Arquivos mensuais: Novembro 2020

CANCIONEIRO D’AJUDA (XCIII)

SENHORA FERMOSA DES QUE VOS AMEI

Pola verdade que digo sennor me

queren mal os mais dos que eu sei. por

que digo que sodes a melhor dona domun

do. e verdade vos direi. ia meles senpre

mal poden querer. por aquesto mais en

quanteu viver nuncalles tal verdade

negarei.

E mia senor en quanteu vivo for.

se non pder aqste sen que ei.

mal pecado de que no ei pavor.

de o no pder. o no pderei

ca pderia pelo sen pder.

gn coita q me fazedes aver.

senor fremosa des q vos amei.

.

CANCIONEIRO D’AJUDA (XCIII)

RAWLS (COMO SE SALVAGUARDA A DIGNIDADE NA VIDA POLÍTICA REAL?)

As ideias iluministas de Rousseau trazem um novo ponto de vista contractualista, xá non é suficiente que as leis do Estado sexam úteis ou que non transgridam a liberdade natural dos indivíduos. É necessário, além disso, proporcionar segurança xurídica e protexer a liberdade dos cidadáns, para que elas próprias resultem da liberdade. As leis som lexítimas se a submissón à sua capacidade de coerçón for libre, e esta só é possíbel, em termos políticos, se for o resultado da “vontade xeral”. Mas, mais unha vez, a forma de comprobaçón do consentimento é um obstáculo intransponíbel para o contractualismo. Agora, o consentimento non é tácito, mas expressón, pois surxe de unha vontade xeral que, curiosamente, segundo Rousseau, non tem motivos para coincidir com a vontade real dos indivíduos nem sequer com a vontade de todos ou da unanimidade. A vontade xeral, escrebe Rousseau em “O Contracto Social” implica “o alheamento total de cada associado, com todos os seus direitos, da comunidade (…) quando o alheamento se fai sem reservas, a unión chega a ser a mais perfeita possíbel”. Non é difícil vislumbrar o problema deste tipo de consentimento e o facto de poderem ser feitas interpretaçóns pouco ou nada democráticas desta formulaçón. Immanuel Kant propón unha saída para esta dificuldade. Deixa de pensar no contracto social como um facto empírico do passado e conceptualiza-o como um contrafactual, ou sexa, como unha “ideia reguladora” abstracta que serve de espelho para xulgar a validade de um contracto social real. A ideia kantiana é basear a lexitimidade do contracto na sua teoria ética da dignidade humana, brilhantemente expressa com a fórmula dos imperativos categóricos. Qualquer lei baseada no contracto social é xusta se respeitar a dignidade de todo o ser humano. Mas que conteúdo concreto debe ter o contracto além desta declaraçón de boas intençóns? Como se salvaguarda a dignidade na vida política real? A proposta “realisticamente utópica” de Rawls pretende responder a esta questón fundamental. Rawls defende que podemos saber quais os conteúdos da xustiça se nos perguntarmos que princípios escolheriam os indivíduos nunha situaçón inicial de igualdade. O obxectivo do contracto social rawlsiano é encontrar um ponto de vista político imparcial em relaçón às concepçóns compreensivas ou substantivas do bem humano que coexistem nunha sociedade democrática e plural. Trata-se de chegar a um acordo equitativo entre as pessoas idealmente racionais (que defendem o seu próprio interesse) e razoábeis (que o defendem aceitando regras de cumprimento igual para todos). Esse ponto de vista aparece nunha hipotéctica posiçón orixinal (orixinal position), o lugar onde simbolicamente se debe assinar o contracto social, e se consegue graças à restriçón do “véu de ignorância” (veil of ignorance). A posiçón orixinal é o enquadramento teórico-hipotéctico da negociaçón entre pessoas racionais que visam o seu próprio interesse. Mas, ao mesmo tempo, funciona como garantia da equidade do acordo devido ao isolamento das continxências pessoais que o “véu de ignorância” impón. Nesta situaçón orixinária e contrafactual, as pessoas que participarem na negociaçón e que se veem como cidadáns libres e iguais.

