
A década de quarenta, a segunda de Descartes na Holanda, começou com a redacçón de “Os Princípios da Filosofia” (1644), um ambicioso proxecto científico no qual reelaborava os conteúdos de “O Mundo” relativos à cosmoloxia e à mecânica, usando as “Meditaçóns” como base metafísica. Dividido em quatro partes, ocupava-se, respectivamente, do conhecimento humano, das cousas materiais, do mundo vissíbel e da terra. Concebido novamente como um manual para as escolas e ordenado meticulosamente em questóns breves, os “Principia” (segundo o seu título orixinal em latim) davam a conhecer a teoria cartesiana dos vórtices, encarregada de explicar o movimento dos planetas num universo sem vazio. Descartes xeneralizava o método copernicano a unha indefinida quantidade de estrelas, concebidas como centros de remoinhos cuxa acçón impulsora era a própria luz. Isto interligava-se com a sua teoria da visón: o olho percebe porque, dirixido ao Sol, recebe instantaneamente a pressón que este exerce sobre o fluido universal. No final do século XVII, esta teoria será fervorosamente discutida em círculos científicos de toda a França, embora acabe por ser rexeitada a favor daquela que Newton oferecerá nos “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural” (1687). Em oposiçón a Descartes, Newton defenderá um espaço vazio onde o papel dos vórtices será substituído pola mais “elegante” força da gravidade, unha noçón polémica que Descartes rexeitou por implicar a acçón à distância, considerada polo francês como um resquício de dinamismo e da superstiçón frente ao diáfano mecanicismo do contacto. Newton, no entanto, contará com o aval da corroborada terceira lei de Kepler, segundo a qual os planetas mais perto do Sol se movem a maior velocidade, precisamente ao contrário do que tinha defendido Descartes, e isso será fundamental para decidir o debate a seu favor.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO