Arquivos mensuais: Agosto 2021

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (114)

Eles transmitem a sua influênça ao nosso Spírito, e este incorporândo-se no nosso Cérebro, deposita ali as ideias recibidas. O home, desperta recordando-se de unha cousa que para el estaba oculta na noite dos tempos. Por meio do sonho, estes Spíritos manifestam-vos a ideia do benefício que vos querem fazer (influir-vos nunha cousa, ou retirar-vos). Quando vem que vós seguís ao contrário, entón eles suxestionam com ideias ou visóns, para que volteis, porque os seus desígnios se están frustrando. E como um Spírito non pode fazer duas cousas ao mesmo tempo, senón unha de cada vez, terá que haber por cada cousa um Spírito. E como há Spíritos “antipáticos”, que repélem aos contrários, é quando estes Spíritos, lamentando-se vos suxérem as ideias do benefício (ou malefício, se é um Spírito malo), que intentaram fazer-vos e, se non o fán, será porque non podem. Suxérem pensamentos, porque querem, tanto os Spíritos bpns como os malos, que sigais as ideias por eles suxerídas. Casos porque non se realizam os sonhos: 1º- Por descuido natural ou sobre-natural da pessoa que sonha. 2º- Por influênça de outros Spíritos, que neutralizam a acçón. 3º- Por obsessón ou posessón do mesmo corpo que sonha. 4º- Por mentiras dictas sobre o obxecto sonhado. 5º- Por enganos e desenganos das pessoas com quem tratamos. 6º- Por misérias físicas. 7º- Polo posto e caracter da pessoa que sonha. 8º- Por abatimento da alma (terrores, pânicos), da pessoa que sonha. 9º- Pola inconsciência ou fé perdida. 10º- Pola amabilidade e bondade da pessoa. 11º- Por efeito da alma pura e desinteresada.

MANUEL CALVIÑO SOUTO

HUSSERL (A ABSTENÇÓN FILOSÓFICA)

Agora que começámos a conhecer quem foi o filósofo Husserl, talvez interesse também ao leitor saber um pouco mais sobre a sua personalidade histórica e sobre a sua alma. A história de Husserl é sóbria. A data do seu nascimento é oito de Abril de 1859, em Prostejov, Morávia, entón parte do Império Austríaco. Durante várias xeraçóns, os xudeus Husserl estiveram radicados naquele lugar. Um amigo israelita e filósofo, pouco apreciador de Husserl, dixo-me unha vez que nele apenas via de xudeu a paixón, embora neste caso dedicada non à relixión ou à política, mas ao conhecimento. Ignoraba até que ponto o próprio Husserl vinculaba, nos seus apontamentos privados e nas suas cartas, estas facetas da existência dignamente apaixonada. Por outro lado, quem assistia às suas morosíssimas liçóns sobre a percepçón das cousas, o xuízo, a empatia ou a consciência do tempo, mudaba com muita frequência as suas posiçóns confessionais. Husserl dizia que isso o surpreendia, porque, na sua opinión, non tocava em nenhuma matéria que se pudesse relacionar directamente com essas tormentas espirituais, mas o facto é que unha xudia se tornava cristán, um protestante se declarava católico, um agnóstico deixava de o ser e um relixioso perdia a inxenuidade da sua crença. No entanto, non era a abstençón filosófica um movimento da alma mais profundo que unha mera mudança de grupo confessional? Quando Edmund Gustav Albrecht Husserl nasceu, o xudaísmo familiar estaba, efectivamente, muito dissipado. O seu pai, Abraham Adolf, possuía um próspero comércio de tecidos, e Edmund era o segundo dos seus quatro filhos. Non tinha grandes problemas para lhes proporcionar unha educaçón de qualidade, visando a perduraçón do negócio. De modo que Edmund, apesar de non ter interesse polos ensinamentos escolares (adormecia nas aulas de maneira bastante escandalosa) fixo os seus estudos secundários lonxe da casa: primeiro em Viena e depois em Olomouc, na actual República Checa, mas no “Gymnasium” alemán. Era grande leitor e só avançava muito, como alumno, em matemática. De facto, descobríu ainda muito novo um erro num aparelho óptico de precisón da marca Carl Zeiss, que quixo, por essa razón, conceder-lhe unha bolsa e dar-lhe emprego. Husserl preferíu estudar astronomia na Universidade de Leipzig. Naqueles tempos felizes, ninguém sabía muito bem que “curso” faziam os estudantes. Matriculavam-se no que a sua sede intelectual lhes dictava e, aos poucos, a satisfaçón relactiva desta sede ia delimitando o campo de interesses para a investigaçón ou para a carreira de professor. Cumpridos certos requisitos muito libres, que os universitários reuniam peregrinando polos países onde a fala comum lhes permitia prosseguir na sua personalíssima vocaçón, obtinham os seus graus em duras provas (o exame “Rigorosum” da sua tese e a sua dissertaçón de doutoramento, como máximo exemplo).

