Arquivos diarios: 10/11/2020

¡¡QUE NADA SE SABE!! (40)

Há outro xénero de cousas -completamente oposto ao das grandes cousas- cuxo ser é tán diminuto que com dificuldade pode ser comprehendido pola mente. E destas existe grande abundância; sendo o seu conhecimento sumamente necessário para a ciência, non obstante quase carecemos del. Tais som talvés todos os accidentes, que apenas som nada, até ao ponto de que non houbo ninguém até agora que tenha podido explicar perfeitamente a sua natureza, assim como tampouco a das demais cousas. Non sabemos nada, logo ¿como podemos explicá-lo? E non há que extranhar-se de que alguns tenham pensado que os accidentes non som nada em si mesmos, senon tán só certas aparênças com respeito a nós, aparênças que, segundo a nossa variada condiçón e disposiçón, aparecem diversas; por exemplo: o que têm febre acredita que todas as cousas estám quentes, e tudo é amargo para quem tem a língua impregnada de bilis amarela. Todavía há nas cousas outra causa da nossa ignorância, a saber, a duraçón permanente de algunhas e, polo contrário, a permanente xeraçón de outras, a sua permanente corrupçón e câmbio. De tal maneira que non poderás dar razón nem daquelas, posto que non vás a viver sempre, nem de estas, pois nunca som enteiramente as mesmas, senon que agora som, logo non som. De ahí vem que a disputa em torno da xeraçón e da corrupçón esté todavía “sub judice”.

FRANCISCO SÁNCHEZ

LITERATURA CLÁSSICA LATINA (13)

OS ANNAIS DE ENNIO

Ennio foi mais lonxe que Nevio na helenizaçón da forma da épica latina, plasmando-a em libros com unidade estéctica e moldurândo-a em hexámetros homéricos. (El Bellum Poenicum foi dividido em sete libros non polo seu autor, senon por Octavio Lampadio, contemporâneo de Accio que habia aprendido o seu sentido do “decorum” neste ponto dos poetas helenísticos em xeral e de Ennio em particular. A extensón dos libros estaba entre 1000 e 1700 versos cada um; os fragmentos alcanzam apenas a metade de um libro, e representam menos da trinteava parte de um poema que na sua forma final tinha deçoito libros. A maioria dos fragmentos están asignados ós seus libros correspondentes e os gramáticos e outros autores aludem ao conteúdo de alguns: por isto e também porque o tema era histórico, narrado cronolóxicamente, ainda que com muito detalle, os intentos de reconstrucçón non som inúteis. Parece que Ennio dispuxo a sua obra em cinco tríadas de libros, abarcando cada um período coherente da história de Roma. Estes quince libros cubriam mais ou menos exactamente mil anos no cômputo da época, e isto pode ser relevante para a estructura do poema. Nos últimos anos da sua vida (morreu no 169 a. C.), Ennio acrescentou unha sexta tríada, que circulou por separado. A primeira tríada cubría a idade mítica, desde a caída de Troia até ao final da monarquía. Como é usual em autores dos quais quedam fragmentos, o primeiro libro é o melhor representado. Começa com unha invocaçón às Musas. Ennio narraba um sonho que fai recordar formalmente ao famoso proémio de Hesiodo (Teogonía) e ao de Calímaco (Aetia), no qual relataba como o espírito de Homero lhe apareceu e rebelou que el, Homero, se tinha reencarnado em Ennio. Esta extraordinaria pretensón afirmaba a importância excepcional do tema de Ennio, mas non resulta claro como o pensaba Ennio literalmente. A alegoría, ainda que todavía non era alusón literária, era familiar ao público através da traxédia; ao mesmo tempo, o próprio Ennio estaba interessado sériamente no misticismo astral posplatónico e nas ideias pitagóricas da reencarnaçón, crênças que gozarom de certa popularidade em Roma na década do 180-170 a. C. A narraçón comezaba com o saqueio de Troia, a fuxida de Eneas, a sua chegada a Itália, a aliança com Latino e a sua morte; de maneira que em menos da metade do primeiro libro Ennio recorría mais espaço-tempo que Virxílio em toda a Eneida. Ilia, a quem Ennio facía aparecer como filha de Eneas, tinha um papel destacado na continuaçón. Narraba um extraño sonho que presaxiába o seu futuro, e enxendrou de Marte ós dous xémeos Rómulo e Remo, que nesta versón eram por tanto netos de Eneas. Ao remontar-se à xenealoxía dos xémeos, Ennio puxo a Ilia no centro do escenário e evidentemente a presentou como figura tráxica, como se fora unha das suas dramáticas heroínas. Este énfase no carácter e na psicoloxía femenina era tipicamente helenística. O resto do libro narra a história dos xémeos, seguindo ao parecer, a versón corrente, como a que recolheu uns anos antes em grego Fabio Píctor, e a culminaçón do libro I era a fundaçón da cidade. Um fragmento importante, descrebe a consulta dos auspícios com mirada precisa sobre o ritual romano contemporâneo, e o silencio dos observadores compara-se curiosamente com o das xentes nos xogos, quando esperam sem respirar que o cónsul dê o sinal de partida para a carreira de carros. De maneira característica estes anacronismos implicam a tradiçón, a continuidade e inclúso a atemporalidade das instituiçóns públicas. Noutro lugar deste libro había unha assambleia de deuses ao estilo homérico, na que se discutía a deificaçón de Rómulo como se fora unha reunión do Senado. Lucilio e Séneca, fariam mais tarde unha paródia deste assunto.

E. J. KENNEY E W. V. CLAUSEN (EDS.)