O PAN
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o pan
Bicar o pan encerraba um sentido sacrosanto de pobreza. Bendecía-se o pan, igual que Cristo na última ceia, antes de partí-lo. Como um don. E tamém se bicaba o pan que caía no chan. Como em desagrávio: um pecado involuntário que se redimía com um bico. Bicaba-se o pan porque o pan sempre era de Deus, e porque se temía que faltara. E porque había fame. O pan, último baluarte contra a fame. Era um alimento básico e, ás vezes, quase exclusívo. Habendo pan, había alegría. Aproveitáva-se todo o pan, até á última côdea. E quando xá non se podía roer, de pura pedra em que se tinha convertido, áspera pedra que podía descalabrar a um cristiano, entón faciam-se sopas de alho. A pelo, sem tropezóns de pernil nem ovo escalfado. Isso, mais que um luxo, houbera parecído um milágre. Sopas de alho urxentes e caldorosas, com uns pingos de azeite ou de toucinho derretido, que erq mais barato. Ou sopas de leite, que tamém estavam muito boas, sobre tudo se o leite tinha nata, o espessor amarelento e rico que dava todo o leite sem água anhadida. As sopas de alho para cear e as de leite para de manhán, que entón chamávamos pequeno almorço. O pan cozía-se por turnos, unha vecinha cada día, num forno, cuxa dona cobráva em páns ou em farinha o trabalho de forneira, unha espécie de maquía, como nos muinhos. Os días de cocedura eran unha fésta. Desde pola manhán comezaba a barafunda; primeiro, levar ó forno os brazados de lenha e a palha para enrroxá-lo, logo, o saco de farinha, e despois amassá-la, deitar a lavadura e fazer os pans. Estes metíam-se dentro do forno com unha pá de madeira de larguíssimo mango. Com a massa sobrante, que non alcanzava para fazer um pan, nos fabricavam ós nenos tortas ou paxarinhos muito bem moldeádos, tál que parecíam páxaros de verdade e até dava pena comê-los, primeiro a cabeza, logo unha asa, e así. Eran como comunhóns colectivas. Deus me perdoe, que compartíamos com os amigos. Había no povoádo um sistema de préstamos rotatórios, unha espécie de troco, resíduos sem dúvida de unha primitiva economía sem dinheiro. Tu dás-me hoxe dous pans, e manhán eu chos devolvo. Assím, por este sistema, nunha aldeia com poucos possíveis e muitas carências, permitiam-se o luxo de comer pán fresco todos os días. Os páns eran de quilo, redondos, compactos e candeais. A todos nos gostavam mais os corruscos que a miga. As migálhas usabam-se muito para sopas ou para recheio do cozido. Todos os días, ou quase todos, había cozedura, e todos devolvíam relixiosamente os préstamos que tinham recebido os días anteriores. Nón existía o perigo de quedármos sem pan. Passava igual com as matanzas. Quando o porco, que se criáva em todas as casas, lhe chegaba o seu “Santo Martinho” e o degolávam, repartiam-se razóns entre os vecinhos que ó melhor levávam: um trozo de toucinho, outro de lombo, costelas, xigas ,e unha morcela. Assím, desde primeiros de Decembro até finais de Xaneiro, mais ou menos. todas as semanas comía-mos manxáres de porco. Dinheiro non había, mas a comida era unha ledícia. E o fantásma da fame de post-guerra, foi menos acusado nas aldeias, pelos recursos naturais do campo, e tinha desaparecido, em parte, nos anos cinquenta, que son dos que estou falando. Tudo isto, vêm polo de beixar o pan, por esse sentido sacro de comunhón que dábamos ó pan; pola sua condiçón de remédio fixo contra a fame. O pan era o alimento sagrado e redentor.
javier villán e david ouro
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