Arquivos diarios: 12/08/2020

NIETZSCHE (INCIPIT ZARATUSTRA)

Tentando estabelecer o que nos diferencia do resto dos animais, o ser humano tem sido definido tradicionalmente como “animal racional”, “animal social”, “animal relixioso”, “animal simbólico”, etc… Nietzsche, polo contrário, prefere falar de um “animal fantástico”: para habitar o mundo, os seres humanos necessitam de fabricar ficçóns ou ilusóns. Recordemos que “Fântaso” era um dos deuses gregos responsábeis polos sonhos. Nesta perspectiva, a morte de Deus é unha perda terríbel: esfuma-se a nossa “criaçón poética” mais importante, a mais útil, a que nos daba maior abrigo. Mas trata-se também de unha ocasión única: libraría-mo-nos da ficçón que mais nos disminúi, a mais venenosa. Os “animais fantásticos” están finalmente em condiçóns de inventar novas ficçóns que por fim sexam feitas à respectiva medida. Nós os órfáns de Deus, temos unha oportunidade histórica de conquistar a autonomia perdida, de devolver ao ser humano o que durante milhares de anos ofertámos à divindade. Como insinuaba o louco da lanterna, para sermos dignos da morte de Deus temos de “nos transformar em deuses”. Mas non se trata de por outra cousa no lugar que Deus ocupaba ( a Humanidade, a Razón, o Progresso, a Naçón, etc… ). Trata-se de que cada um de nós se transforme num Deus. Face ao monoteísmo de raiz cristán, Nietzsche propón o politeísmo mais extremo. A morte de Deus é unha má notícia para os conservadores e para os fracos de vontade. Para os espíritos libres, por outro lado, trata-se da mais fabulosa das notícias. Ao nihilismo passivo e negativo, próprio da modernidade, Nietzsche contrapón um nihilismo activo e positivo, o nihilismo de quem desexa destruir o velho mundo para poder criar unha nova ordem à medida do home; de quem se atreve a levar o nihilismo até ao fim porque sabe que é a única maneira de sair dele. O nihilismo de quem quer eliminar o “erro” da metafísica e com isso pôr a zero o contador da história da cultura ocidental; de quem desexa assistir ao começo de “unha história mais elevada do que todas as histórias que hoube até agora”, como dizia o louco da lanterna. Para estes espíritos audazes, o mundo orfán de Deus xá non aparece como um território sem mar, sem horizonte e sem Sol. Perante os seus olhos apresenta-se um novo e extraordinário amanhecer. veem como a manhám do nihilismo avança rumo a um grande meio-dia: “Meio-dia; instante da sombra mais curta; fim do erro mais longo”. E sob o céu, abre-se um mar imenso: “Aí está o mar, o nosso mar, aberto de novo, como nunca”. Os seus barcos “están dispostos a zarpar, rumo a todos os perigos”. Por fim, chegou o momento: “ponto culminante da humanidade; INCIPIT ZARATUSTRA (começa Zaratustra)”.

TONI LLÁCER

LITERATURA CLÁSSICA GREGA (HESÍODO II)

A data da actividade poética de Hesíodo é algo muito debatido, mas pouca dúvida pode haber de que se sitúa nalgúm momento do final do século VIII. a. C. El mesmo nos conta como ganhou um prémio de poesía nunha competiçón, em Calcis, nos xogos funerários de Anfidamas, um calcídio morto nunha batalha naval da guerra lelantina. Esta famosa guerra, que levou a unha parte tán importante de Grecia a aliar-se que está exceptuada do desprezo xeral de Tucídides polas campanhas da Grecia arcaica, entablou-se entre as cidades eubeas de Calcis e Eretria pola possesón da planície de Lelanto que se extende entre ambas. O limíte superior da sua data viria dado portanto polas empressas coloniais presuntamente amistosas nas que se embarcarom conxuntamente ambas cidades em Calcídia e no oeste em Pitecusa e Cumas. E o limíte inferior queda indicado polo feito de que Aristóteles afirma que foi unha guerra de cabalaria à antiga usança, por tanto, será anterior ó advento dos hoplitas e das tácticas de falanxe, 700-680. Hoxe temos confirmaçón arqueolóxica désta data: o establecimento da colina de Xerópolis, perto de Lefkandi em Eubea, no extremo oriental (erectreio) da planície de Lelanto, foi destruida sem reocupaçón pouco antes do 700 a. C., trás unha ocupaçón constante desde finais da Idade do Bronce. O funeral de Anfidamas e a victória de Hesíodo dan-se, por tanto, no último terço do século VIII a. C. Conta-nos, que o seu pai, deixou a cidade eólica de Cime para ir à Grecia continental: “Assím meu pai e também o teu, grande nécio Perses, acostumaba embarcar-se em naves necessitado do preciádo sustento. E um dia chegou aquí trás um largo viáxe polo ponto abandonando a eólica Cime na sua negra nave. Nom fuxía do bem estar nem da riqueza ou da felicidade, senón da funésta pobreza que Zéus dá ós homes. Estabelecendo-se perto do Helicón nunha mísera aldeia, Ascra, mala em inverno, irresistíbel no vrán e nunca boa.” Non se explica que o pai de Hesíodo deixára a Ásia pola menos fértil e aparentemente superpoboada Grecia continental. Mas é de notar que a data da sua mudança, que debeu de dar-se por 750 ou algo despois, cai dentro do mesmo período em que outros, eles mesmos mercaderes marítimos, estabam deixando Cime para compartir com os eubeos a colonizaçón de Cumas em Campania. O pai de Hesíodo converteu-se, segundo as testemunhas, em granxeiro, porque o poéta e o seu irmán receberom unha herdânça agrícola. A magnitude désta empressa agrícola viu-se às veces românticamente rebaixada. De feito, “Os trabalhos e os dias”, presupónhem mais bem que eram facendados, e nón modestos campesinos. O granxeiro non trabalhaba só, senón que podia empregar um amigo, assím como escrávos: “tem um galhardo labrador libre, de quarenta anos de idade, para acompanhar o arado, e um rapaz escrávo para deitar as sementes, xunto com unha criáda para a casa. Em quanto a animais de tiro, tem bois e mulas de arar. Por outra parte, non pode permitir-se supervisar simplesmente o trabalho de outros: também debe participar”. A pesar de todas as pretensóns de pobreza de Hesíodo, a vida em Ascra non pode haber sido demasiado incómoda. Conservá-mos três poêmas com o nome de Hesíodo, xunto a unha lexión de fragmentos de outras obras que lhe forom atribuídas na antiguidade; todos están compostos em hexámetros dactílicos e na fala convencional da épica. Dos três que se conservam, um, “O Escudo de Heracles”, é indubitábelmente espúrio e probabelmente pertence ao século VI. Dos outros dous, os mais sevéros dos críticos antigos só concediam que fora de Hesíodo “Os Trabalhos e os dias”. Mas o poéta é nomeado na “Teogonía”, e requere certo retorcimento interpretar o contexto de tal maneira que se negue que o poéta se está nomeando aquí a sí mesmo. Mais ainda, apesar da disparidade xeral das suas matérias temáticas, os dous poemas oferecem versións do mito de Prometeo que, como mostrou Vernant, engranam a unha com a outra, e a sua estreita relaçón em quanto a linguáxe, métrica e prosódia, por unha parte, sitúa-os noutra esfera da de Homero, e, por outra da do “Escudo”.

P. E. EASTERLING E B. M. W. KNOX (EDS.)