Arquivos diarios: 15/10/2020

ROUSSEAU (QUANDO E ONDE)

Também non deixa de ser fundamental, non xá “quando”, mas “onde” nasceu Rousseau, posto que aconteceu em Genebra; de facto, gostaba de assinar as suas obras como “o cidadán de Genebra”. As paisaxens idílicas daquelas terras deixar-lhe-ian unha marca tán indelébel como o orgulho de se sentir cidadán. Genebra tinha (ia dizer que ainda tem, dada a sua proverbial neutralidade nas duas guerras mundiais e o seu indiscutíbel poderio financeiro) um significado simbólico em termos políticos que excedia, em muito, a sua dimensón e peso económico real. D’Alembert, no artigo “Genebra” da Enciclopédia, que data de 1758, escrebe cousas como estas: “É assaz singular que unha cidade com apenas 24.000 almas e cuxo território é muito pouco extenso non deixe de ser um Estado soberano e unha das cidades mais florescentes da Europa. Rica pola sua liberdade e comércio, os acontecimentos que axitam a Europa som para ela somente um espectáculo que contempla sem se imiscuir. Genebra oferece um quadro tán interessante como a história dos grandes impérios”. Claro que Genebra era um ilhéu republicano e protestante no meio de unha Europa monárquica e intransixentemente católica. Genebra tinha alcançado nessa época um dinamismo excepcional, tal como antes o tinham feito outras pequenas cidades-estado, como Atenas, Veneza ou Florença. Além de outros refinamentos artesanais, os seus relóxios xá eram famosos e muito apreciados em todo o mundo. Mas também foi um esplêndido laboratório de ciência política. Ao longo da sua história, a cidade fora dotada de organismos distintos, como o Conselho Xeral, que anualmente elexía os administradores responsábeis pola xestón perante a comunidade, ou o Conselho dos Duzentos, encarregue de nomear os membros do Pequeno Conselho, que non só exercia o autêntico poder, como, por sua vez, cooptaba os integrantes do Conselho dos Duzentos. O povo era nominalmente soberano, mas apenas os cidadáns podiam aceder ao Pequeno Conselho e às maxistracturas; excluídos ficavam os meros burgueses que tinham comprado os seus direitos, à marxem de serem habitantes ou nativos. No entanto, num texto datado de 1734, intitulado “Representaçón dos Cidadáns e Burgueses de Genebra”, eram postulados alguns princípios que encontram um certo eco em “O Contracto Social” de Rousseau: “O povo de Genebra é libre e soberano, mercê da revoluçón que se seguiu à introduçón da Reforma nesta cidade. Nascemos libres e soberanos, toda a autoridade de que goza o nosso maxistrado é recebida do Conselho Xeral e debe ver-se limitada polas leis que este prescrebe, às quais non lhe está permitido esquivar-se”. Desde que abandona Genebra, em 1728, e chega a París em 1742, Rosseau vive a maior parte do tempo em Saboia, o que o fez converter-se durante um tempo ao catolicismo, fazendo-o perder a sua cidadania orixinal. A escolha de Saboia, onde conheceu dous abades que inspirariam “A Profissón de Fé do Vigário Saboiano”, implicaba unha autêntica transformaçón relixiosa e cultural, graças à qual Rousseau realizou um duplo traxecto relixioso e social que, além disso, foi de ida e volta, dado que voltou a subscreber o protestantismo.

ROBERTO R. ARAMAYO