Arquivos diarios: 10/07/2018

MICHEL DE MONTAIGNE (A HUMANA CONDIÇÓN)

.

               No ano de 1580, em Bordéus, Michel de Montaigne publica na editora de Simón Millanges a primeira ediçón de os Ensaios em dous libros.  A última bastante aumentada com anotaçóns e um terceiro libro, saíu postumamente em 1595, editada por Abel l’Angelier.  O título é inusual e responde a um proxecto filosófico inédito, escrito na primeira pessoa.  Com ele, o bordalês desexa expressar o carácter non cumprido, como de teste, de ensaio, da sua experiência pessoal sobre a arte de viver, sobre a fraxilidade da razón e a forza das paixóns, em conclusón, sobre a “humana condiçón”, xuntamente com a elaboraçón do conceito de “universal singular” amadurecido e enunciado no capítulo “Do Arrependimento” (III, 2): “Toda a filosofía moral se aplica tanto a unha vida comúm e privada como a unha vida de substância mais rica.  Cada home traz consigo a forma inteira da condiçón humana”.  Na sua viaxém rumo ao corazón da antropoloxía e da história, Montaigne escolhe a actitude norteáda pela dúvida como sismógrafo e bússola da alma, que xá Protágoras vía como operativa na natureza (“Protágoras dí que non há nada na natureza que non sexa a dúvida”), e, sobretudo, rumo á renovada fórmula do “Que sais je?”, á qual xuntará, formando unha triloxía que Kant tornará famosa, duas outras perguntas: “Que devo fazer?”, “Que posso esperar?”.  Afirma unha única certeza: dar plena cidadanía à incerteza e à dúvida, à adopçón de unha visón plural, a unha forma de pensar non dogmática, emancipada da tutela da autoridade filosófica dos antigos e de muitos humanistas, os “modernes”, termo usado de forma escassa por Montaigne (quatro vezes como adxectivo singular; duas como adxectivo plural; unha como substantivo plural) para designar os seus contemporâneos, que tinham feito da certeza  e do antropocentrísmo acrítico um “idolum”, o topo da cadeia do ser, da “scala naturae”, e da razón prometeica o centro, o “angelus novus”, o Deus terreno dos astros e do cosmos, o mediador universal entre o céu e a terra.  Os Ensaios, “o único libro deste tipo”, queria no fundo, propor um proxecto de educaçón permanente do olhar que fosse tanto centrípeto, para entrar dentro de sí, como centrífugo, para conferir unha nova capacidade de visón em relaçón ao mundo, á história, à sociedade e à política.

nicola panichi