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Probavelmente, a palabra “crise” é a que mais se repete no título dos seus ensaios destes anos: “A crise na educaçón”, “A crise na cultura”, “Crise da república”… Torna a ser relevante ter em conta o contexto, pois som libros muito relacionados com a turbulência da política americana e a situaçón mundial do momento. Terminado abruptamente o sonho dourado com o assassinato de Kennedy e a crise dos mísseis de Cuba em 1962, Arendt manifestou-se várias vezes contra a guerra do Vietname. Da mesma forma, escrebeu sobre o papel da mentira na política, quando se soube como o governo de Nixon mentira ao país para xustificar a intervençón militar no Vietname, através da publicaçón dos “Papéis do Pentágono”, num prenúncio do que seria o caso Watergate mais à frente, ou até o caso Wikileaks hoxe em dia. Escrebeu também sobre a desobediência civil de acordo com o movimento de defesa dos direitos civis nos Estados Unidos e com a resistência cívica à guerra, ou sobre os problemas da segregaçón racial dos afro-americanos. Outro dos problemas candentes do final da década de 1960, muito presente tanto nas discusóns públicas como no activismo político era, sem dúvida, a relaçón entre violência e poder: o poder é a expressón da violência de alguns? Podemos desligar o conceito do poder da violência e da força? O poder é um fenómeno exclusivamente governamental? O seu ensaio “Sobre a Violência” (1969) é, neste sentido, unha das obras fundamentais para comprehender a política – e, consequentemente, o poder – fora da categoria de dominaçón. Em suma, poderíamos dizer que os seus textos de 1960-1970 apelam para unha intervençón colectiva da cidadania no espaço público, entendendo a democracia e o poder como esse exercício cidadán da acçón colectiva, como unha acçón de defesa do público a partir da sociedade civil. Contudo, non debemos pensar que estes ensaios som de forma algunha meros comentários descriptivos dos factos históricos do momento. Polo contrário, encontramo-nos perante unha profunda reflexón filosófica sobre as experiências políticas do seu tempo, um pensamento normativo sobre aspectos fundamentais da política: a responsabilidade inherente à cidadania, o poder, a liberdade pública ou as possibilidades da acçón colectiva, questóns que reaparecem na sua obra de forma recorrente. A sua análise non parte de conceitos prévios, mas das experiências políticas, dos acontecimentos, e é a partir dessas experiências que constrói e reelabora termos como poder, violência ou acçón.
CRISTINA SÁNCHEZ