FOUCAULT (AS PALABRAS E AS COUSAS)

Conforme os anos sessenta avançam, torna-se cada vez mais clara a impressón de que a intelixência parisiense está a ganhar unha substancial proeminência. A axitaçón intelectual é mais que notábel, sucedem-se as publicaçóns, os eventos. Em 1964, Foucault participa no colóquio organizado por Deleuze sobre Nietzsche, em Royaumont, que foi visto como a grande manifestaçón do neo-nietzscheanismo francês, xuntamente com o de 1972, em Cerisy-la-Salle. Dessa época data a sua relaçón, intensa e frequente, com R. Barthes, G. Deleuze, ou P. klossowski. Prossegue a sua reflexón, expandindo agora o campo abranxido: se no seu primeiro texto se questionara sobre a loucura e no segundo sobre a doença, agora concentrava o alcance do olhar nas ciências humanas. O libro acabará por chamar-se “As Palabras e as cousas” e o seu subtítulo proporá “Unha Arqueoloxía das Ciências Humanas”. E esta non será a única diferênça. Cabe destacar outra importante quanto ao método agora, no seu percurso histórico, perseguirá apenas unha das dimensóns, a discursiva, suspendendo o seu correlativo institucional. “Ao tentar fazer o xogo de unha descripçón rigorosa dos próprios enunciados” – declarou (entrevista concedida a R. Bellour, 1967) – “dei-me conta de que o domínio dos enunciados obedecia a leis formais, que podia encontrar-se, por exemplo, um único modelo teórico para domínios epistemolóxicos diferentes e que, neste sentido, podia inferir-se unha autonomia do discurso. Mas é desinteressante descrever esta camada autónoma dos discursos a non ser na medida em que se pode pôr em relaçón com outras camadas, prácticas, instituiçóns, relaçóns sociais, políticas, etc…” Em “As Palabras e as Cousas”, a questón dirixe-se às condiçóns discursivas que tornaram possíbel o surximento das ciências humanas, compreendendo que estas son efeito de unha mutaçón nas estructuras cognoscitivas. Foucault dará a denominaçón de “episteme” aos sistemas de ordenaçón dominantes num determinado momento. E entenderá que as “epistemes” son unha espécie de “a prioris” históricos (inconscientes para os utilizadores) em cuxo interior e a partir dos quais se organizam os procedimentos cognoscitivos dos ramos do conhecimento correspondentes, num determinado momento histórico. O umbral da ruptura continuará a ser o mesmo dos outros textos: a Revoluçón Francesa. Para trás ficará o classicismo (XVII-XVIII), à frente a modernidade de que somos herdeiros. Como “História da Loucura”, o seu percurso inicia-se nesse momento vago no qual a Idade Média se abre ao Renascimento. O que lhe interessará particularmente é a diferença radical que separa a “episteme” clássica ( que se ordena por representaçóns) da precedente, a “episteme” renascentista (que se ordena por semelhanças). O nascimento da “episteme” moderna surxirá precisamente abrindo de novo outra diferença radical, agora relativamente à “episteme” clássica. Foucault exemplifica-a com a afirmaçón de Kant, segundo a qual as perguntas fundamentais da razón (O que podo saber? O que debo fazer? O que me é permitido esperar?) som resolvidas nunha única pergunta: O que è o home? Escreve Kant: “No fundo, todas estas disciplinas (a metafísica, a moral, a relixión) poder-se-iam reformular na antropoloxía, porque as três primeiras questóns remetem à última”. Isto é – postula-se – se fosse possíbel responder à pergunta sobre o ser do home, todas as outras questóns seriam respondidas. A partir de agora xá non será a representaçón a impor a sua unidade aos discursos de conhecimento, será o home quem contém todas as respostas. Em consequência, Foucault mostrará morosamente como se transferem e reformulam os antigos campos de conhecimento e os seus procedimentos metódicos de unha “episteme” para a outra. Sendo a vida, o trabalho e a linguaxem as áreas eminentes que na modernidade caracterizam a especificidade do dominó antropolóxico, Foucault aplicar-se-á no estudo dos domínios discursivos correspondentes, mostrando como a análise das riquezas se transforma em economia política, a gramática xeral em filoloxía, ou a filosofía natural em bioloxía, uns rexidos pola representaçón, outros polo lado da viraxem antropolóxica Kantiana. O próximo passo será entón estabelecer a filiaçón directa das ciências humanas em relaçón a estes três domínios discursivos. Assim, da bioloxía derivará a rexión psicolóxica (que encontra o seu lugar onde a ser vivo se abre à possibilidade da representaçón), da economia, a rexión sociolóxica (que encontra o seu lugar onde o indivíduo que trabalha dá a representaçón da sociedade na qual exerce a sua actividade), e da filoloxía, a rexión simbólica (que encontra a seu lugar onde o home fai passar as suas representaçóns através das leis e das formas de unha linguaxem).

MIGUEL MOREY

Deixar un comentario