ÁNGEL PUYOL

GALLEIRA (14)

Tanto santo Martinho Dumiense, como o segundo Concílio Bracarense, referem-se únicamente às árbores, fontes e pedras. Non mencionam mais. O que non pode negar-se é que em todas elas parece perpectuar-se a lembrança da resistência das crênças antigas perante a doutrina do Evanxélio, pois a elas vai unido o castigo do céu que as abrasa ou anega: isto no caso de non ter tomado o efeito pola causa, e estabam destruídas e aniquiladas, supunham que milagrosamente e polas suas grandes culpas e extravíos tinham sido tán cruelmente tratadas polo céu. Que se sinálem na Galiza tantas cidades de Valverde destruídas e cobertas polas àguas e que a mais de unha se lhe chame “Lucerna”, acreditamos sexa reminiscência dos românces de milágres que se compuxérom e cantarom à porta da igrexa de Santiago, românces cuxa extensón debeu ser grande polas circunstâncias especiais desta romaría. Encontrámo-los pertencentes ao cíclo carolinxio, e portanto supômos fundadamente que entre eles haberia algum, tomado de aquel passaxe da “Vida de Carlo Magno”, polo pseudo Turpin, no qual se narra a destruçón da cidade de Lucerna no Val Verde. Rodeada de fortes muros que lhe permitirom resistir o poder de Carlos, só pudo ficar inhabilitada e desfeita, graças ao milagroso auxílio de Deus e do Apóstolo Santiago. Segundo a Crónica, no seu centro formou-se um puzo de àgua negra, no qual viviam grandes peixes, todavia mais negros que as àguas. E ¿Quem non vê nestes detalhes da tradiçón apoiáda nos feitos e declarada a existência de outra cidade lacustre mais na nossa Galiza? A lenda extendeu-se a outras localidades, graças à Crónica ou aos românces, é mais que probábel. Também a lembrança da cidade de Lucerna, consignado na Crónica, está bassado num fundo tradicional, e feitos e detalhes e nomes tomados de lábios populares, e talvés também da extricta realidade. É mais, pode-se sinalar com mais seguridade que até agora, a localidade à que se refere o falso Turpin. Non sería outro que o lago Carrucedo, no Berço, ao qual vivem unidas todavía várias e curiosas lendas próprias da maior parte das estaçóns lacustres. O val “verde e forte” non sería outro que o de Valcárcel, sobre tudo quando se menciona a Carcesa, em Val-Verde, e Valverde está perto do lago.

MANUEL MURGUÍA

BERKELEY E SWIFT (DUAS MANEIRAS DE ENFRENTAR A INXUSTIÇA NA IRLANDA)

As vidas paralelas de Berkeley e Swift, demonstram muito bem as diferêntes formas de abordar os acontecimentos que os dous viveram e sofreram. E as respectivas obras som um claro exemplo da ligaçón que ambos estabeleceram entre a produçón filosófica ou literária e a vida quotidiana. George Berkeley (1685-1753) e Jonathan Swift (1667-1745), conhecido sobretudo por ser o autor do clássico “As Viaxens de Gulliver”, foram contemporâneos e amigos. Eram ambos irlandeses e pastores anglicanos. Berkeley, como sabemos, nasceu em Kilkenny, enquanto Swift nasceu em Dublin e estudou na escola de Kilkenny. Ambos realizaram os seus estudos superiores no Trinity College de Dublin, embora Swift se tenha graduado no ano em que Berkeley nasceu. “Nunca se ria, tinha um sembrante azedo e severo, que raramente suavizaba com unha expressón de alvoroço. Resistia com teimosia a qualquer vislumbre de riso.” Assím era descrito Jonathan Swift por Samuel Johnson. Hoube entre Berkeley e Swift um episódio próprio de unha novela romântica. Esther Vanhomrigh, apelidada de “Vanessa” e a mulher que Swift amava, deixou, ao morrer, metade da sua fortuna a Berkeley. Unha fortuna para a época: três mil libras, o equivalente hoxe de quase 300. 000 euros. Com esse dinheiro, Berkeley zarpou em 1728 rumo à América. Residiu três anos em Rhode Island, durante os quais escrebeu o seu libro Alciphron, unha obra, como sabemos, contra o libre-pensamento e em defesa do teísmo. Certamente, o autor de As Viaxes de Gulliver” (que tinha concluído nas suas Meditaçóns sobre um Cabo de Vassoura, que o home é apenas um producto conformado pola organizaçón política e pola Igrexa) non se entusiasmou com o modo como o seu amigo Berkeley investiu a fortuna que tinha recebido surprehendentemente da sua amada e amante Vanessa, aliás nái da sua filha. Consta que, antes de morrer, Vanessa discutiu com Swift e mudou o testamento a favor de Berkeley, que o interpretou como um desígnio divino para que fundasse a sua missón nas Bermudas. No entanto, este acontecimento non provocou a ruptura de Berkeley com Swift, entre outras cousas porque o filósofo non correspondia nem na forma nem no conteúdo ao protótipo do seductor típico.

