Arquivos diarios: 31/03/2021

DERRIDA (ESPORAS E O CARTÓN-POSTAL)

A orixem de “Esporas” debe situar-se na conferência que Derrida deu no Colóquio de Cerisy-la-Salle de 1972, dedicado a Nietzsche. Por seu lado, “O Cartón- postal” procede de unha longa sedimentaçón, como é denunciado pola sua heteroxénea abranxência, misturando-se com um entrançado de anotaçóns autobiográficas. O seu próprio detonador foi acidental: um postal adquirido em Oxford, que representaba um desenho do século XIII em que se via Platón a ditar um texto a Sócrates, sentado nunha sala de aula. A partir daqui, a partir desta cena de “inscripçón”, em que os papéis dos filósofos se tenhem alterado, começa Derrida a urdir o seu enredo: um epistolário a propósito de unha carta perdida em que som exploradas as ambivalências do amor, em diálogo com Freud (e Lacan). O ponto de partida de Esporas será igualmente chocante: trata-se de um texto sobre Nietzsche e a questón do estilo, porém começará por advertir que o tema vai ser a mulher, non o femenino nem o feminismo, mas a mulher e a sua relaçón essencial com a verdade na obra de Nietzsche. Derrida entende que o perspectivismo de Nietzsche coloca o conceito de verdade entre aspas, começa a usá-lo com essa distância, e chama a este procedimento “operaçón femenina”. Desta maneira, todo o leque de citaçóns de Nietzsche em que este pôn em questón a mulher, começa a deixar-se ler de outra maneira. Em ambos os textos será unha questón do falogocentrismo. Derrida entende como tal a unión entre o centro do “logos” (o significado ideal que preexistiria à escrita) e o centro do “falo” (que Lacan considera o significante do desexo): nomeia assim “a ereçón do logos paterno (o discurso, o nome próprio dinástico, rei, lei, voz, eu, o véu do eu-a-verdade-falo, etc…) e do falo como significante privilexiado”.

Miguel Morey