Arquivos diarios: 30/09/2018

KARL RAIMUND POPPER (VIENA)

.

               Karl Raimund Popper nasceu a 28 de Xulho de 1902 em Viena, numa abastada família xudaica, recentemente convertida ao protestantismo.  O pai de Karl era um xurista conceituado, muito culto, que mantinha relaçóns estreitas com os meios políticos vienenses de tendências liberais.  Do lado da nái, Popper tinha laços familiares com vários cientistas e artistas de primeira categoría.  Na casa do xovem Popper, onde havía unha enorme biblioteca, que ele viria a herdar alguns anos depois, eram frequentes as reunións com a fina flor da intelectualidade vienense da época, durante as quais se discutía os mais diversos temas científicos, filosóficos e políticos.  O pai de Karl non só permitia como incentivava o filho adolescente a debater essas temáticas com ele, unha actitude muito pouco frequente na época.  As conversas entre pai e filho terminavam muitas vezes em controvérsias acaloradas.  Segundo nos conta o próprio Popper, a sua relaçón com o pai foi sempre tensa.  O pai de Popper era, sem dúvida, unha pessoa de carácter difícil, mas o filho non lhe ficava atrás.  Essas discusóns frequentes e inflamadas entre os dous, podem ser a razón da forte tendência para a polémica que Popper manifestou durante toda a vida. bem como da sua propensón para discutir (intelectualmente) com quase toda a xente.  A Viena do início do século XX era o cenário ideal para um adolescente com ambiçóns intelectuais.  O lugar era singular dentro do mapa cultural europeu: unha mistura contradictória, impossível de harmonizar, entre um conservadorismo decadente e o vanguardismo mais radical.  É o universo que Robert Musil tán maxistralmente descreve em “O Homem sem Qualidades”, é a Viena de Mahler, Schönberg, Klimt, Freud…, e de Ludwig Wittgenstein.  O Império Austro-Húngaro desmoronar-se-ia como um castelo de cartas no final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, dando lugar a meia dúzia de novos Estados independentes.  A Áustria tornou-se um pequeno país, um anaco político, mas Viena continuou a ser unha metrópole cultural e científica  de primeira categoría até ao fím da década de 1930, quando o país foi anexado polos nazis.  Foi esse o terreno fértil onde o espírito do xovem Popper se formou.

c. ulises moulines

A MONXA CAPELANA

.

               Ignoro se foi casualidade ou consequência; mas desde o día em que sem querer, lhe toquei o cú à monxa capelana, ésta me regalaba mais recortes de hostias e mais vinho de consumir.  A monxa capelana era muito bonita.  A partir d’entón, ser sacristán, que sempre me tinha gostado, foi unha regalía.  A monxa capelana era quebradiza e dourada como um pancinho bem cozido.  Era a mais nova, e a mais madrugadora da comunidade.  Quando eu chegaba à sacristía para preparar os ornamentos, ela xa estaba alí enchendo de hostias o copón, traxinando com as xarras de vinho.  Polas manháns a irmán capelana non me chamaba nada a atençón.  Andaba de acá para alá, com os seus rezos matinais, as suas letanías inuadíveis e os olhos postos no chan.  Eu estaba meio dormido e entre o um e o outro, bastante tinha com non confundir a cor da cápsula que tocaba esse día e que mudava segundo a estaçón ritual do ano, ou a classe da misa que se dixéra.  Entre o frío que facía, o sono e o silêncio da monxa capelana como um fantasma, as manhans eram unha penitência.  Com os recortes, mais algunhas hostias enteiras que a monxa escamoteaba para mim, daba eu ágapes faustuosos na sacristía, ós que todo mundo quería assistir. Mas tinha que restrinxir-se a amigos muito íntimos; non fora a ser que alguém se fora da língua e nos caíra unha reprimenda do padre espiritual, que era bastante estricto.  As hostias sem consagrar non som nada.  Somente pán ácimo, ou sexa, sem levadura; obleias delicadíssimas que se pegabam ó céu da boca, ó paladar, e había que despegá-las com vinho de consumir.  Em abundância e a punhados som outra cousa e sabem bem.  Consagradas, as hostias som o corpo de Cristo.  Muitos críamos, antes de entrar num Seminário, que o sentido do vinho no cálice era: enxaguar a boca e arrastar os restos da hostia sagrada polas profundidades da garganta.  Mas aprendemos pronto que na Sagrada Ceia, antes de que Xudas vende-se a Xesus Cristo, este tinha instituido a Eucaristía baixo a dobre espécie do sangre e da carne.  Só que ós fieis se lhes servía unicamente a carne, ou sexa, a Sagrada Forma, o cura em câmbio, pegaba uns bons linguatazos de sangre.  O vinho de consumir, mentras non era consagrado, tamém non era nada; somente vinho docíssimo como o néctar.  Despois é a sangre de Cristo.  Mentras non se celébra a misa, pan e vinho a secas.  Por isso non entendíamos a vixilância do padre espiritual sobre os ágapes da sacristia.  A mím, a verdade, non me importaba restrinxilos e inclúso suprimi-los. O único que me importaba, a partir daquel día em que toquei o cú, sem querer, era que vinhera a irmán capelana, que tinha que fazer os seus rezos e, ás vezes, non podía vir.  Polas tardes, que é quando eran os convites, as monxas dedicabam-se ás suas preces, em aposentos semisecretos ou no coro.  Polas manhans, despois da misa, trabalhabam cada unha nas suas cousas e à mais nova tocara-lhe ser capelana, como a outra cozinheira, e a outra lavandeira, e así…  A monxa capelana era verdadeiramente fermosa, porque a mím as tocas sempre me parecerom um vestido que realza a beleza.  O día em que, sem querer, lhe toquei o cú, e non pareceu molestar-se nada em absolucto, eu quedei conturbado.  Tinha entón quince anos e andaba no 4º de Latim, crendo-me com mais conchas que um galápago, cousa que non era verdade.  Bom, algunhas sí me tinham saído.

javier villán e david ouro