LUIS ALFONSO IGLESIAS HUELGA

O CLÁN DO TROMENTELO

O Tromentelo, continua o seu convívio através de décadas a fío, até ao ponto de se ter tornado imprescindíbel nas nossas vidas.

. COMIDAS PARA UM OUTONO

SOPA DE FEIXÓN ENCARNADO

6OO Gramos de feixón (deitar o feixón de molho de um dia para o outro) (sacar a metade dos feixóns despois da cozedura) (triturar a metade do feixón na àgua da cozedura). Dous litros de àgua. Unha cebola grande. Um tomate grande. Um decelitro e meio de azeite, meia couve-lombarda, um ramo de cheiros, sal e pimenta.

COELHO GUISADO COM BATATAS

Um prato suculento, e ainda por cima, cozinhado pola grande Rosa Maria Fernández Sebastián.

SOPA DE ABÔBORA

Cortar a abôbora em dados, despois de retirar as semêntes. Logo eliminar a casca dura exterior de cada pedazo. Duas cebolas e dous tomates. Alhos e três decelitros de azeite. Ferver tudo xunto durante quarenta e cinco minutos, despois de cortados grosso-modo. Sacar a panela do lume e triturar tudo bem triturado, sazonar e envolver com um pouco de pimenta.

AMEIXOAS COM FIDEOS

500 Gramos de fideos ecolóxicos. Três quilos de ameixoas roxas de Carril. Duas cebolas, três pimentos verdes, quatro dentes de alho. Dous litros de caldo de verduras ecolóxico. Sal gordo (Marnoto), azafrán em rama, azeite e salsa picada. Refogar a cebola nunha panela grande, os pimentos e os alhos tudo picado. Sazonar e rustir durante cinco minutos aproximadamente. Agregar o caldo de verduras, deixar ferver e depois deitar os fideos e o azafrán. Cozer tudo durante dez minutos, logo incorporar as ameixoas, deixar que abram todas e servir com a salsa picada por cima.

As feixoas, som a fruta do momento, acompanhadas polas castanhas e polas mazans.

As Mazans Assadas no forno, com um pouco de mel nos buracos, som a melhor maneira de acabar este farturento artigo.

O TROMENTELO

THOMAS S. KUHN (A ESTRUCTURA DAS REVOLUÇÓNS CIENTÍFICAS)

