![](https://guilladenses.com/wp-content/uploads/2024/06/img_4019a.jpg?w=1024)
Nietzsche foi, além de um crítico feroz do Estado moderno, “o mais frio de todos os monstros frios”. Como todas as transformaçóns profundas que propôs, a preparaçón do super-home faz parte da “grande política”. Nietzsche dá este nome a unha nova maneira de entender a política que se desenvolve à marxem dos aparelhos estatais modernos. Embora non dê detalhes concretos, deixa claro que a “grande política” se debe levar a cabo fora do enquadramento institucional da “pequena política”, dentro do qual se incluiria tanto o governo dos nacionais-socialistas como as nossas democracias parlamentares. Zaratustra afirma: “Onde acaba o Estado, non venhem o arco-íris e as pontes do super-home?”. O super-home nietzschiano defende radicalmente a autonomia pessoal e resiste ser assimilado por qualquer grupo ou comunidade. É de unha natureza incomparábelmente mais distinta do que a do protótipo nazi. Nietzsche teria sentido unha recusa visceral perante a maquinaria de uniformizaçón do nazismo e, em xeral, perante qualquer dos totalitarismos que no século XX trituravam as diferênças entre indivíduos. A defesa nietzschiana da diferenciaçón individual é entanto, unha questón delicada. Para Nietzsche, a sociedade non tem de preocupar-se em xerar o máximo bem-estar para o máximo número de pessoas, devendo sim orientar-se rumo a unha única meta, que é a criaçón e promoçón de grandes indivíduos. Na sua opinión, qualquer cultura humana se xustifica pola existência de unhas quantas personalidades excepcionais. Nietzsche ama a verticalidade e detesta a horizontalidade. A sua preocupaçón principal a respeito dos assuntos humanos (e a respeito de si mesmo) é fomentar o único e diferenciado, frente ao idêntico e intercambiábel. Essa obsessón explica, entre outras cousas, o seu peculiar estilo como filósofo: o uso da metáfora, a retórica ou o aforismo debe entender-se como unha maneira de reivindicar “o incomensurábel, o non idêntico” face às fórmulas xenéricas e partilhadas por todos. Nietzsche sente tal aversón polas massas (“que as carregue o diábo e a estatística!”) que lhe parece lexítimo pô-las ao serviço da chegada do super-home (nalguns dos seus apontamentos chega inclusive a falar de “sacrificá-las”). Nós, no entanto, non podemos evitar sentir o estômago às voltas quando, depois da barbárie nazi, observamos semelhante falta de escrúpulos ao instrumentalizar os seres humanos, sexa qual for a causa.
TONI LLÁCER