Arquivos diarios: 21/09/2017

BREVES APONTAMENTOS CRÍTICOS (EM XEITO DE CONCLUSÓN)

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               “Num caminho ameaçado por quem, por um lado, luta por um excesso de liberdade e, por outro, por um excesso de autoridade, é difícil, passar ileso entre os dois lados. Creio contudo, que o empenho em aumentar o poder civil non pode ser condenado por este; nem os particulares ao censurá-lo declaram, com isso, que consideram excessivo esse poder.  Por outro lado, non aludo aos homens, mas, sim (em abstracto), á sede do poder.  como aquelas simples e imparciais criaturas do Capitólio romano, que com o seu ruído defendiam os que nele se encontravam, non por serem eles, mas por estarem lá” (Leviatán, dedicatória).  A julgar por esta citazón, Hobbes parece considerar-se a sí próprio um homem conciliador e até moderado,  No entanto, chegados a este ponto estamos em condizóns de afirmar que professou ideias no mínimo comprometedoras.  Para avaliar este aspecto, em primeiro lugar, vamos contabilizar as vantagens e as obxezóns que se podem apontar ao seu pensamento.  Destacaremos de igual forma as suas virtudes e as suas contradizóns e descreveremos, com a moderazón necessaria, como foi recebido e rebatido por filósofos posteriores.  Em seguida, descreveremos as principais posizóns dos seus partidários e dos seus detractores e como estas se polarizaram.  Entre os contributos do nosso filósofo há que destacar tanto a ausência de todo o compromisso doutrinal ou metafísico herdado, como a sua coragem para romper com a tradizón escolástica medieval e a atacar frontalmente o poder da Igrexa.  De forma similar, assumiu grandes riscos ao afirmar que a soberania emana do pacto fundacional da sociedade, e non do direito real divino, o que, como vimos, lhe custou apoios realistas, amizades e ter de queimar alguns dos seus manuscritos inédictos.  Nestes aspectos, as propostas de Hobbes podem ser consideradas “revolucionárias” dentro do seu próprio programa reacionário (Leo Strauss considera-o, por este mesmo motivo, um protoliberal, uma repreensón que se entende melhor se tivermos em conta o conservadorismo de Strauss).  Mas estas questóns lançam também unha ligeira dúvida sobre a sua própria concepzón do homem, unha compreensível falta de coerência.  Se realmente o temor da morte é a paixón que mais nos domina, a própria vida de Hobbes non parece ter-se axustado, pelo menos literalmente, a essa circunstância.  Temeroso e esquivo, escreveu paradoxalmente obras que por pouco non o mandarom para a fogueira, e com as quais, afinal, non conseguiu evitar o confronto civil.  Por outro lado, saliente-se que Hobbes, embora abstracto nos seus pensamentos sobretudo pelo seu compromisso de “geometrizar” no fundo non constrói unha filosofia política ideologicamente neutra.  Por este motivo, embora insista no contrário, non parece que as suas ideias sejam aplicáveis a todas as formas de governo.  Primeiro, traduziu Tucídides para atacar os parlamentaristas.  Em segundo lugar, é inimaginável que tivesse apoiado um sistema parlamentar no qual unha assembleia concentrasse o poder absoluto face á monarquia dos Stuart.  O contexto histórico e a sua própria condizón pessoal, embora permaneçam velados na formulazón do seu sistema filosófico, son cruciais para compreender a sua obsessón em convencer os ingleses a manterem-se submissos e a non disputarem o poder ao rei absolutista.  Numa situazón pré-bélica como aquela, advogar a obediência implicava duas coisas;  por um lado, unha tentativa de evitar a guerra e a morte, por outro, um apoio á manutenzón do “statu quo”.  Convém, por isso, non esquecer os interesses pessoais do próprio autor ao desenvolver unha teoria, sobre tudo se se refere á política.

ignacio iturralde blanco