Arquivos diarios: 29/06/2018

POBRES E BAGABUNDOS

.

               De pequeno eu quería ser pobre, modesta aspiraçón que protexe da frustraçón e fracasos.  Pobre de pedir, de caminho, de fardel e cachaba por montes e pradeiras. Pobre de tender-se á sombra dum salgueiro e refrescar-se num regato; pobre de mirar os labradores deslomar-se sobre o arádo no Outono ou agavilhando baixo o sol no vrán.  Pobre de non facer nada, de non ter obrígas, nem próximos nem casa, nem dívidas nem aforros, nem senhores.  Pobre de tumbar-se á bartola de cara ó céu, mentras os demais se afánan angustiosamente sobre os negócios deste mundo.  Pobre sem dinheiro.  O de impecúne, conseguim-no mais ou menos; o da liberdade muito pouco, quase nada.  Os pobres, ademais, formabam parte da paisaxem do meu povo e de todos os povoádos circundantes.  Eran como peregrinos do Caminho de Santiago, em todas as épocas do ano, fixéra frío ou calor, nevara ou caí-se fogo derretido.  Había o pobre de Paredes, o pobre de Ampudia, o pobre de Carrión, pobres com denominaçón de orixem que eran como marquesados ou condados da pobreza.  Estabam muito organizados, tinham os seus días fixos de ronda e o seu calendário.  E sabíamos que tal día da semana ou do mes, iban chamar á porta toc, toc, toc; unha limosna, por amor de Deus. Dinheiro, muito pouco.  Unha “perra-chica”, cinco centávos; ou ao sumo, unha “perra-gorda”, déz centávos.  O mais frequente, cousas de comer:  chourizos, toucinho, algúm ósso sobrante para um cozido. E nas casas mais aváras um mendrugo de pán, que o pobre bicaba com santa unçón e metía reverencialmente no zurrón.  Levava um fardelinho para cada cousa, debía de ser por medo a que se misturaram os sabores, os do toucinho, com os do chourizo, os do chourizo com os dos óssos, e assím, que os pobres tenhem o paladar muito fino e exquisito é cousa sabída.  Algúns davam-lhe ó sopro, ou sexa á botelha e, em véz dunha limosna por amor de Deus, pedíam um copo de vinho; como o poéta célebre, o bom cura Gonzalo de Berceo, refén da virxém e forxador do primitívo castelán, que em pago dos seus versos só pedía “um copo de bom vinho”.  Había um que lhe chamabam o Medalhas, que estava sempre atiborrado de vinho.  Com frequência andava a tropezóns e traspés.  Quando escuitába as malévolas risadas que se burlában da sua caída revolvía-se iracunso: “Se me caín que me caía, que eu bem dereito iba”.  Memorável filosofía aquéla, lóxica que desvinculaba os efeitos das causas e ós pequenos nos deixaba perplêxos. Vía-mos os pobres tumbados á sombra, ou sentádos tomando um refrixério. Mentras os homes e as mulheres do povo se deslomabam por semeádos e rastroxéiras.  E os pobres, nos parecíam os reis da criaçón: uns verdadeiros maraxás.  Chegada a noite, sempre encontrabam um palheiro aberto, unha eira, ou unha morea de espígas em pleno campo, dependendo do tempo e da estaçón, onde dormir a perna solta. O que digo: ¡¡como uns reis!!

javier villán