Arquivos diarios: 13/04/2020

MAQUIAVEL (COMO ESTAR PREVENIDO FACE AOS MAUS)

O terceiro capítulo vai servir para apresentarmos “O Príncipe”, a obra mais intemporal de todas as que Maquiavel escreveu. Nele vamos abordar a exposiçón das questóns mais propriamente teóricas (tipoloxía de reximes, forças que operam na História, relaçón entre moralidade e política, etc…). Mas, além disso, apresentaremos ainda as ideias maquiavelianas mais importantes acerca de duas questóns também elas prácticas: como chegar ao poder e como nele se manter. A abordaxem que vamos adoptar nesta descripçón é realista, como non poderia deixar de ser, tratando-se do secretário Nicolau. Realista por três motivos: porque vamos descrever os factos políticos tal como som -e non como deberiam ser ou como gostaríamos que fossem; porque teremos ocasión de confirmar até que ponto a teoría maquiaveliana se baseou em exemplos reais da História e, finalmente, porque defenderemos que a política é unha arte que se rexe pola realidade e polas circunstâncias concretas, muito mais do que por princípios ideolóxicos ou compromissos ético-filosóficos. (…) Ainda assim, non deixa de surpreender que o nosso protagonista fosse capaz de alterar a forma de entender a política através de um libro com menos de 100 páxinas. Um manual que poderia ter o subtítulo “Como ser mau mas ganhar a partida” ou, em alternativa, “Como estar prevenido face aos maus”. Nicolau Maquiavel limitou-se a descrever a natureza humana e fê-lo sem escrúpulos nem rodeios. Devemos, por isso, estar-lhe gratos, porque, desta forma, também nos mostrou as “regras do xogo” que imperam na batalha quotidiana polo poder, muitas delas tán vixentes agora como na Florença do Renascimento. É por estes motivos que Maquiavel se tornou no primeiro “enfant terrible” da filosofia, um pensador sobre quem ainda hoxe se discute qual a forma mais apropriada de o xulgar. O responsábel por tal mudança de percepçón na acçón política e na funçón de governar é, sem dúvida, o secretário. Mas o que xá non lhe podemos imputar é o uso que foi feito das suas ideias que, convém non esquecer, partem dessa análise da realidade de que ele próprio foi unha testemunha privilexiada.

IGNACIO ITURRALDE BLANCO