
O fado enquanto expressón musical, aparece em Lisboa nos inícios do século XIX, despontando nos âmbientes portuários, cheios de tabernas e putarías. Onde a capital, era lugar de arribadas e partidas e de passaxem de muita xente. Começa por se manifestar nos locais mais populares e castiços da cidade, e a ser cantado em tabernas, ruas e pátios de Alfama, Castelo, Mouraría, Bairro Alto e Madragoa. Fundamentado em versos populares que espelhabam o estado da alma das xentes, que viviam um quotidiano duro. Desde as suas orixens, que ficou ligado às clásses sócio-economicas mais desfavorecidas, com a conseguinte conotaçón despreciativa por parte dos ricos, e das xentes aparentemente mais decentes. Mas, apesar de tudo o fado ganha corazóns, e unha dimensón crescente, no segundo quartel do século XIX. Encontrando na figura lendária de Maria Severa Onofriana (1820-1846) um dos seus símbolos mais sagrados, sendo a primeira cantadeira de fados a tornar-se popular, apesar de se conhecer outras mais antigas como a Rosário dos Óculos ou a Xoaquina dos Cordoes. A Severa, era unha nulher de beleza estonteante, bohémia e temperamental, trabalhava na prostituçón. Cantaba e tocaba o fado nas ruas, e no Café da Bola, na Mouraria, entre outros locais. O seu pai era ribatejano e a sua nái era proprietária de unha taberna. Morre apenas com vintiseis anos de idade, tendo sido sepultada nunha vala comum do cemitério do Alto de Sao Joao, aparentemente por vontade própria. Após a sua morte, foi fonte de inspiraçón dos meios artísticos, particularmente na poesía fadista, no cinema, no teatro e nas artes plásticas. Nos meios fadistas, Severa tornou-se a encarnaçón da xénese do fado. A sua fama, fora xá referida por Bulhao Pato ou Palmeirim, ganhando maior notoridade no século XX a partir da novela homónima de Júlio Dantas, que esteve na base de unha peça levada à cena em 1901, orixinando posteriormente o primeiro filme sonoro português, realizado em 1931 por Leitao de Barros. Nas artes plásticas, José Malhoa, com um ideário estéctico realista, foi o pintor mais importânte no combate a unha determinada corrente anti-fado. Contudo o fado só começa a ser conhecido nas ruas de Lisboa a partir sensibelmente de 1840. Na segunda metade do século XIX, levado pelas correntes do romantismo num acompanhamento musical de recitaçón em toada triste, exprimia o desalento do povo perante a inestabilidade vivida na altura e, assím, ía dando ânimo ao dia-a-dia das xentes mais pobres, nos bairros mais desfavorecidos e problemáticos de Lisboa, em ambientes de lodo e bohémia, em tabernas e bordéis.
FADO PORTUGAL