HUME (A MINHA PRÓPRIA VIDA)

David Hume nasceu em Edimburgo, Escócia, no dia 26 de Abril (dia 7 de Maio, de acordo com o actual calendário gregoriano) de 1711, e faleceu na mesma cidade a 25 de Agosto de 1776. Felizmente para nós, dispomos de unha breve autobiografia, intitulada “A Minha Própria Vida”, que Hume escreveu ao sentir que a sua morte se aproximava. Nela, Hume diz que vai ocupar-se da história das suas obras, algo que xustifica com a afirmaçón de que empregou quase toda a sua vida em trabalhos relacionados com a escrita. Neste sentido, foi unha existência plena e feliz: pôde dedicar-se quase em exclusivo ao que verdadeiramente desexaba, xá que desde muito xovem, confessa, eclodiu em sí unha paixón polas letras que se transformou na fonte das suas maiores satisfaçóns. Estamos, pois, perante a vida de quem hoxe em dia chamaríamos um intelectual, um homem de letras. Quem estiver à procura de aventuras mais excitantes terá de olhar para outro lado e entreter-se com outras personaxens. No entanto, antes de analisar a sua vida convém parar para pensar no que podia significar nascer e viver na Escócia do século XVIII. Nesse século, a sociedade escocesa iría passar por transformaçóns importantíssimas e, como resultado delas, iría viver a sua grande idade de ouro, até ao ponto de Edimburgo se transformar naquilo que se denominou a “Atenas do Norte”. Em 1707, teve lugar a unión da Escócia e Inglaterra, que, para a primeira, representou a oportunidade de participar nos benefícios derivados dos mercados e das colónias inglesas e de deixar para trás, assím, a perene pobreza que até àquele momento a tinha caracterizado. De facto, ao fim de cinquenta anos, encontraremos unha sociedade completamente nova, menos temente de Deus segundo as ideias conservadoras dos mais velhos, mas com unha economia dinâmica, florescente e virada para o progresso material. Estas mudanças ocorrerán em simultâneo com um esplendor cultural sem precedentes na sua história. É aquilo que se conhece como “Iluminismo escocês”, formado por um grupo de pensadores interessados na teoría do conhecimento, na economia, na história, na moral, etc… Convém recordar que Adam Smith era contemporâneo e amigo íntimo de Hume. Ambos serán testemunhas excepcionais deste processo de modernizaçón e, de certa forma, seus actores, pois tentaram fomentá-lo com todas as forças. Em suma, para eles, o “Iluminismo” era um processo do qual se sentiam partícipes. Estudar em que consistia, para Hume, o carácter peculiar deste proxecto iluminista constitui o obxectivo deste libro, e pensamos que aí reside o seu interesse. Ao fim e ao cabo, é impossíbel negar que somos herdeiros do Iluminismo. Outro aspecto é a forma como avaliamos esta influência, se como unha pesada carga, fonte de incalculábeis males e de um processo de decadência moral e relixiosa que ainda non está concluído (e, se esta é a nossa postura, Hume interessar-nos-á muito pouco, ou melhor, vê-lo-emos como um dos responsábeis intelectuais desse rumo equivocado da história), ou como unha herança proveitosa que nos permite centrar-nos na única vida que temos a certeza de possuir, esta que decorre na Terra, tentando, por conseguinte, nela ser felizes.

GERARDO LÓPEZ SASTRE

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