Arquivos diarios: 28/11/2017

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (1)

ICASA DO MOTRETA1779

               Meus queridos e amados leitores:  Por tradiçón vou-vos contar o seguinte: -Nascim o once de Outubro de 1884, na hora once do día, no lugar da Portela, Parroquia de Guillade districto consistorial de Ponte.  Quedei sem nái por esta ir de ama de cría para Ponte. onde fun, enxendrado, ficando eu com unha avó que segundo decian eu a titulava de nái (Manuela Anta), que em paz descanse).  Faltando-me o amor materno, dabam-me leite de cabra, dos dous meses do meu nascimento até ós catorce meses em que regressou a minha nái de Ponte.  Tendo que voltar a partir dalí a alguns meses.  Me puxem afinhado, por falta do que a natureza permite ós recém nascidos, por meio do amor maternal, etc…  Desde que tinha sete anos levou-me unha tía minha para o monte a guardar um rebanho de ovelhas, levavam-me ó colo por veces, dando-me côdeas de pan afumado.  Naqueles tempos a minha querida nái conservava o milho ó fumo da cozinha, non tendo um cabaceiro de seu; andava descalço e com a roupa rota, etc.  Despois dalgum tempo, quedei xá de pastor até ós once anos, quando ingressei no coléxio particular de Guillade (do Professor Sr. Avelino).  Ós poucos meses fun de criado para Santiago de Oliveira (Sr. Andres), assistindo oito dias, acto seguido fun para a casa do Casal da dita Oliveira,  entrou comigo força de superstiçón e efeitos sobrenaturais que era impossível estar tranquilo;  non facia senon chorar, unha tristeza irressistível e fortes lamentos do corazón, e logo atacoume unha capa daquilo que um home busca e non quixera encontrar.  Em 1897 continuava na dita escola particular de Guillade, regressando voluntário á escola pública de Mouriscados dous dias, onde o professor non me quixo aceitar por non ir recomendado da minha nái, pelo que me tratava de má vontade e mala fé:  A minha nái foi falar com o Mestre de Uma e entón alí me apliquei com entusiasmo, assistindo dous meses;  eu pola intelixência concedida por Deus estudava na casa sem axuda de Mestre, pois quando fun a Uma xá levava a “tabla” sabida de cabeza e lia no manuscrito algo recto;  Como tinha fama, que aprendia muito e rápido, a minha sorte foi barrida pola feitiçaria ou pessoas de mala fé.  Entrei no Coléxio de Uma a catorce de Novembro de 1900, baixo a direcçón de D. Enrique Barbosa.  O doze de Septembro de 1901 fún falar á escola de Guillade do Sr. Avelino que nesta época se atopaba de Interino na escola pública assistindo de discípulo, como o Mestre andava moribundo, a pé, mandava-me tomar leçón, etc…  No caso que o seu corpo non puidera deixar o leito; pois a catorce de Novembro de 1901 hora das dez, faleceu o tan amado e digno Sr. Professor;  Depois houbo convulsóns e desconxunturas no pobo, uns com os outros acerca da escola, uns decian que continuase, outros que non podia ser, etc.  Continuei alguns meses, mas por fim deixei-a em seis de Xunho de 1902, porque o pobo me incomodava.  Em dezaseis de Septembro de 1902, corrin ao serán nocturno de Mouriscados onde eu apredin as primeiras noçóns de baile.  A consequência de um empenho voltei a rexentar a escola, logo vinheron trampas e atropelos; e negaron-me o último trimestre, e deixei-a por segunda vez no dezanove de Xulho de 1903, até hoxe.

manuel calviño souto

A UNIDADE FUNDAMENTAL DE TUDO (25)

.

               Nesse último meio ano em que viveu em Weimar, houve um acontecimento muito relevante para o pensamento de Schopenhauer.  O destacado orientalista Friedrich Majer, estudoso da relixión hindu, revelou-lhe as “Upanissades”, um conxunto de diálogos filosóficos escritos em sânscrito que comentam os “Vedas”, os textos sagrados do hinduísmo. Schopenhauer leu-os numa traduçón em latim, feita cinco anos antes, a partir do persa, pelo orientalista francês Hyacinthe Anquetil Duperron, que lhes deu o título “Oupnek’hat”.  Aqueles textos iniciáticos,  onde um mestre falava com os discípulos sobre o nível mais profundo da sabedoria oculta e do núcleo da realidade, foram unha revelaçón para o xovem doutor em filosofia.  Fascinaram-no non só pelas suas concepçóns intrínsecas, mas também porque se complementavam com as ideias de alguns dos grandes pensadores occidentais (Parménides, Platón, Espinosa) e até as completavan. A sabedoria hindu confirmou-lhe a sua visón em relaçón ao carácter ilusório da pluralidade e diversidade do mundo sensível e confirmou-lhe também a unidade fundamental de tudo o que existe.  Esta revelaçón seria decisiva para a consolidaçón do seu pensamento, xuntamente com Kant e Platón, admite que esta é a sua terceira grande influència.

joan solé