Arquivos diarios: 15/01/2018

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (18)

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               Galinhas de Deus Negras.  O día 23 de Agosto de 1906, levarom-me para cortar pinheiros, cheguei á Vigaira e unha galinha de Deus preta deu-me um forte repotazo no peito e continuou unhas quantas veces, eu andava malo, o dia 29 de Agosto de 1906, ás 8,40 da manhán traía um costipado mortal, tán pronto acabamos de cortar os pinheiros, cesou o costipado como por encanto, estivem todo o día pensando na minha mala sorte e na vida desconsolada.  O dia 12 de Septembro de 1906 tivem que berregar com o Fernandez por culpa dos pinheiros, e parece que se negava a pagar, tinha-me chamado por mandado do (Pucho).  Mais Calamidades, a trencha.  O día 15 de Septembro de 1906 troquéi unha trencha polas pezas de unhas tamancas, o día 20 quedei de ir trabalhar para Celeiros, e por ser molestado polo Spírito inmundo, non fún.  O día 21 deu-lhe mal à minha nái, e non tinha farinha nem nada que comer e passei fáme…  O día 23 vem o Spírito inquietar-me, vía em sonhos pessoas conhecidas vestidas de preto, estivem todo o día deitado doente, muito aflixido, com dor de cabeza.  Molestado. Esconxuraçón. O día 25 de Septembro de 1906, lín unha oración (que titulan de San Cipriano) e continuei com ela por alguns días pola noite, entón o Spírito tratou de me molestar de día, ó tomar a sexta polas 12;  unha vez que iba lendo polo meio da esconxuraçón, quedei surdo, e como que me levava a cabeza polo aire e o corpo tremendo, o Spírito porfiou polos días 26,27,30, despois unha vez lida a oraçón polas 4,20 da manhán, quedei dormido mais um tempo, tivem o sonho seguinte:  sonhei que estava nunha Igrexa virado pro altar, habia pouca xente, entón presentou-se um Abade no altar, facendo reverências coas mans na minha direcçón; despois saíu outro da sacristia e foi xunto del, vinha de comer toucinho ou cousa semelhante, pelo que saíu limpando as babas engraxadas, se explicara todas as voltas deste sonho, haberia leitura para muito, acto seguido desperto, quedando pensativo desta visón arriba dita.  Fantasma.  O día 13 de Outubro de 1906, fún molestado polo Spírito…   mas de unha maneira que se tivo em mim, se non estava xá; e vin ó meu redor um home muito baixinho (um metro de altura), xá quase era día. 

manuel calviño souto

FRANCISCO SÁNCHEZ (1)

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               Heis aquí um autor relegado ó que Bloch denomina “entremundos” da história da filosofía.  Perdido entre as brumas do resurximento tardío e as non menos espessas do barroco nascente, costuma concluir a sua menguada fama com a escueta notícia de um tópico escepticismo, que del se dá nos manuais ó uso da história do pensamento.  Amigo de Michel de Montaigne e de Pierre Charron, acáso sucesor na cátedra de Rabelais, com seguridade, do ilústre catalán Ramón de Sabunde, este nosso Francisco Sánchez, nascido em Tui, no ano de 1550, por conseguinte um território adscrito à diócesse bracarense, contribuiu em boa medida a esse tópico com a sua obra mais difundida.  “Que nada se sabe” um manual do pensamento que responde ó corte e propósito dos escépticos renascentista.  A sua meta é mais combater o falso saber, a ignorância pagada de si mesma ou a universalmente difundida superstiçón, que visa socavar a possibilidade do conhecimento humano, de acordo com o programa elaborado por Pirrón e elevado ós seus últimos extremos pola Academía tardía.   Este espírito ilustrado brilha enerxicamente no seu também muito conhecido escrito titulado “Poema do Cometa” (Carmen de Cometa), dedicado a criticar a oleada de augûrios supersticiosos desencadeada pelo passo de um cometa, divisado nas proximidades da cidade de Lyon no ano de 1577.  Maís alá do escepticismo sistemático, há assimesmo o seu proxecto de um “Método Universal das Ciências”, que, com esse título, parece haber-se redactado efectivamente e que, desgraçadamente, non se conservou.   Em fím, aquí está a obra emblemática de um galego máis da diáspora – para mais sinais de orixém xudeu – Non obstânte o título da sua obra e o tópico da sua fama, contribuiu como poucos ó saber da sua época na nascente Europa.

g. d. s.