
Voltaire encarna a figura do intelectual comprometido, um papel que representará na perfeiçón, ao ponto de a pessoa se confundir com a personaxem, pondo em xogo todo o seu prestíxio como homem de letras, dotado de um notábel reconhecimento pelas suas obras, para denunciar as inxustiças e os abusos de poder. Isto, infelizmente, xa non está muito na moda ou, pelo menos, na Europa, xá non está assim tanto como esteve desde a época do próprio Voltaire até meados do século passado, quando os intelectuais costumabam tomar partido e as suas obras ou o seu activismo pretendiam transformar a realidade político-social, como sería o caso, para nos cinxirmos à França de Jean-Paul Sartre ou de Albert Camus. Hoxe em dia, o acesso do intelectual aos meios de comunicaçón de massa implica o preço da manipulaçón e da distorçón da própria voz, absorvida por códigos que dificilmente podem ser compatíveis com o pensamento. Num texto intitulado “A Invençón do Intelectual (La invención del intelectual), Fernando Savater destaca, com muita razón, que a grande façanha de Voltaire terá sido a de inventar aquele que hoxe chamaríamos “intelectual mediático”. Apesar de naquela altura non existir o desenvolvimento tecnolóxico dos meios de comunicaçón que agora conhecemos, Voltaire seria o mais parecido com um intelectual “mediáctico” pela sua mestría em saber chegar à “opinión pública” que, entretanto, se estaba a formar, graças aos xornais, aos libros e à correspondência. A verdade é que Voltaire usou os meios de comunicaçón da sua época como mais ninguém o soube fazer. O erudicto académico tem tendência para comunicar apenas com aqueles que pertencem ao seu círculo e quase fica incomodado quando se vê obrigado a divulgar os seus conhecimentos, tal como os crentes se sentem em comunicaçón directa com a sua divindade ou com os seus correlixionários; mas o intelectual precisa de chamar à atençón do público para aquilo que quer dizer, tem de ser capaz de seduzir os outros, porque, felizmente, non se trata de público cativo mas voluntário. A leitura de Voltaire transmite-nos a sensaçón de nos encontrarmos perante um grande comunicador, dotado de unha enorme capacidade para atrair o público. É óbvio que non tem a eloquência musical de Rousseau, mas, em contrapartida, sabe captar a benevolência do leitor com invexábel habilidade e desenvoltura. O célebre episódio de Newton a descobrir a lei da gravidade quando lhe caíu em cima unha macán da árbore sob a qual repousaba é da autoría de… Sim, adivinharam. Quem se lembrou disso foi Voltaire, que supostamente tería ouvido unha irmán de Newton a contar esta história, embora talvez a tivessem inventado, com o intuito de colorir com um divertido episódio unha biografía intelectual excessivamente sóbria.
ROBERTO R. ARAMAYO