
A publicaçón de “Vixiar e Punir” abalou profundamente um panorama intelectual no qual as sequelas do Maio de 1968 ainda non se tinham esgotado. Neste contexto, o trabalho de Foucault é recebido como a proposta de unha nova modalidade de análise política e, simultaneamente, como um esforço por repensar o activismo em todo o seu radicalismo, lonxe da tutela até entón exercida polos dictames marxistas. Gilles Deleuze, em colaboraçón com o psicanalista Félix Guattari, publicou em 1972 o seu primeiro volume de “Capitalismo e Esquizofrenia, O Anti-Édipo” (onde o fascismo e o desexo revolucionário som contrastados a partir da polaridade entre paranoia e esquizofrenia), saúda a publicaçón do texto de Foucault dizendo: “Uma teoria diferênte, outra práctica de luta, outra organizaçón estratéxica, som o contributo do libro de Foucault”. A proposta de Foucault acabará por denominar-se “microfísica do poder”: porque o que conta nela é a descripçón do funcionamento das forças políticas, e “micro” porque privilexia na análise (e nas lutas) a multiplicidade de focos institucionais do poder em detrimento de qualquer unificaçón sob a figura do Estado. Surprehendentemente, quando ainda se estavam a ponderar e a debater as directrizes da teoria do poder que “Vixiar e Punir” propón, aparece, apenas um ano mais tarde, um novo libro de Foucault. O seu título é “A Vontade de Saber” e apresenta-se como o primeiro volûme de “História da Sexualidade” que Foucault programa em seis volûmes, cuxa publicaçón é anunciada à razón de um por ano. No Le Monde (5 de Novembro de 1976), afirma a suspeita, que sob a forma de hipótese há de guiar a sua indagaçón, com estas palabras: “O que non foi dito sobre esta sociedade burguesa, hipócrita, pudica, ávida dos seus prazeres, empenhada em non os reconhecer nem os nomear? O que non foi dito sobre a pesada herança que recebeu do cristianismo – o sexo-pecado? E sobre a forma como o século XIX utilizou esta herança com fins económicos: o trabalho acima do prazer, a reproduçón das forças acima do puro dispêndio de enerxias? E se tudo isto non fosse o essencial? E se no centro da política do desexo houbesse mecanismos muito diferentes, non de rexeiçón e ocultaçón, mas de incitaçón? E se o poder non tivesse como funçón essencial dizer non, prohibir e punir, mas unir segundo unha espiral indefinida a coherçón, o prazer e a verdade?”.
MIGUEL MOREY