MIGUEL GARCÍA-BARÓ

O ROMANTISMO HISPÂNO

Enquanto se librabam as guerras de independência, a América hispâna todavía estaba procurando axustar-se às ensinanças da Ilustraçón e o neo-classicismo prevalecía ainda como modelo literário principal. O romantismo (que tinha aparecido na Europa nos últimos trinta anos do século XVIII) non haberia de afirmar-se no novo continente até finais dos anos trinta. Esta demora de mais de meio século, tivo enormes consequências. Em primeiro lugar, porque distorsionou decididamente a evoluçón da literatura hispanoamericana, e em segundo lugar, porque assegurou a prolongaçón, até quase finais do século XIX. A data oficial da chegada do romantismo à América hispâna considera-se 1832, quando o poeta arxentino Esteban Echeverría (1805 – 1851), despois de cinco anos de permanência em París e do seu retorno a Buenos Aires em 1830, publíca “Elvira, ó la novia del Plata”, colecçón de mala poesía romântica. Esta data, non tem em consideraçón, precisamente, os poetas pré-românticos e românticos que estabam activos no norte da América do Sul e em Cuba antes do retorno de Esteban Echeverría da França. Esses poetas (Andrés Bello, José Joaquín Olmedo, José María Heredia) tinham chegado ó romantismo polo caminho da poesía de fala inglêsa. Para os patriotas de Hispanoamérica, Inglaterra constituía, sem lugar a dúvida, unha referência modélica em múltiples sentidos. Para compensar a demora em ser introducído e aceitado na América, o romantismo habería de tardar em ir-se. Alguns poetas como o uruguayo Juan Zorrilla de San Martín (1855 – 1931), que publicou o poema indianista “Tabaré” em 1888, estabam compondo versos românticos quando na Europa e nos Estados Unidos, novos movimentos (realismo, naturalismo, paranasianismo, simbolismo, decadentismo, e demais tendências que estaba xerando a nova vanguarda estéctica) que xá tinham despraçado aos românticos. As classificaçóns ao uso na literatura europeia, tendem a obscurecer a orixinalidade de algunhas das soluçóns encontradas na América hispânica durante o século XIX. Ao buscar encaixar a produçón hispanoaméricana em moldes perfeitamente reconhecíbeis na Europa (a novela sentimental, a picaresca, a histórica), apagam-se precisamente aquelas características que aseguram a orixinalidade (algo inesperada) dos melhores productos da narrativa do século XIX. Unha das primeiras víctimas dessa alienaçón classificatória, foi a primeira novela publicada na América Hispâna: “El Periquillo sarniento” (1816), singular obra do escritor mexicano Joaquín Fernández de Lizardi (1776 – 1827) “El Periquillo sarniento” é unha novela picaresca, xénero que floreceu em Espanha mais de dous séculos antes. Tal anacronismo parecia invalidar o esforço de Lizardi. Non obstânte, as cousas non resultam tam simples. Por um lado, se bem é certo que a primeira novela picaresca, “El Lazarillo de Tormes, publica-se em 1555, polo outro lado, também é certo que se escrebem novelas picarescas em Europa até bem entrado o século XVIII, e que non faltam no XIX, notábeis exemplos da picaresca: “Les mystères de Paris”, de Eugène Sue, e “Oliver Twist”, de Charles Dickens, constituiem duas boas mostras da vitalidade de um xénero. Mas em vez de lamentar o anacronismo do “El Periquillo sarniento” em 1816, convém examiná-lo críticamente. Ampara-se o seu modelo narrativo no “El Lazarillo” (enquanto às sucessóns de amos e aventuras), e no “Guzmán de Alfarache”, de Mateo Alemán (em quanto à alternancia de aventura e sermón). Mas Lizardi era sobre tudo um reformista e para el novelar non significaba senón outra forma de escreber (ou descreber) a realidade contemporânea. A sua empressa intelectual mais ambiciosa, o xornal entitulado “El Pensador Mexicano” (1811 – 1812), representou um esforço claro para encauzar a nova acçón no caminho da reforma, que non o da revoluçón, e sem perder o contacto com o catolicismo. Ainda que Lizardi mantívo-se sempre em contra do poder excessivo da Igrexa e chegou a eloxiar òs masóns, o seu liberalismo non foi nunca ateo. Cabe recordar a sua defesa dos dereitos políticos das mulheres.

