Arquivos diarios: 19/01/2020

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (100)

Xulho, 25 de 1918. Tendo passado sete meses com a minha alma sumída na mais desgarradora afliçón, sem sair da minha casa, conturbado com a enfermidade e as paixóns. Neste dia 25, fún à Santa Misa do Santo Cristo de Guillade, de tarde fún à festa todo despavorido, cor amarelenta, a sangre toda descomposta, fraco de forzas, dorido do peito, com tendência a quedar sem alento, a quedar-me exânime e como que aletargado, somente iba movido polo esforzo e pola paixón. Dancei unha única vez, à noite, só para probar se a fatíga do peito (como os demais síntomas) se acelerabam e eu resistía. À noite, fún com Leonora… e escamei-me com ela… cheguei à casa de noite. Polas oito da manham levantei-me, e os síntomas arriba detalhados, tornárom-se muito activos e perigosos, atisbando sinais de morte (como parecidos ós da páxina 129). Quando fún xunto da Sibila (La Peseta) de Mondariz, tinha-lhe prometido sessenta reais, se me puxera bom de todo como antes. Deu-me, remédio de vinho branco fervido com romeo e um pouco de canela, e despois ir tomando-o a copas (mas para o meu entender, era-me nocivo), em três ou quatro dias non cheguei a tomar unha copa. O vinte de Xulho, iba eu para Pontareas, e polo caminho encontrei a Vareira a conversar com unha mulher a respeito de curativos, onde eu deducím que era Sibila. Pedíu-me, e dem-lhe duas pesetas, para me curar e dar medicinas; facía unhas cerimónias acompanhadas de palabras e, unha cruz e unha estola, etc… Polos dias 19, 20, 21, 22, passei unha fame terríbel, a enfermidade aumentou, e a cor foi-se pondo mais pálida. O 21, fún xunto da Sibila (Vareira), durante o dia nada comim, de noite, tanto me atacou a fame, que fún xunto do Senhor Juan (Coxo), para que me desse um anáco de pán, e parece que me estalou o estômago com unha dor desconhecida, falta de ar, etc… O dia 22, por vía de ir xunto da Vareira, non fún xunto do Senhor Juan, como me mandara, e despois tocou-lhe a àgua e xá non o encontrei na casa. Neste dia, tanta fame me atacou, que me obrigou a necessidade a ir xunto do Senhor Pepe do Crato pedir-lhe um pedazo de pán, e non fún servido, por non tê-lo, pois chegara ó tempo do moinho. Entón fún xunto da Tesa e non a encontrei na casa. Cheguei à casa, e devorei um pito, do qual comim parte sem pán, se bem tinha mama na casa unha libra de pán comprada, que era do Nube, mas eu intentaba non querela por vía do caso (final da páxina 134), ainda que mais tarde tivem que comê-la rabiando com o resto do pito, sem mi madre sabê-lo. Ó momento chorei amarguras, lágrimas, acompanhadas com pranto e suspiros.

MANUEL CALVIÑO SOUTO