Arquivos diarios: 03/11/2018

PLOTINO (A SEGUNDA NAVEGAÇÓN)

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               Enquanto culminaçón do espírito helenístico, a filosofía de Plotino pode ser definida como unha “segunda navegaçón” do pensamento grego, desta vez introspectiva ou psicolóxica.  A alma (em grego psyche), protagonista desta nova aventura, é a viaxante eterna entre três mundos: o sensíbel (do qual parte), o intelixível (ao qual se dirixe) e o supraintelixíbel (que só poderá alcançar excepcionalmente através de um êxtase místico).  O início desta travessia é inspirado por um amor nobremente entendido que funciona como unha saudade: a recordaçón “recuperada” de unha realidade transcendente perdida, de unha velha pátria mais antiga que Ítaca, porque é mais antiga que o tempo.  É unha pátria ideal e eterna, a Ítaca intelixíbel.  No entanto, esta non marca o final da viaxem, mas apenas a sua primeira escala.  A partir desta pátria verdadeira, Ulisses aínda deverá dar mais um passo, possivelmente o passo mais difícil de toda a filosofía grega, até “à casa do pai”. É assim que Plotino se refere habitualmente à meta suprema do seu sistema filosófico, o Uno ou Bem, princípio superior ao ser e ao intelecto, que enxendrou tudo o real e para além do qual xá nada existe.  Toda a filosofía de Plotino está sintetizada nas suas últimas palabras: “elevar o que de divino há em nós em direcçón ao que de divino há no universo”.  O tema central non é novo nem orixinal, pois xá desde o começo do “platonismo” (iniciado pelos sucessores de Platón na Academía) a fuga da alma do mundo sensíbel e a sua ascensón ao intelixíbel era um assunto que fora mobilizando o interesse dos intérpretes dos Diálogos.  Esta “fuga”, no entanto, adquire em Plotino unha profundidade e unha expressón literária que superam fortemente os seus antecessores e o tornam unha referência, consciente ou inconsciente, de toda a filosofía que equacione a difícil questón do vínculo da alma individual com o seu princípio criador (isto é, com Deus).  Por isso, em Plotino temos a oportunidade de aprender acerca dos pensadores que o precederam (como Platón e Aristóteles, que ele violenta para os obrigar a dizerem cousas que non quixeram dizer) e dos que lhe sucederam (como é o caso da teoloxía cristán e boa parte das metafísicas modernas – Leibniz, Schelling, Bergson -, ás quais se antecipa, deixando-nos ver as tensóns irresolúbeis que pulsam no seu interior).     

antonio dopazo gallego