Arquivos diarios: 10/01/2019

ROUSSEAU (PAI INTELECTUAL DA REVOLUÇÓN FRANCESA)

.

               Rousseau foi músico, romancista, politólogo, filósofo moral, pedagogo, botânico e fundador do xénero autobiográfico moderno.  Iluminista atípico, o culto à razón, próprio do seu tempo, non o fez descurar o papel das emoçóns e do sentimento.  Por isso, a sua escrita conseguiu inspirar tanto o racionalismo de Kant como o romantismo.  Robespierre idolatrou-o e muitos viram nele o pai intelectual da Revoluçón Francesa, mas também foi considerado um antecesor de Marx, sem que falte quem, por outro lado, o considere precursor dos totalitarismos.  O maior interesse de Rousseau consiste em ter sabido vislumbrar todas as encruzilhadas que caracterizam a época moderna: a nossa, como bem soube ver Ernst Cassirer em “A Questón Jean-Jacques Rousseau.  (…)  Em conformidade com o espírito da presente colecçón, tentou-se relacionar as consideraçóns de Rousseau com os nossos problemas do presente, o que non se afigura muito difícil num autor cuxas críticas à desigualdade social parecem escritas após a leitura de um dos xornais de hoxe, e cuxas fórmulas para amenizar as referidas desigualdades, poderiam, de algunha maneira, ser adoptadas por novas formaçóns políticas ou por unha rexenerada social-democracía.  Rousseau contribuiu decisivamente para mudar o modo de considerarmos as nossas emoçóns e as relaçóns com a sociedade ou com a natureza, o que também determinou a forma como nos vemos a nós próprios.  Non é pouco.  Estamos perante um pensador completo que sempre preferíu o paradoxo sem nunca ceder às imposiçóns do preconceito, porque non se importou de remar contra a maré, sem se deixar levar por modas ou opinións, para reflectir melhor por conta própria e emitir o seu próprio xuízo a respeito de qualquer questón.  Quis revolucionar o método das anotaçóns musicais, mas non conseguiu.  No entanto, os seus contributos para a teoría política, a educaçón, a literatura, a filosofía da história e da linguaxem ou o xénero autobiográfico foram absolutamente revolucionários, inclusive no sentido mais literal do termo ao exercer unha enorme influência sobre os protagonistas da Revoluçón Francesa e ao ser um autor de cabeceira para quem teve a ousadia de combater os totalitarismos a partir da história das ideias.  Non é por acaso que O Contracto Sicial e o Emílio foram, na sua época, condenados à fogueira por atentarem contra os poderes estabelecidos.  As sua teorías revelavam-se muito perigosas tanto para a monarquía absolucta como para o dogmatismo eclesiástico.  Rousseau nutre-se da tradiçón política clássica, que non entende a existência do indivíduo sem um vínculo ao Estado, a unha comunidade política.  Mas, paralelamente, trata-se do grande pensador da desigualdade social, cuxas  causas descobre em desequilíbrios e disfunçóns que afectam as formas políticas adoptadas pelos povos.  A sua resistência a aceitar a inxustiça social como um facto inamovíbel, aliada à perspicácia para rastrear a sua xénese, convidam a fazer dele um autor de cabeceira em períodos de crise, com o propósito de recuperar, em qualquer época, a eficácia práctica da teoría.   

roberto r. aramayo