Arquivos diarios: 02/04/2020

ESPINOSA (A PERFEITA IMPERFEIÇÓN)

O paradoxo da perfeita imperfeiçón: Espinosa quis expor as suas concepçóns de um modo obxectivo e irrefutábel, através de um método adoptado do xeómetra grego Euclides: é por isso que o título completo da sua obra-prima é “Ética: demonstrada à maneira dos xeómetras”. Este método consiste em relacionar de modo preciso e necessário, com unha lóxica isenta de arbitrariedades, conceitos e argumentaçóns pechados em definiçóns, axiomas, proposiçóns, demonstraçóns, corolários, escólios (comentários) e anexos: um labirinto conceptual de infinitas e minuciosas galerias e encruzilhadas. Ilustremos esta questón com um exemplo, a proposiçón 17 da quinta parte com a sua demonstraçón e o seu corolário: “Deus está isento de paixóns e non é afectado por nenhuma afecçón de alegria ou de tristeza. / Demonstraçón: Todas as ideias, enquanto se referem a Deus, som verdadeiras (pola proposiçón 32 da Parte II), isto é (pola definiçón 4 da Parte II), adequadas; e, por conseguinte (pola definiçón xeral das afecçóns), Deus é isento de paixóns. Depois, Deus non pode passar a unha perfeiçón maior nem menor (polo corolário 2 da proposiçón 20 da Parte I); e, por conseguinte (polas definiçóns 2 e 3 das afecçóns) non é afectado por nenhuma afecçón de alegria nem de tristeza. / Corolário: Deus, propriamente falando, non ama nem tem ódio a ninguém. É que Deus (pola proposiçón precedente) non é afectado por ningunha afecçón de alegria nem de tristeza e, consequentemente (polas definiçóns 6 e 7 das afecçóns) também non ama nem tem ódio a ninguém”. Espinosa desexaba construir um modelo conceptual matemático de linhas e arestas precisas. Mas nenhum dos seus estudiosos mais sérios acredita que o tivesse conseguido totalmente. Na sua argumentaçón, referem lacunas, ambiguidades, aspectos opacos. Non indicam contradiçóns internas, o que, nunha exposiçón tán complexa sobre a totalidade da existência, revela o extremo rigor intelectual de Espinosa. Porém, talvez porque na sua mente tudo parecesse evidente e non fossem necessários esclarecimentos, os comentadores destacam, em muitos passos, essas carências expositivas que dificultam a compreensón do seu pensamento.

JOAN SOLÉ

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (102)

Outubro dia 20, do ano1917. Trouxem uns polvos máxicos da Galinheira, que deitei à porta da Eclesiam Generosse, segundo me mandarom para conseguir o seu amor. Mas, todavia, o amor ainda non chegou hoxe…

Novembro dia 20, do ano 1917. Fun xunto do Soutulho, pola primeira vez.

Decembro dia 3, de 1917. Visitei o Soutulho, pola segunda vez (páxina 124).

Maio, 10 de 1918. Marchei a xunto do Soutulho, para fazer uns Santos Evanxélhos, pola segunda vez (vexa-se páxina 126, deste libro).

Xunho, dia 8, de 1918. Idem… Idem… Idem… Consultei a mesa e dixo que sanaba.

Xulho, 16 de 1918. Abalei para xunto do referido Soutulho, procurar unha garrafa de vinho branco, que este me mandára buscar (vexa-se a páxina 137 e 135)

Xaneiro, 23 de 1918. (vexa-se a páxina 126, nesse dia à noite…), ó de Guillade foi a 2ª noite “In flumine fundit”. Martins ( Viéri in Ponte, às duas da tarde non completas).

Septembro, de 1918. fún a Sán Medriani (Senhora Inocência), e deu-me mil remédios externos, entre todos estaba o de romeo que era interno. Este puxo-me em grandíssimo extremo (vexa-se páxina 139).

Outubro, 14 de 1918. De noite, tomei a flôr de romeo, idem… idem… idem… Polo que fún à Peseta a Mondariz.

Novembro, 3. Idem… Iba à missa a Mouriscados, e ò chegar às cháns, deu-me como um síncope. E com grandíssimo esforço conseguim arrivar ò Senhor Francisco Guardador, que me meteu duas copas, que me despegarom algo, e voltei logo para casa, sem missa, tumbamdo-me na cama de seguida. Quedei exanime e insenssíbel a tudo… (vexa-se páxina 139). Por vários dias non me levantei, somente o dia 8 o logrei com grande esforço, para assistir ò enterro de José do Nube, e à altura do San Gregório dei volta, porque me repetiu o maldito síncope.

Xaneiro, 24 de 1919. Polas três da manhám, estando eu só e deitado na cama gravemente dorido, vêm o Spíritu Inmundo inquietar-me, de tal maneira… que a minha salvaçón foi ter deixado a luz acessa. O dia 25, às nove da noite, chorarom. O 26, derom-me a notícia do falecimento do meu padrinho (R. D. G.)

MANUEL CALVIÑO SOUTO