PLOTINO CHEGADO DA “FÁBRICA DOS DEUSES”

Plotino nasceu no ano 203 ou 204, muito provavelmente na marxem esquerda do Nilo, na cidade de Licópolis (mais tarde chamada Assiut), embora isto nunca tenha sido confirmado. Sendo verdade, estaríamos perante um filósofo exípcio de nascimento, grego de formaçón (a sua educaçón é impecavelmente helénica) e romano de adscripçón (pois o Exípto era unha província imperial). Esta “tripla nacionalidade” non era rara nunha época em que o mundo antigo vivia a sua particular “globalizaçón” graças ao expansionismo de Roma, e serve também para localizar Plotino nunha encruzilhada cultural, que se vê plenamente reflectida no seu pensamento. Os detalhes da sua vida son conhecidos graças ao seu discípulo mais eminente, o também neoplatónico Porfírio. Mais tarde, ocupar-nos-emos do emotivo encontro destas duas personaxens, que formam um dos grandes “pares de dança” filosóficos do mundo antigo. Vale a pena dizer de momento que Plotino teve, em Porfírio, o discípulo e editor que todo o filósofo tería desejado para si. Non só foi um alumno brilhante e inquisitivo, capaz de espicaçar o mestre para que este desenvolvesse os pontos mais obscuros da sua doutrina, como se ocupou pessoalmente de ordenar, comentar e publicar a título póstumo as suas obras completas, as Enéadas. Como se non bastasse, escreveu unha detalhada Vida de Plotino na qual, exibindo unha surpreendente obxectividade (patente no seu costume de non dar por garantido aquilo de que non tem a certeza e de permanecer em silêncio onde os outros recorrem à lenda e ao rumor), traça um retrato sóbrio e penetrante do seu mentor intelectual. Antes de passar aos detalhes da sua vida, indiquemos alguns aspectos sobre a personalidade de Plotino. Começando polo seu físico e polo seu temperamento, temos a impressón de estar perante a encarnaçón do ambiente intelectual do seu tempo, como se ele fosse a forma superior de unha nova estirpe de pensadores. Segundo Porfírio, e apesar da beleza do rostro, a sua aparência era “a de quem se sente envergonhado de estar no seu corpo”. Um aspecto descuidado e austero, alheio a qualquer exercício físico e ornamento, que se prolongaba na sua condiçón de vexetariano, celibatário, solteiro e abstémio, e num desprezo polas artes plásticas e imitativas. Dir-se-á que este espírito ascéptico xá estaba presente em Sócrates, mas non é verdade. Sócrates ia a ximnásios, estaba nas praças e assembleias, nas festas e banquetes, ia a exibiçóns xímnicas e bélicas, e lutou na lexión hoplita… non vemos nada disso em Plotino. O relato de Porfírio, de facto, inicia-se com unha história significativa: desculpando-se perante o leitor por non ter legado qualquer efíxie fidedigna do mestre, conta-nos que Plotino saboteou todas as tentativas dos retratistas e escultores (pagas pelos seus amigos) de “tomar-lhe as medidas”; por isso, só o conseguiram fazer às escondidas, rabiscando desenhos como infiltrados nas suas aulas, o que explica a mala qualidade dos seus bustos. A razón é que Plotino detestaba as imaxens, que definia, em relaçón às Ideias, como “o que é por natureza em outra cousa do que em si mesmo” e é, portanto, múltiplo por essência. Daí a sua oposiçón a qualquer proposta de o imortalizar em suporte material: “Non basta suportar a imaxem com que a natureza nos envolveu, como pretendem que, ainda por cima, eu mesmo acceda a legar unha mais duradoura imaxem de unha imaxem, como se fosse unha obra digna de contemplaçón?”

ANTONIO DOPAZO GALLEGO

Deixar un comentario