Arquivos mensuais: Agosto 2021

VOLTAIRE (TEATRO SOBRE A ROMA ANTIGA APROVEITADO POLOS REVOLUCIONÁRIOS)

Durante a sua estada em Inglaterra, escrebeu “Bruto”, personaxem que non se refere ao assassino de César, mas ao seu antepassado e principal artífice da revoluçón patrícia, que derrubou a monarquía para converter Roma nunha república, e non hesitou em executar os seus dous filhos, que tinham fomentado unha conspiraçón para devolver o trono a Tarquínio, “Quando Tarquínio acabou com o contracto que o ligava ao seu povo, perdeu toda a sua lexitimidade, restituíndo-nos os nossos xuramentos ao trair o seu.” Daí a fazer de Voltaire um precursor de Robespierre era um passo. “Bruto” non é um apelo à revoluçón, mas um diálogo filosófico. No século XVIII, a palabra república designaba um rexíme constitucional e non unha forma concreta de governo, tal como Rousseau destaca em “O Contracto Social”: “Chamo república a todo o Estado rexido por leis, sob qualquer forma de administraçón; todo o governo lexítimo é republicano”. Contudo, “Bruto” será representada em Novembro de 1792, durante o processo contra Luís XVI e, depois, na véspera da sua execuçón, pois os xacobinos queriam xustificar o seu rexicídio. O outro Bruto, o de “também tu, meu filho”, aparece na sua peça “A Morte de César”, a qual se inspira em Shakespeare, embora na versón voltairiana “Brutus” sexa realmente filho de César, debido a um casamento secreto com Servília, irmán de Catón, que o educou, o que permite duplicar a traxédia política num conflícto psicolóxico, xá que Bruto queda muito afectado ao saber que César era seu pai. Voltaire também se inspirará em Shakespeare, desta vez em Otelo, ao escreber “Zaira”. Depois de terem aparecido, no ano anterior, nunha versón inglesa, em 1734 som publicadas as suas “Cartas Filosóficas”, também conhecidas baixo o título de “Cartas Inglesas”, que o Parlamento de Paris censurará por “inspirarem a mais perigosa libertinaxem para a relixión e para a ordem da sociedade civil”. Um contrariado Voltaire escreberá ao seu amigo Argental esta impressón sobre tal censura: “A verdade é que, xá que gritam tanto por estas condenadas cartas, nem imaxinais como me apetecia ter dito ainda mais cousas”. Naquela época. Grimm publica na sua “Correspondência Literária (Correspondence Littéraire) esta descripçón de Voltaire: Coloca na sua acçón todo o fogo que encontraram nas suas obras. É como unha chispa que vai e vem, e que vos deslumbra, faiscante. Sensíbel e afectuoso, voluptuoso sem paixón, non persevera em nada por decisón própria e interessa-se por tudo. É preciso unha cabeza muito clara para abordar, como ele faz, todas as matérias. Voltaire empenha-se em ser um home excepcional e, sem dúvida, consegue sê-lo.

ROBERTO R. ARAMAYO