O DIFERENDO (XV)
.
Num caso de litíxio existe “diferendo”, quando unha das duas partes vê a sua capacidade de falar neutralizada porque o “idioma” em que se desenvolve o conflícto, pertence a unha delas. Por exemplo, nunha situaçón de desacordo entre um trabalhador e o patrón, o primeiro encontra-se nunha situaçón de desvantaxem em relaçón ao segundo, unha vez que o idioma usado para expressar as relaçóns laborais non é capaz de mostrar que a forza do trabalho de que se supon ser proprietário é unha abstracçón inexpressável no concreto, a non ser que utilize a linguaxem que transforma tal forza de trabalho em mercadoria, fazendo uso, em suma da linguaxem do patrón (a do “direito económico ou social burguês”). O diferendo, que coloca unha das partes nunha situaçón de inferioridade, non se pon em causa, de modo que a resoluçón de um problema depende de quem é que impón a sua racionalidade (a sua linguaxem, o seu relato) sobre o outro. Ao non poder “provar” aquilo que diz, a parte afectada encontra-se nunha situaçón de indefensón pela inxustiza de que non é capaz de neutralizar por non dispor da linguaxem pertinente para o fazer. Daí que o nosso pensador possa defender que “a realidade”: um enxame de sentidos que pousa num campo assinalado por um mundo. A realidade é ao mesmo tempo significável, mostrável e nomeável”, a “realidade” xoga-se entre unha grande quantidade de famílias de proposiçóns. A realidade contém a diferença (o diferendo). É a partir de tudo o que foi referido que Lyotard se torna defensor da multiplicidade, da discrepânçia ou do litíxio (resumindo, mantém unha postura antiplatónica), e enfrenta a inxustiza que implica prohibir o acontecimento de que emerxe unha novidade. A soluçón que propón para escapar aos relatos monolóxicos é examinar os casos particulares, onde surxem possíveis diferendos, em busca de regras dos xéneros dos discursos heteroxéneos, para poder dar soluçóns parciais e limitadas a cada um deles. Dito de outra forma, propón aplicar o xuízo reflexivo xá defendido por Kant e do qual só podem advir microrracionalidades (que son especialmente relevantes em política, onde se mostra na perfeiçón que ninguém tem a última palavra, e onde apenas é possível manter-se aberto á escuta do idioma usado pelo outro. De facto, unha política responsável, tenta captar os diferendos procurando o idioma para os formular, tarefa que compete ao filósofo. Em contrapartida, para os autoritarismos só existe um único idioma) Lyotard defende a singularidade, a atençón ao pequeno, ao mínimo ou microlóxico. A filosofía deve ser capaz de elaborar discursos racionais e, no entanto, defender a existência de unha racionalidade non única; de facto, deve promover os debates entre discursos heteroxéneos e entre diferentes reximes de frases. Para isso, non deve tomar nada como inquestionável, pelo contrário, só interrogando se pode pôr em causa o que é dado por adquirido, tal é a actitude pagán que o filósofo francês mantém contra todo o dogmatismo.
teresa oñate e brais g. arribas
Esta entrada foi publicada en
Uncategorized.
Ligazón permanente.