
A necessidade natural tem de ser distinguida da lei (nomos), que determina o tipo de constriçón que se forxa na sociedade humana. A lei é o tecido que constitui os múltiplos vínculos entre filhos da “polis” ou “cidade”, entre seres que son intrinsecamente cidadáns, vínculos que diferem dos que se dán entre os indivíduos das restantes espécies animais. Non há certamente cidade (polis) sem lei (nomos), haverá no máximo unha cidade com unha lei ameaçada ou debilitada, mas enquanto houver um resquício de organizaçón humana, a lei está presente. A lei, que non tem nada de natural, non é menos constrinxente que a necessidade. A lei está para as cidades como a necessidade para a natureza, mas unha e outra têm de ser perfeitamente diferenciadas, embora non sexa tarefa do físico centrar-se nessa diferença. Lei e necessidade desempenham um papel determinante na configuraçón de cada indivíduo humano. A criança vai-se fazendo plenamente home quando se apercebe, por exemplo, de que há um impedimento para dispor à sua vontade dos bens que se encontram à sua volta, ou para persistir num estado prazenteiro como o do sonho; apercebe-se, em suma, que as relaçóns com as cousas ao nosso alcance físico, com o nosso próprio corpo e com o corpo das demais pessoas, son “reguladas” ou “normalizadas”, sendo a sua vontade impotente a esse respeito. Mas, paralelamente, há no desenvolvimento de cada indivíduo outro momento-chave: a descoberta à sua volta de unha alteridade, unha resistência ao que ele sente e pensa, unha “necessidade” ou constriçón, que nada tem a ver com aquela que se dá quando o educador o impede de continuar a dormir ou o obriga a consumir este ou aquele alimento. Descobre, em suma, que a natureza é regulada segundo “princípios” non coincidentes com as “leis”, que enquadram a sociedade, mas que a fazem tanto ou mais irreductível à sua vontade e desexo como o forxado nessas mesmas leis. O físico explora a “necessidade”, nunca essa cousa dos homes que é a lei. Isso, em todo o caso, enquanto permanecer físico e salvo de a sua práctica o levar a dar um passo radical.
VÍCTOR GÓMEZ PIN