádo, triste, mortal, daquel conglomerado de casas com estreitíssimas ruas, que parecen oprimidas entre a montanha e o mar. O calor era insoportábel; La Guayra assemelha unha panéla dentro da qual caíron, derretídos, os raios do Sol. Nos sofocábamos materialmente dentro de aquel infâme hotel Neptuno, no qual, em época non lonxána. debería eu passar tán atrozes momentos. Contenho a minha indignaçón para entón e prometo non escatimála, na seguridade de que todos os venezolanos hán de unir a sua voz à minha num coro expressivo.
MIGUEL CANÉ
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
.
.

























































Quais as referências dessa foto do Centro Galaico?