R B A EDITORES, S. A. – BARCELONA

HEGEL (THE EGOTISM OF IDEAS)

Quando falamos de egotismo, é necessário referirmos Hegel? O tom deste filósofo, especialmente nos seus escritos finais, estaba cheio de desprezo por tudo o que parecesse subxectivo: o ponto de vista do indivíduo, as suas opinións e desexos eram considerados irrelevantes, a non ser que tivessem estado em concordância com a marca providencial de acontecimentos e ideias no mundo com peso. Este realismo cheio de acritude era, no entanto, idealista no sentido em que a substância do mundo era concebida non como algo material mas conceptual, unha lei da lóxica que animava os fenómenos. O mundo era como um enigma ou a proclamaçón de um confuso oráculo; e a soluçón do “puzzle” residiria na romântica ideia da instabilidade ou contradiçón interna de cada finita forma de ser, instabilidade que a obrigaria a transformar-se nunha cousa diferente. A direçón deste movimento poderia ser compreendida em virtude de unha espécie de dialéctica vital ou de dramática necessidade inerente à nossa própria reflexón. Hegel era um solemne sofista: fazia do discurso a chave da realidade.

SANTAYANA, GEORGE (EGOTISM IN GERMAN PHILOSOPHY)

O FADO (A CAPACIDADE DE TRANSPOR FRONTEIRAS)

Em 2009, no ano em que se assinalam dez anos da partida de Amália para o eterno descanso, Carminho edita o seu álbum de estreia “Fado”, alcançando o galardón de ouro, fazendo também bastante frenesí na imprensa. Carminho é filha da fadista Teresa Siqueira. Correndo o fado na família e tendo percorrido o circuito fadista de casas de fado. Carminho transporta agora a tradiçón do fado na sua voz e dá os primeiros passos rumo a outras esferas… Em Xaneiro do 2011, estreou no cinema “Com que voz”, o documentário sobre a vida de Alain Oulman (1928-1990), compositor, editor literário, encenador e figura política. O documentário é realizado polo filho do compositor, Nicholas Oulman, tendo sido apresentado pola primeira vez em 2009 no DocLisboa, e vencendo o prémio para a melhor primeira obra. Considerado um compositor que inovou o fado de Lisboa e que musicou muitos poetas, engrandeceu a voz de Amália Rodrigues com a qual manteve unha longa parcería. “Alain Oulman passou polo mundo quase como um anxo, de tal forma as pessoas falam dele, afectuosa e carinhosamente”, afirmou o realizador. No espólio fadista fica um vasto e riquíssimo arquivo por descobrir, pouco a pouco muitos desses antigos fados ván chegando ao mercado em ediçóns como esta. Para muitos, o fado ficou-se nos anos 60. A evoluçón, o progresso e a mudança, som sempre desafios difíceis. Na entrada da segunda década do século XXI, o fado confirma a sua tendência global e atinxe um novo auge de popularidade, proba disso som as centenas de concertos que se realizam todos os anos no estranxeiro de artistas portugueses sob o desígnio do fado, assim como o aparecimento de cantores de outras nacionalidades a cantar a cançón portuguesa. Mesmo em tempos de crise e contrariamente a muitos outros xéneros, assiste-se a um elevado número de ediçóns fadistas, com maior ou menor qualidade, com mais ou menos sucesso. A verdade é que o fado continua com forte vitalidade e a despertar o interesse de um número cada vez maior de admiradores por todo o mundo. Nem todos os países se podem orgulhar de ter um xénero musical tán rico e com unha capacidade tán grande de transpor fronteiras.

FADO PORTUGAL

A CAUSA MATERIAL

“Os que por primeiro filosofaram, na sua maioria, pensarom que os princípios de todas as cousas fossem exclusivamente materiais. De facto, eles afirmam que aquilo de que todos os seres estám constituídos e aquilo de que orixináriamente derivam como o que por último se dissolvem, é elemento e princípio dos seres, na medida em que é unha realidade que permanece idêntica mesmo na mudança das suas afecçóns. (…) Tales, iniciador desse tipo de filosofia, diz que o princípio é a água (por isso afirma também que a terra fluctua sobre a água), certamente tirando esta convicçón da constataçón de que o alimento de todas as cousas é húmido, e da constataçón de que até o calor se xera do húmido e vive no húmido (…) Non se pode considerar Hípon entre os primeiros que filosofaram, dada a inconsistência do seu pensamento. Anaxímenes e Dióxenes, ao contrário, mais do que a água, considerarom como orixinário o ar e, entre os corpos simples, consideraram-no como o princípio por excelência, enquanto Hípaso de Metaponto e Heraclito de Éfeso considerarom como princípio o fogo. Por sua vez. Empédocles afirmou como princípio os quatro corpos simples, acrescentando um quarto aos três acima mencionados, a saber a terra. (…) Anaxágoras de Clazomenes, anterior a Empédocles (…), afirma que os princípios som infinitos. (…) Com base nesses raciocínios, poder-se-ia acreditar que existia unha causa única: a chamada “causa material”.”

