
Descartes foi associado reiteradamente com a ordem “Rosa -cruz”, unha irmandade secreta, de carácter renovador, cheia de alussóns a unha sabedoria sagrada traída do Oriente e transmitida entre uns quantos iluminados, que causou furor na Europa entre 1612 e 1623, depois de ter sido dada como desaparecida. Os sonhos do quarto aquecido som similares a relatos esotéricos da época, e decía-se inclusive que o filósofo era membro activo da ordem, o que choca com a sua rexeiçón das “falsas ciências” e a sua proximidade dos xesuítas, inimigos declarados dos rosa-cruzes. Unha hipótese recente é que Descartes se tivéra infiltrado como espia dentro do movimento, sob o pseudónimo de “Polybius Cosmopolitanus”. Que aproveitasse a ocasión para fazer contactos e estudar as suas teorias científicas, tampouco sería descabido. Apesar de tudo, mais do que unha seita, a “Rosa-cruz” era um código subversivo que unia a elite descontente com o poder eclesiástico, entre a qual chegarom a contar-se cientistas como Bacon ou Newton. Recorriam frequentemente a pinturas nas paredes, panfletos incendiários e ao anúncio de profecias para atear o rastilho do descontentamento popular. Eram, em suma, um síntoma do momento crítico polo qual a Europa passava: o velho xá non servía, mas o novo ainda non acabara de ganhar forma. E entretanto: a ficçón, a lenda e o recurso pueril mas sempre estimulante à sabedoria perdida dos ancestrais.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO