FILMES PARA GUARDAR

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                    DO BAÚ DA CINEMATECA

               A Cinemateca Portuguesa continua com o seu meritório trabalho de ediçón em DVD de obras marcantes da história do cinema português impecavelmente recuperadas nos arquivos e laboratórios do ANIM.  Chegam-nos agora três lançamentos com importância histórica e cinematográfica, sempre com ediçóns cuidadas, que correspondem à marca de qualidade que se esixe daquela instituiçón. Um dos mais importantes é “O Táxi Nº 9297”, assinado por Reinaldo Ferreira, mais conhecido pelo “Repórter X”, em 1927.  Xá se sabe que Reinaldo Ferreira é a maior lenda do jornalismo português, conhecido pelos seus métodos pouco ortodoxos e unha capacidade de investigaçón inexcedível.  Grande figura de Lisboa que, de resto, xá foi levada ao cinema pola mán de José Nascimento, em 1987.  O Táxi nº 9297 parte da investigaçón, feita polo próprio Reporter X, do estranho caso do assassínio da atriz Maria Alves, pelo seu empresário Augusto Gomes.  Reinaldo Ferreira começou por adaptar a história ao teatro e mais tarde resolveu levá-lo ao cinema, arte entón ainda emerxente e bastante embrionária em Portugal.   E fê-lo com meios muito escassos, através de unha productora criada polo próprio, que denominou de Reporter X Films, mas o resultado é surpreendente e convincente, tornando-se unha obra marcante do cinema mudo português.  Isto complementado, na presente ediçón, polo acompanhamento ao piano de Filipe Raposo.  O “booklet” contêm textos de Tiago Baptista.  Luís de Pina e Luís Trindade, bem como um pequeno portfólio.  Mas mais importante do que isso, é o extra “Rita ou Rito”, unha curta metraxem humorística, unha autêntica pérola, que conta a história de um home que se disfarça de mullher para ir ter com a namorada, sem ser reconhecido pelo pai dela.  Ainda como complemento, um pequeno filme de corta e cola de cenas, unha inspirada recriaçón do universo de Reinaldo Ferreira pelo xovem Ricardo Vieira Lisboa.  Também foi lançado, “A Revoluçón de Maio” (1937), o filme de propaganda do Estado Novo, de António Lopes Ribeiro, tendo como argumentista, António Ferro, o principal  home da propaganda do rexime.  O filme é um documento histórico e sociolóxico interessantíssimo.  Unha ficçón complexa, unha grande produçón à escala nacional, que se cruza com imaxes documentais, incluindo o famoso discurso de Braga, com o obxectivo de engrandecer Salazar e o seu rexime.  Conta a história “redentora” de um “axitador” bolchevista que se converte ao salazarismo.  A ediçón restaurada é muito cuidada, incluindo um “booklet” de 76 páxinas, com textos de Joao Bénard da Costa, Luís Reis Torgal, Eduardo Motettin, Margarida Sousa e Manuel Mozos.  Importantes extras como a versón condensada do filme, de 1941, ou o comentário áudio do historiador Fernando Rosas.  Noutro tempo, noutro lugar, é lançado, em parceria com a Academia Portuguesa de Cinema, “Colónia de vilóns”, documentário de Leonel Brito, retrato importante do Portugal após a revoluçón de Abril.  Lançado em 1977, o filme observa a Ilha da Madeira na sua tradiçón colonial, com o sistema de organizaçón sociopolítico de orixem medieval que, segundo o autor, subsiste mesmo despois da revoluçón. 

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