ARISTÓTELES (METAFÍSICA)

LITERATURA CASTELÁN (DISPUTA DEL ALMA Y EL CUERPO)

A “Disputa del alma y del cuerpo”. Esta composiçón debe de pertencer ós últimos anos do século XII, ou primeiros do XIII. Foi encontrada no Archivo Histórico Nacional, num pergaminho procedente do mosteiro de Oña de 1201, e publicada e estudada por Menéndez Pidal. Consta de 37 versos agrupados em pareados, e está inspirada no poema françês “Débat du Corps et de L’Ame”, versón à sua vez de outro poema latino, “Rixa animae et corporis”. O seu tema consiste na discusón que mantenhem o corpo e a alma de um difunto, atribuíndo-se recíprocamente a culpa dos seus pecados. Adquiríu difusón em todas as literaturas europeias, e na castelán persistíu baixo diferêntes versóns: nos começos da escola alegoricodantesca, finais do século XIV, reaparece com o título de “Revelación de un ermitaño”; tem influênça na “Farsa racional del libre albedrío” na qual se representa a batalha que existe entre o espírito e a carne; e penetra até à época de Calderón, que a utiliza num dos seus “autos sacramentais”, da primeira época, entitulado “El pleito matrimonial del Cuerpo y el Alma”.

JUAN LUIS ALBORG

RORTY (O PROBLEMA DA COMPREENSÓN)

Na realidade, o que mudou a linha de pensamento de Rorty foi a descoberta de Wittgenstein. As “Investigaçóns Filosóficas” tinham-no surpreendido, entre outras cousas, porque nelas a filosofia testemunhava os seus próprios autoenganos e ineficácia. A filosofia analítica decidia quais eram os problemas da filosofia, mas lendo Wittgenstein podia chegar-se à conclusón de que muitos desses problemas non se deviam reformular, mas sim esquecer. O problema non era como considerar os problemas de outra forma, mas se a ideia de que “considerar algo” é a única forma de fazer filosofia: “Se se tentar afirmar teses em filosofia” – afirmou Wittgenstein nas suas Investigaçóns Filosóficas – “nunca será possíbel debatê-las, pois cada um estaria de acordo com as suas”. Quando Rorty completa a sua retrospectiva da viraxem analítica non chega a adquirir um método; sai mais convencido de algo que para el xá resultaba claro quando via discutir outros tipos de filósofos: na verdade, non se ganham discussóns, quando muito ou passamos para a linguaxem do contrário ou assimilamos o contrário em nós próprios. Isto também é possíbel entender ao levantar um pouco a cabeça de cada debate e contemplar os estilos de debate de forma mais panorâmica. As próprias desavenças entre a filosofia analítica e o que acabou por se chamar filosofia continental também pareceram a Rorty fruto de diferênças muito profundas que tornavam os diálogos circulares. Para alguns, travava-se a luta das luzes da ciência contra a noite escura da especulaçón, ou a sensatez ou cordura do senso comum contra os desvarios linguísticos. Os positivistas que Rorty leu na sua xuventude prosseguiram na conquista da “seriedade e da neutralidade”. Desde a época do pós-guerra tinham-se tornado guardiáns da razón face a metafísicos europeus como Heidegger e a pragmáticos norte-americanos como Dewey. E a filosofia da linguaxem ordinária de finais dos anos cinquenta continuava empenhada em dar credibilidade à sua serenidade, perícia e solvência face ao estílo literário da filosofia europeia. Russell tinha defendido a pureza de um conhecimento obtido a partir de unha perspectiva impossíbel, quase divina. Em contrapartida, os filósofos da linguaxem ordinária reclamavam a sensatez da vida comum à face da terra. Mas todos eles se arrogavam o cuidado da razón. Porque os filósofos se entendem tán pouco uns aos outros? Porque dán tantas voltas para tornar a chegar a premissas xerais que permanecem ocultas? Durante os seus anos de formaçón Rorty sempre se fez essa pergunta a si próprio, mas em vez de se interrogar sobre quem detém a verdade ou que critério poderiam aceitar ambos os lados para decidirem, xá em 1961 começou a fazer outra pergunta que non tinha a ver apenas com o mundo da filosofia, mas com a vida em xeral: “como se consegue manter a comunicaçón?” Visto assim, os desacordos filosóficos sobre o que é argumentar poderiam ser usados para algo mais do que para se tornar um filósofo especializado. Mas que formas alternativas tinha Rorty para entender o problema da “compreensón”?

