Arquivos diarios: 01/11/2020

UM “CHARNEGO” NA PRÁIA

Eu chegaba à Costa Dorada, como acredito ter dito, de rebote da Universidade Laboral de Tarragona. Isto significa, que vinha da ortodóxia disciplinária, para a heterodóxia concupiscente. As Universidades Laborais eram, segundo a propaganda oficial, a grande obra social do “Régimen” de Franco; mais concretamente, a grande obra social de José António Girón de Velasco, falanxista tumultuoso, excombatente da “Cruzada” e Ministro de Trabalho durante um montón de anos. As Universidades Laborais impartíam unha formaçón a metade do caminho, entre a peonaxem especializada e unha titulaçón superior. Para mím, despois do fracasso como perito industrial, quixérom facer-me um experto em ruralidades agropequárias. Éramos uns quantos em parecidas circunstâncias, pouco temerosos de Deus e nada temerosos dos homes. Muito pronto fomos convertidos nunha verdadeira banda, uns pudrideiros de vícios e xermens de subversón e indisciplina: a escória da Laboral. Era este um microclima pechado, com seis coléxios de nomes tán definitórios como Onésimo Redondo e Ledesma Ramos, logo os preceptívos Francisco Franco e José Antonio, terminando polos mais inóquos de Eugenio D’Ors e Raimundo Lulio. Éramos um curso com afecçóns intelectuais mas destino agrário, sempre de parranda e com unha paixón irresistíbel por uvas e “majuelos”. Nada tinha que ver esta afecçón com a agricultura, senón com etílicos desbaraxustes. Non aceitábamos estar alí condenados à ciência do estrûme, ao ciclo mitolóxico dos cereais, à natureza nutritíva das hortalizas e ao bucólico enígma da gandeiría. Se bem se mira, aqueles estudos poderíam resultar apaixoantes. Mas, em vez de exámes, preferíamos vagância, e em lugar de prácticas na granxa da Universidade, excursóns polos lupanares das muralhas romanas.

JAVIER VILLÁN E DAVID OURO