Arquivos diarios: 05/04/2020

POETAS DA TERRA(JOAN AIRAS)

Airas, Joan (Santiago de Compostela ?, c. s. XIII). Mercader e prolífico poeta da côrte literária de Alfonso X e de Dom Denis de Portugal. Escrebeu muitas cançóns, das que temos 50 de amigo, 25 de amor e 10 de escárnio, pastorelas e tensóns.

LÉRIA CULTURAL

PLOTINO (UNHA ATENAS EXÍPCIA)

Para ilustrar esta comparaçón, Platón tinha fantasiado em Timeo com a existência de unha Atenas exípcia ( da qual a grega seria mera cópia) na qual se armazenaria o rexisto de todos os factos que as sucessivas catástrofes naturais (sempre matafóricas), como terramotos ou inundaçóns, tinham apagado da memória dos helenos, obrigando-os a começar do zero passadas unhas quantas xeraçóns (incluindo a reinvençón da sua literatura, da sua arte e da sua arquitectura, insignificante ao lado das milenárias pirâmides exípcias), razón pola qual nunca progrediam e se encontravam em permanente estado de mutabilidade e infância (“os gregos serán sempre crianças! Non existe o grego velho!”, exclama o ancián sacerdote exípcio citado por Platón). Pois bem, que sexa precisamente um exípcio “helenizado” como Plotino a oferecer agora unha síntese de toda a filosofia grega e, com isso, a pretensón de unha nova sabedoria confirma que, neste ponto da história, a diferença entre Oriente e Occidente se esfumou debido à mistura de culturas no Próximo Oriente. Sem dúvida, ambos perdem e ganham algo com esta mistura. Desde logo, o que a Grécia perdeu nessa altura foi “inxenuidade” ou “frescura”: deixou de se sentir xovem, seguramente porque, entretanto, surxíu outro povo – o romano – que ocupou a vanguarda das conquistas liderada noutro tempo por Alexandre Magno, o imperador macedónio de quem Aristóteles foi tutor. Mas o que a filosofia helenística ganhou em troca foi a consciência de poder alcançar a verdadeira “sabedoria” , a ligaçón com a divindade transcendente, e, porque non dizê-lo, a “salvaçón”. No século III, o povo grego xá non é o das crianças perdidas no meio do cosmos, para o qual os deuses se tinham ocultado por detrás das cousas (“todas as cousas están cheias de deuses”, afirmava o pré-socrático Tales de Mileto, mas “a natureza gosta de se ocultar”, respondia Heráclito); agora é o povo que encontrou o caminho de regresso a casa, rumo ao cimo do cosmos localizado para além deste mundo. Ítaca xa non é a ilha terrena dos mortais afortunados, como em Homero, mas a pátria de Deus, templo ideal dos imortais. E Plotino ambiciona elevar-se a esse templo. Segundo Porfírio, para Plotino, de facto, “o fim e a meta consistiam em reunir-se com o Deus omnitranscendente e acercar-se a ele. Enquanto estive eu com ele, quatro vezes alcançou esta meta graças a unha actividade inefábel”.

ANTONIO DOPAZO GALLEGO