RAMÓN DEL CASTILLO

EM NOME DE GUILLADE (AS LUTAS CONTRA O DEBAIXO DE SAN MIGUEL)

Seguem os atrancos às Xuntas de Montes. Repítese unha vez mais a “curiosa” política do noso Concello coas Xuntas de Montes. Esta vez tócalle o turno à de Arcos. Os veciños pretendían arranxar o turreiro da Capela cos restos da pedra dunha canteira do Comunal que está alquilada. O “inquilino” prestábase a levar gratuitamente o morrillo. Enterado o Sr. Alcalde mándalle un oficio no que lle prohibe facer obras sen licencia municipal. ¡Que chiste! Hai veciños que están arranxando aceras e camiños co permiso verbal do Sr. Castro. Outros, neste caso os que lle fan frente para que non lles manexe os cartos dos piñeiros, non poden botar unha pouca de terra no turreiro que é para favorecer a tódolos veciños. Xa D. Quixote dixo aquello de: “cousas verédes amigo Sancho”.

. Escrito

Reproducimos o escrito da Alcaldía, para que sirva de testemuña permanente de como se goberna neste Axuntamento: Ponteareas, 2-11-1984. – Sr. Don Francisco Ambrosio Novas. -PORRIÑO. -Muy Sr. mío: Teniendo conocimiento esta Alcaldía de que Vd. realiza trabajos en la parroquia de Arcos de este Municipio, empleando maquinaria de su propiedad cuyas obras carecen de la oportuna licencia Municipal, por la presente le requiero para que se abstenga de realizar obras en esa o en cualquiera de las parroquias de este término Municipal, que no estén debidamente autorizadas por la corporación. Lo que participo para su conocimiento y efectos. El Alcalde. – Fdo. José Castro Alvarez.

PUBLICADO NA PENEIRA (ANO I – 1984)

DAVID HUME (DIÁLOGOS SOBRE A RELIXIÓN NATURAL)

O “argumento do desígnio” é, tal como o “argumento cosmolóxico”. um argumento baseado no mundo físico. Mas, ao contrário do “argumento cosmolóxico”, non procura inferir a existência de Deus da existência do mundo e da supósta necessidade de este, como tudo o mais, ter unha causa. Procura antes provar a existência de Deus a partir da ordem e do desígnio que o mundo revela. Além disso, o argumento do desígnio é um argumento a posteriori, isto é, um argumento cuxas premissas som estabelecidas com base na experiência. Por este motivo, pode apenas aspirar a mostrar que a existência de Deus tem um gráu elevado de probabilidade. É costume distinguir duas versóns do argumento do desígnio. consoante o argumento ponha ênfase na ordem do mundo ou na adequaçón dos obxectos aos fins. Á primeira versón do argumento chama-se “nomolóxica”, da palabra grega “nomos”, que significa norma ou lei; à segunda chama-se “teleolóxica”, da palabra grega “telos”, que significa fim ou propósito. Assim, o argumento do desígnio pode ser unha tentativa de probar a existência de Deus a partir da ordem do mundo, caso em que estaremos perante a versón nomolóxica do argumento, ou a partir da existência de um propósito ou fim, sexa no mundo como um todo, sexa nunha clásse de seres do mundo, como os organismos vivos, caso em que se faz apelo à versón teleolóxica do argumento( ). Hume oscila, por vezes, entre unha e outra versón, mas, na maior parte dos casos, non faz qualquer distinçón emtre ambas e é até frequente as duas versóns surxirem xuntas. A apresentaçón que Cleantes faz do argumento na Parte II dos Diálogos é, xustamente famosa: “Olhai o mundo em redor. Contemplai-o no todo e em cada unha das suas partes. Verificareis que é apenas unha grande máquina, subdividida num número infinito de máquinas menores, que admitem novas subdivisóns num gráu que ultrapassa o que os sentidos e as faculdades humanas podem investigar e explicar. Todas estas diversas máquinas, e mesmo as suas partes mais pequenas, están axustadas unhas às outras com unha precisón que fascina todos aqueles que xá as contemplaram. Por toda a natureza, a extraordinária adaptaçón dos meios aos fins assemelha-se exactamente, embora as exceda em muito, às produçóns da invençón, desígnio, pensamento, sabedoria e intelixência humanas. Por consequência, unha vez que os efeitos som semelhantes, somos levados a inferir, por todas as regras da analoxía, que as causas também som semelhantes e que o Autor da natureza é um pouco similar à mente humana, embora dotado de faculdades muito mais vastas, proporcionais à grandeza da obra que executou. Por este argumento “a posteriori” e apenas por este argumento, provamos ao mesmo tempo a existência de unha Deidade e a sua semelhança com unha mente e unha intelixência humanas. (Diálogos, II, 28). Nesta passaxem, a partir da semelhança entre os artefactos, isto é, os obxectos produzidos polos seres humanos, e os obxectos naturais, Cleantes procura estabelecer a semelhança da causa do universo com os seres humanos.

