Arquivos diarios: 04/01/2019

HANS-GEORG GADAMER (VIDA LONGA EM TEMPOS TERRÍVEIS)

.

               Hans-Georg Gadamer nasceu a 11 de Febreiro de 1900.  Um biógrafo minucioso sublinha que fazía exactamente 250 anos nesse día  morrera Descartes, cuxa proposta, fundadora da Modernidade em filosofía, ia terminar a sua fase de vitalidade às máns da crítica deste recêm-chegado ao mundo.  Embora a cidade em que Gadamer nasceu tenha sido Marburgo – e que foi capital na sua formaçón universitária – , foi Breslau o lugar que marcou a sua infância.  O pai de Gadamer era investigador em química para aplicaçóns farmacêuticas, de modo que peregrinaba, com unha certa frequência, de universidade em universidade.  A infância non foi feliz o irmán mais velho sofría de epilépsia crónica, e, a longo prazo, teve um papel culpabilizante na vida do seu brilhante irmán mais novo; a nái morreu cedo, debilitada por partos malsucedidos e abortos; unha madrasta, desde os seus seis anos, non despertou no rapaz ecos afectivos especiais.  Hans-Georg esteve, em boa medida, encarregado do irmán doente, Willi, até que o pai decidiu o seu internamento num sanatório (dentro do qual, xá muito sozinho, sobreviveu até às penúrias do final da guerra, ou sexa, aínda perto de 30 anos).  O pai era muito autoritário e foi vendo com progressiva desaprobaçón como o filho se inclinaba para os estudos literários, que ele qualificaba como palabreado.  Non se trataba de unha opinión de pouco peso, vindo daquele entusiasta partidário de Bismarck que chegou a ser reitor da muito prestixiosa Universidade de Marburgo (que xá o era, por exemplo, quando o seu filho Hans-Georg aí se doutorou).  Apenas mais adiante pôde Gadamer pensar meio a sério que a sua vaga predisposiçón relixiosa (que se saiba, nunca actualizada nunha fé concreta ou na pertença real a unha igrexa, embora tenha sido baptizado e confirmado no cristianismo luterano) era herança da nái que non conheceu.  No que respeita aos deveres militares, que xá teriam podido alcançá-lo na Primeira Guerra Mundial, o xovem Gadamer viu-se dispensado por problemas de saúde.  Além disso,  sentiu fortemente, à volta do final daquela desgraça, a atraçón do círculo neorromântico do poeta esotérico Stefan George que definitivamente o afastou de algunha veleidade de proximidades ao nacionalismo paterno untraconservador.  Foi precisamente em 1918 que Gadamer se matriculou em filosofía alemán na Universidade de Breslau.  Acidentalmente, quando os seus professores o decepcionabam nésta matéria, assistiu a aulas sobre orientalística e filosofía.  Acabou por se deixar deslumbrar pela forma de neokantismo que em Breslau era fomentada pelo notábel escritor Richard Hönigswald (de orixem xudáica e, por sinal, condenado fulminantemente pelo relatório do reitor Heidegger, em Junho de 1933, ao ostracismo universitário).

miguel garcía-baró