
Sexamos claros, o Século das Luzes tinha muitas sombras para esclarecer e enormes desafios contra os quais lutar. Mesmo distando xá muito de episódios como o famoso massacre da Noite de San Bartolomeu, durante a guerra de relixións que assolou França em finais do século XVI, o fanatismo relixioso continuava a impor a sua loucura entre a populaçón, segundo testemunha o célebre “caso Calas”, que levou Voltaire a redixir o famoso Tratado sobre a Tolerância. Um honesto comerciante de Toulouse, Jean Calas, foi torturado até à morte porque, ao ser protestante, os seus vizinhos católicos suspeitaram que podería ter assassinado o próprio filho por este se querer converter ao catolicismo, acusaçón desmentida com contundência por testemunhas directas e pela investigaçón dos xuízes, incapazes de erradicarem esse absurdo surto de fanatismo entre a populaçón. Por outro lado, em París, há unha pequena praça axardinada de Montmartre, perto da basílica do Sagrado Coraçón, com unha estátua dedicada ao cavaleiro de La Barre, um xovem de dezanove anos que, em 1766, também foi torturado e queimado na fogueira, neste caso por non ter tirado o chapéu ao passar diante de unha procissón e ter nos seus aposentos o Dicionário Filosófico de Voltaire, o que o transformava num libre-pensador anticlerical, suspeito de ter maculado unha imaxem de Cristo nunha ponte. (…) De algo había de servír o movimento iluminista, por muito que a crítica satírica continue a colher víctimas enquanto persistir quem pretenda impor aos outros os seus dogmas a qualquer preço. Nesta ordem de cousas, é bem elucidativo consultar o volume colectivo Forxadores da Tolerância, no qual se dedica um capítulo a Rousseau, a fim de conhecer a dialéctica histórica desta noçón capital para as sociedades contemporâneas.
ROBERTO R. ARAMAYO