ÁLVARO NUNES (JULHO 2005)

GALLEIRA (20)

Tratando-se de povoaçóns das alturas, forzoso é falar dos “Castros” esses especiais monumentos. Na realidade, aquelas primitivas cidades, asentábam-se todas elas em grandes castros, cuxo destino dá bem a entender o nome com que as recorda a tradiçón. Desde a Cinânia portuguesa até à galega Armeá, à qual, como queda dito, chamou castro o Padre Sarmiento, todas o som. Ao mesmo tempo fortaleza e cidade, presentam-se ao nosso arbítrio baixo todos os aspectos na que a cidade antiga pode ser considerada, isto é, como templo, como morada do xefe e por tanto como tribunal e lugar de asambleia. O seu destino relixioso o proclamam os castros Nemeño e de Rebón; o xurídico, o de Faramello, conhecido também por castro Lupario, nome que denota residência real; como lugar de asambleia o de Santa Susana (Santiago); como fortificaçón o aspecto e disposiçón de todos eles. É pois o monumento mais curioso que a idade antiga nos legou. Se queremos dar unha ideia destes monumentos com as mais breves palabras possíbeis, bastará dicer que o “castro” é o “oppidum” dos galos. Varíam na forma, ainda que non tanto como na extensón, e por conseguinte na importância; mas, no fundo som o mesmo, isto é, unha colina mais ou menos acentuada, que se aproveita e dispón para a defesa de um pequeno território. Dentro de um murado recinto pode abrigar unha pequena povoaçón. Com grande verdade, afirma o vulgo que os castros se vem uns aos outros. Assim é. Nunca se encontra um só, mas sí os necessários para formar unha linha circular de primitivas fortificaçóns que guardam unha cidade ou um val, unha rexión dada. Enlazam-se os uns aos outros e correspondem-se, continuando polas estribaçóns das montanhas, como os vales que se sucedem ao longo do país galego. Talmente, unha serpe de inumerábeis aneis, que se estênde e enrosca indefinidamente. O mesmo Castro é como unha espiral que vai do chán o cûme, dando as suas, duas, três ou mais voltas ó redor da colina.

MANUEL MURGUÍA

MONTAIGNE (VIAXEM A ITÁLIA)

O ano de 1580 é também o da “voyage en Italie”, da qual Montaigne fará um escrupuloso e pintoresco relato socio-antropolóxico no seu Diário. A quatro de Septembro, xuntamente com um bom grupo (Bertrand de Montaigne – o mais novo dos seus irmáns -, Charles d’Estissac, Bertrand de Calezelis – senhor de Frayche, seu cunhado e marido da sua irmán Marie – , e o senhor Du Hautoy), inicia a sua viaxem a Itália, passando pola Suíça e pola Alemanha. De 15 a 17 de Novembro, em Ferrara, visita Tasso, internado no hospital de Sant’Anna (aquela sabedoria e clareza tán luminosa ao ponto de cegar e se transformar em loucura, como rexistrará no regresso da viáxe). Vivacidade letal, apreensón nervosa da rexíon que deixa sem razón, exercício da alma que deixa sem alma. Montaigne conhece a teoría dos humores, a tese que afirma que os melancólicos som homes de xénio. Cita Platón (os melancólicos som mais dispostos para a ciência e mais excelentes e têm maior propensón para a loucura); teria podido citar também Aristóteles. Unha força e unha ductibilidade que atropelam os “homes de xénio”. Sente mais desprezo do que compaixón ao ver Tasso sobreviver a si próprio, non se reconhecer nas suas obras que, nas suas costas, mas sob os seus olhos, tinham sido publicadas “incorrectas e disformes”. Em Ferrara, cidade que parece a Montaigne escassamente povoada, visita também o túmulo de Ariosto e faz indirectamente alusón a ele, ao evocar a morte na indixência de Lílio Gregório Giraldi, de quem possuía um exemplar do “De deis gentium”, e de Sebastian Castellion. O argumento é evocado num contexto totalmente político em “Um Defeito dos Nossos Governos”, capítulo no qual Montaigne introduz unha interessante história paterna. O seu pai, “home de enxenho muito apurado por ter tido apenas a axuda da experiência e do temperamento”, tinha-lhe revelado um proxecto seu de carácter político-social, pois queria instituir nas cidades um lugar determinado ao qual pudesse recorrer quem necessitasse de algo: quero vender pérolas, procuro pérolas à venda, mas também buscas mais essenciais de trabalho e disponibilidade para fazer unha obra. Um meio para “avisar-se reciprocamente”, e, portanto, útil para as relaçóns públicas: “em qualquer momento, de facto, há situaçóns que se procuram reciprocamente e se non se encontram, deixam os homes nunha extrema necessidade”. A 30 de Novembro, chega a Roma: no dia de Natal, assiste à missa pontificia de San Pedro e, a 29 de Decembro, Gregório XIII recebe-o em audiência, como testemunha o “Diário”. A celeridade do encontro entre Montaigne e o papa fixo avançar a hipótese de unha motivaçón político-diplomática para a orixem da viáxe.

