
“Tem de saber-se que a humanidade perece polas mais diversas causas: peste, penúrias, sismos, guerra, mil variedades de doenças… Mas sobretudo por causa de xigantescos dilúvios (…) que non conseguem, no entanto, fazer desaparecer a humanidade por completo, pois os sacerdotes e todos aqueles que vivem nos planaltos ou ainda nas vertentes das montanhas escapam ao cataclismo, enquanto nas planícies ficam submersos todos os que lá habitam. (…) Carecendo os sobreviventes do dilúvio de alimento, a necessidade motiva-os a inventar os meios para escapar à indixência, moer o grán mediante instrumentos, semear, etc… A tal grau de invençón deram o nome de “sofia”, esse saber sobre o que resulta útil às primeiras necessidades da existência. (…) Entón, por inspiraçón de Athina, no dizer do poeta, descobriram as técnicas ou artes que non se limitam apenas a cobrir as necessidades da existência, mas também que contribuem para a nobreza e para o disfrute da vida; e a tal invençón deram também o nome de saber “sofia”. (…) Dirixiram entón o seu olhar para a organizaçón da cidade e forxarom as leis e o conxunto de laços que fazem dela um todo unificado; tal invençón foi desta maneira qualificada de saber, “sofia”. (…) Enfim, dando um passo mais, refletiram sobre os corpos e a natureza que os forxa. Tal indagar recebeu o nome de saber ou teoria da natureza (physike theoria). (…) Em quinto lugar, debruçaram-se sobre os obxectos mais dignos e sem lugar no cosmos; a tal indagar chamarom “saber arquitectónico”. Esta disciplina final e arquitectónica versa, precisa Aristóteles, sobre o que mais merece saber-se, e o que mais merece saber-se som os “primeiros princípios” e as “causas”. Pois, diz-nos, polos “primeiros princípios” conhecemos as restantes cousas enquanto o contrário non é verdade. A filosofia busca, assim, o incondicionado, xá que os “primeiros princípios” e “causas” o som por definiçón. “Princípios” e “causas” non somente da natureza, mas absoluctamente de tudo, incluindo, obviamente, o “ser de razón”.
VÍCTOR GÓMEZ PIN