SANTO AGOSTINHO (NISI CREDIDERITIS, NON INTELLIGETIS)

.

               “Se non acreditais, non compreendereis”  Esta frase, traduçón libre de um versículo do libro de Isaías (que nunha interpretaçón alternativa reza “nisi credideritis, non permanebetis”, “se non credes, non subsistireis”), sintetiza o espírito que impregna todo o pensamento cristán durante a Idade Média.  E, relativamente a este libro, constitui também o pressuposto sobre o qual se desenvolve o pensamento de Santo Agostinho, o bispo de Hipona, que se tornaría, com Paulo, nunha das duas personalidades mais determinantes na evoluçón do cristianismo nas suas orixens (e non só).  Nascido na província romana de Numídia, na fase final do império, Santo Agostinho representa unha figura peculiar na história das ideias, non só pelo alcance e repercusón que o seu pensamento acabou por ter, mas também pelas condiçòns em que o desenvolveu.  A partir da sua remota diocese norte-africana, afastado, portanto, dos efervescentes centros culturais da época, este antigo professor de retórica e seguidor do maniqueísmo, trouxo à luz, depois da sua conversón ao cristianismo, unha monumental produçón teolóxica e doutrinal que está na base de alguns dos esquemas conceptuais que moldaram, decisivamente, a cultura occidental até aos nossos días.  No entanto, as potencialidades e limitaçóns desta obra só podem ser cabalmente ponderadas se nunca se perder de vista a máxima com que abrimos este capítulo e à qual o próprio Santo Agostinho aludiu em numerosos escritos.  Por conseguinte, torna-se necessário determo-nos nela, por  alguns momentos, de forma a estarmos em condiçóns de entender o pensamento do bispo.  O primeiro aspecto que nos chama a atençón na frase é que parece inverter a ordem que habitualmente consideramos normal na sequência do raciocínio: a partir dos diversos argumentos,  dados e provas disponíbeis, colocamos em xogo a nossa razón para chegar a unha ou outra conclusón.  Neste caso non, neste caso primeiro vem a verdade e depois a compreensón intelectual.  Esta forma de proceder, que à luz da argumentaçón racional acusaríamos de ilexítima, assume um verdadeiro sentido lóxico se tomarmos a perspectiva do crente (e non há dúvida de que Santo Agostinho o era).  Tanto uns como outros, crentes e non crentes, concordaremos em que conhecer significa alcançar a verdade e que afirmar o falso significa incorrer num erro, na ignorância.  Até aqui, estaríamos todos de acordo.  A diferença substancial está em que, para o crente, xá estamos na posse da verdade (que nos foi revelada nas Escrituras), pelo que o papel da razón non pode ser o de descobri-la (e muito menos de refutá-la!).  Em poucas palabras, para o cristán, a argumentaçón racional non é um caminho para a verdade, mas um caminho a partir dela.

e. a. dal maschio

Deixar un comentario