NICOLA PANICHI

¡¡ÁI, MISÉRIAS, MISÉRIAS!!

Os anarcos, non pisabam a Bodega Bohémia, por considerála a inmundícia de unha sociedade corrupta. “A arpía da Concha Piquer, tinha-se cargado a Miguel de Molina”, afirmabam. “Para quedar-se só”, remataba o caixista. E eu colhía uns cabreos lexendários porque adoraba a Concha Piquer. E a continuo adorando. “Esa zorra amiga de Serrano Súñer”, insistía o impressor. “A zorra será a tua irmán”, replicaba eu. Acredito que comecei a interesarme polos asuntos da política, porque esta xente sabía muitas cousas, que os demais ignorábamos. Tinham perdido a guerra, mas restába-lhes a sabedoría. Eu duvidába de que tán alto preço e sacrifício, tiveram merecido a pena. Aquel home bom, miope e sábio, tinha unha irmán que era unha santa. E non por falta de beleza e de sensibilidade, senón por convicçón: unha santa anarquista, que tinha dedicado a sua vida à causa e à que eu, por despeito, chamaba zorra. Decía-lhe eu ao velho, Felipe Padierna, o caixista, a tua irmán vai quedar para vestir santos. O de vestir santos, sacábao de quício (era a minha vinganza polos seus agrávios feitos à Piquer). Ademais da nostalxía e da solidón, os espanhois sofrián de outros males na Alemanha. Contába-mo, unha noite um austríaco borracho e impotente, Adolf Polster, que tinha sido das SS. Polster tinha boa memória e mala consciência. Traxinába em negócios de subcontrata para subempressas: perros xudeus, perros turcos, perros gregps; sem papeis, sem dereitos, sem nada. Essa mercadoría humana era a mais rentábel. Perguntei-lhe polos perros espanhois? Respondeu-me que, em linhas xerais, todos os espanhois chegabam com os papeis arranxados e com dereitos e que para o seu negócio, isso non era conveniente. “Eu colho-os só para malas “chapuzas”, duro “arbeiten” mas bom, com horas extras, mais dinheiro: cobram, calan, “sehr gut”. Adolf Polster era um “hijoputa”, “negrero” que, encima, vinha divertir-se a Espanha. Non era o único responsábel, pois suponho que tería os seus capatazes, os seus políticos untados com marcos cobertos de suor e de miséria proletária. Herr Polster, forrado de dinheiro, era um miserábel que non sabía como gastálo; senón, que facía naquel hotelucho? Misturado com o que começábamos a chamar “turismo de alpargata”. Por dinheiro, a seu sitio estaba mais arriba, nos luxos da Costa Brava; por mentalidade e educaçón, era um mais entre os proletas.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO

LOCKE (A ECLOSÓN DA BURGUESIA)

