.

Há sábios que defendem que se debe deixar que o pobo tenha superstiçóns, tal como se deixa as crianças ter andarilhos, porque, desde sempre é admirador de prodíxios: dos que lêm a sina, da romaria e das charlotadas. Há outros sábios que dizem que nenhuma dessas superstiçóns trouxo qualquer benefício para a Humanidade, que muitas delas causarom grandes males e que, portanto, debem ser abolidas. O supersticioso está para o intruxón como o escravo para o tirano. O supersticioso deixa-se governar polo fanático e acaba também por sê-lo. Perguntar se pode existir um pobo que estexa libre de superstiçóns é o mesmo que perguntar se pode existir um pobo repleto de filósofos. Talvez non tenha existido um só tumulto, nem um só atentado relixioso de que, antigamente, a clásse média non tenha sido cúmplice, mas os avanços da civilizaçón tornarom-na mais ilustrada e suavizarom os seus costumes. Nunha palabra, quando há menos superstiçóns, há menos fanatismo e quando há menos fanatismo, há menos superstiçóns.
DO ARTÍGO “SUPERSTIÇÓN” DO DICIONÁRIO FILOSÓFICO