Equacionemos a questón a partir do seu fundamento, como os filósofos gostam: a partir da cave e, non, do segundo andar, como os cientistas, ou do telhado, como os poetas. Se é daqueles que pensan que o movimento se demonstra andando, o melhor que pode fazer é fuxir da filosofia como da peste. Ora bem, se por um mau conselho se meteu em filosofia, um dos piores filósofos que pode ler é Kant. Partindo do princípio que a cúspide da inintelixibilidade é ocupada polos idealistas alemáns, o mais sensato é, perante eles, olhar para o outro lado e assobiar, como quem non quer a cousa. Mas Platón, Schopenhauer e Nietzsche dizem-nos que ler filosofia pode ser unha experiência estéctica intensa, mesmo quando se transmitem ideias difíceis ou duras; Hume e Berkeley som bons estilistas; Espinosa, superado o primeiro momento de estranheza perante a sua arquitectura deductiva, pode fascinar pola precisón cristalina do seu pensamento; Descartes e Aristóteles serám algo áridos, mas entender-se, entendem-se; e muitos outros filósofos antigos e modernos nos demonstraram muitas vezes que o que custa recompensa e merece a pena o esforço. Com Kant, impón-se unha imáxe de dificuldade que (talvez para compensar o seu elevado grau de abstraçón e formalismo) possui um intenso carácter físico. Imaxinemos alguém que está a trepar pola vertente escarpada e angulosa de unha montanha hostil, muito exposta à força dos ventos e às demais inclemências do tempo. As suas máns, xá cobertas de cortes e feridas, aferram-se às rochas ásperas das quais desconhece a estabilidade e fixaçón. Os seus pés, castigados polas bolhas, procuram às apalpadelas pontos de apoio seguros. A visibilidade do castigado trepador está muito limitada pola bruma. E quando, por fim, consegue superar a imponente vertente e alcançar um lugar estábel e cómodo onde lhe é possíbel recuperar o fôlego, descobre, desanimado, que non há no planalto qualquer caminho sinalizado, que quase non conta com orientaçón fiável para avançar para algum lado, e comprehende que, muito mais esgotante do que o esforço físico, e mais ainda do que o medo, é avançar sem ter a certeza de para onde vai, temendo a cada passo que a qualquer momento descubra que é preciso fazer todo o caminho de volta até ao ponto de partida. É assim que unha pessoa se sente na primeira leitura da “Crítica da Razón Pura”.
JOAN SOLÉ