A guerra civil britânica de 1642 foi unha amostra das convulsóns que fustigariam os governos da Europa e que acabariam por dar orixem aos Estados modernos. Locke tinha dez anos quando começou o conflícto, apesar de a sua formaçón non ter sido afectada polo confronto bélico graças aos contactos que o seu pai urdíu no grupo vencedor. A família de Locke ficaria desde o início do lado do parlamento: o seu pai alistou-se para lutar e foi nomeado capitán de unha das milícias por Alexander Popham, fervoroso parlamentarista e home influênte na rexión; como vimos no capítulo introductório, este posicionamento do pai facilitaria, acabada a guerra, o acesso de John Locke às instituiçóns de ensino mais conceituadas do país. O conflícto puxo frente a frente o rei absoluctista Carlos I de Inglaterra e os defensores do parlamento britânico. Como xá fixéra o seu pai, Carlos I prescindia do parlamento à vontade, anuláva-o durante longos períodos, até que lhe voltára a interessar convocá-lo. As maiores disputas entre o rei e o parlamento surxiram por causa do dinheiro. O monarca pretendia usar os impostos para reforzar a marinha e pagar as campanhas bélicas que mantinha abertas contra a Holanda e a Espanha, enquanto o parlamento se opunha a isso. Certo é que obtivera algunhas victórias, como aquela que, com a axuda da França, propiciou a libertaçón da Flandres da coroa espanhola em 1643, mas também fracassou em muitas outras contendas. De modo que os latifundiários e os novos burgueses, que constituíam o parlamento e eram quem contribuía com o dinheiro, mostravam-se reticentes a gastá-lo em empressas com escassas possibilidades de sucesso. Carlos I, autoritário e pouco paciente, estaba convencido de que o seu estatuto emanaba directamente da divindade, e non ia permitir que um grupo de súbditos se opuxéram às suas ordens. O seu desprezo polos conselhos dos parlamentares e a sua mala xestón provocarom um grande mal-estar, que acabou por derivar nunha guerra civil em que cada inglês escolheu o seu bando, segundo os seus interesses e crenças. O norte e o Oeste do país optaram por apoiar o rei de forma xeneralizada, enquanto no Sul e no Leste se concentraram os defensores do parlamento. Instalou-se um conflícto em que a emerxente burguesia pôs em xeque a velha aristocrácia.

SERGI AGUILAR

PASSEIOS PARA UNHA TARDE DE SÁBADO (VILA DO CONDE)

Fomos de longada, alá polas once da manhán, de um dia marrulheiro que por fim acabou despegando sobre a tardinha. Caminho das praias de Lavra e de Vila do Conde, para comer e conversar demoradamente. O dia estaba de nevoeiro, e também bastante ventoso, non obstante a temperatura era agradábel para passear pola praia. Visitamos a praza do lugar, para “fisgonear” por ali as viandas que logo comeríamos no restaurante de primeira linha de praia, para disfrutar as vistas do mar sem fundo, e tomar um pouco de sol, que boa falta nos fái.

O restaurante estaba cheio de xente popular, misturada com os inimigos espanhois (que por esta vez, non eram ruidosos, e incluso falabam galaico-português) e bastantes reproductoras françêsas de muito boa aparência, ademais de pelengrinos que iban de xoelhos a Compostela para logo enforcar-se nas portas da catedral, dando assim unha liçón de humildade sem igual.

Cpmp bpns conhecedores, pedimos unha sopa de peixe, pois sabiamos que seguramente sería o melhor que ibamos a comer ali. As ameixoas, non é que foram realmente malas, nem que estiveram mal cocinhadas, mas a verdade diga-se, resultabam bastante vulgares. Depois, comemos unhas sardinhas assadas nas brasas como entrante, que estabam bastante bem. E para rematar, foi um rodavalho assado nas brasas, mas desafortunadamente, graças à minha impertinência crónica, acabamos sabendo que era de viveiro, o qual nos deixou bastânte decepcionados. Mas, para a proxima xá sabemos que há que pedir unha lubina grande, que saía das medidas setandard dos viveiros.

Seguidamente, e para fazer a dixestón, démos unha volta a pé pola areia, para deitar unha olhada sobre as “maruxainas” do lugar, o tempo seguía ventoso, polo qual partimos cara ó centro de Vila do Conde.

A entrada na cidade, baixo a presênça do imponente paço condal, sobre a que era antigamente a principal via de acçeso, resulta espectacular de verdade. Esta imáxe, permaneceu grabada na minha memória desde a infância. Logo de tomar uns chás de cidreira à sombra, como verdadeiros lords do século XXI, entramos no bpnito mercado municipal.

Há que dar unha volta pola fermosa vila,

Também, para as almas que necessitem orientaçón, tenhem aquí esta torre defensíba adosada a unha igrexa, formando um soberbo conxunto.

Mas, sobre tudo, unha obra monumental, o aqueducto de Vila do Conde, que acredito sexa o mais grande do país.

LÉRIA CULTURAL