Em “A Estructura das Revoluçóns Científicas, Kuhn apresentou unha visón da actividade científica radicalmente inovadora e em contradiçón com a dominante até entón na filosofia da ciência. Alguns comentadores assinalaram que essa nova perspectiva tinha algúns antecessores, como o historiador xá mencionado Alexandre Koyré, o médico e filósofo Ludwik Fleck e o filósofo da ciência Stephen Toulmin, entre outros. Em todo o caso, é indubitábel que, pola articulaçón e polo desenvolvimento das teses, pola sua elaboraçón e precisón posteriores, e sobretudo pola enorme influênça que exerceram na filosofia da ciência (e non só), pertence a Kuhn o protagonismo no surximento da nova concepçón das características essenciais das ciências empíricas. Em “A Estructura das Revoluçóns Científicas”, Kuhn trata de forma compacta quase todos os temas fundamentais da filosofia da ciência nunha perspectiva completamente inovadora. Vexamos quais som os elementos essenciais da nova abordaxem. É frequente interpretar o significado da “revolta historicista” na filosofia da ciência, de que Kuhn foi o grande protagonista, como argumento a favor de unha perspectiva histórica na análise da ciência. No entanto, seria unha interpretaçón demasiado restrictiva das consequências epistemolóxicas e metodolóxicas da abordaxem Kuhniana. Com efeito, Kuhn também oferece unha perspectiva nova sobre o que poderíamos chamar a estructura “estáctica” da ciência, independentemente do seu devir histórico, sobretudo no que concerne ao conceito de teoria científica e à relaçón entre teoria e experiência. Para comprehender devidamente este ponto é preciso recordar alguns elementos essenciais da forma como os filósofos anteriores a Kuhn, sobretudo os positivistas lóxicos e Popper, conceberam a estructura das teorias científicas, a sua relaçón com a experiência e as relaçóns entre teorias rivais. Na concepçón clássica da ciência, unha teoria científica consiste nunha série de axiomas ou princípios fundamentais, formulados nunha linguaxem específica própria, que costuma ser classificada como “linguaxem teórica”. Desses axiomas som extraídas as suas consequências lóxicas (os teoremas), que som contrastadas com a experiência (observaçóns ou experiências), descrita nunha linguaxem completamente independente da teoria, precisamente o que se denomina “linguaxem observacional”. A linguaxem teórica e a observacional debem, em princípio, estar ligadas entre si, por intermédio de um tipo mixto de proposiçóns chamadas “regras de correspondência”, que vinculam alguns dos termos teóricos a alguns dos observacionais. A título de exemplo, consideremos a termodinâmica dos gases. A conservaçón da enerxia e o aumento da entropia em todo o processo termodinâmico som dous dos princípios da teoria. Neles aparecem as expressóns “enerxia” (interna) e “entropia”, tipicamente teóricas (ninguém pode abservar, quer dizer, ver, ouvir ou tocar a enerxia interna de um gás ou o seu aumento de entropia). Desses (e de outros) princípios teóricos podem deduzir-se certos teoremas, que, combinados com as regras de correspondência, permitem estabelecer certas proposiçóns observacionais, por exemplo, a proposiçón “Se aquecermos um gás a unha pressón constante, ele dilatar-se-á” (em que aquecer e dilatar som termos claramente observacionais: podemos perceber directamente quando se aquece um gás ou quando se dilata). Podemos verificar pola experiência que esta proposiçón é correcta.

C. ULISES MOULINES

UM “CHARNEGO” NA PRÁIA

Eu chegaba à Costa Dorada, como acredito ter dito, de rebote da Universidade Laboral de Tarragona. Isto significa, que vinha da ortodóxia disciplinária, para a heterodóxia concupiscente. As Universidades Laborais eram, segundo a propaganda oficial, a grande obra social do “Régimen” de Franco; mais concretamente, a grande obra social de José António Girón de Velasco, falanxista tumultuoso, excombatente da “Cruzada” e Ministro de Trabalho durante um montón de anos. As Universidades Laborais impartíam unha formaçón a metade do caminho, entre a peonaxem especializada e unha titulaçón superior. Para mím, despois do fracasso como perito industrial, quixérom facer-me um experto em ruralidades agropequárias. Éramos uns quantos em parecidas circunstâncias, pouco temerosos de Deus e nada temerosos dos homes. Muito pronto fomos convertidos nunha verdadeira banda, uns pudrideiros de vícios e xermens de subversón e indisciplina: a escória da Laboral. Era este um microclima pechado, com seis coléxios de nomes tán definitórios como Onésimo Redondo e Ledesma Ramos, logo os preceptívos Francisco Franco e José Antonio, terminando polos mais inóquos de Eugenio D’Ors e Raimundo Lulio. Éramos um curso com afecçóns intelectuais mas destino agrário, sempre de parranda e com unha paixón irresistíbel por uvas e “majuelos”. Nada tinha que ver esta afecçón com a agricultura, senón com etílicos desbaraxustes. Non aceitábamos estar alí condenados à ciência do estrûme, ao ciclo mitolóxico dos cereais, à natureza nutritíva das hortalizas e ao bucólico enígma da gandeiría. Se bem se mira, aqueles estudos poderíam resultar apaixoantes. Mas, em vez de exámes, preferíamos vagância, e em lugar de prácticas na granxa da Universidade, excursóns polos lupanares das muralhas romanas.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO