Arquivos diarios: 06/09/2017

EM NOME DE GUILLADE (X)

.

               As dificuldades nas comunicazóns entre bairros e Igrexa facía com que as parróquias se modificasem nos seus límites eclesiásticos para favorecer o acceso de todos os feligreses aos servizos relixiosos, de aí que no século XIX se criassem novas parróquias segregadas de entidades maiores, mas tamém que moitos bairros, afastados do seu centro parroquial preferissem optar a sumar-se á feligresía doutra parróquia, máis próxima e de melhor acceso, como sería o caso dos bairros de Vigaira e Carbalhas em 1959 que solicitarám unirse a San Miguel de Guillade polas dificuldades que tinham os vecinhos de chegar ás Igrexas de Santiago de Oliveira e San Estevo de Cumiar: 

             “Excmo, Señor:  José Fernández Costa, Enrique David David, Generosa David Argibay,  Carmen Vidal Reguera feligreses de Santiago de Oliveira.   Inocencio Yglesias Candeira, José Yglesias Rodríguez,  Laura Cerqueira Silva e Edelmira Rey Pazos, feligreses de San Esteban de Cumiar, na diócesis de Tui, uns e outros cabezas de família, a V. Excia.  Com o maior respeito e amor filial exponhem:  Que encontram grande dificuldade – por non decir impossibilidade – em cumprir com os seus deveres relixiosos – principalmente os da Santa Misa e Preceito Pascual – pois se atopan a non pequena distância das suas respectivas Igrexas parroquiais – de dous a três kilómetros -, tendo que fazer o recorrido por sendeiros pedragosos e estreitos, veredas, entre silvaredos e pedregais solitários, onde non é raro encontrar-se com algunha alimanha perigosa, como o lobo, que infunde espanto e medo principalmente ás mulheres, retraindo-as por isto de ir ás Igrexas cumprir com os seus deveres e obrigazóns de bom cristán; – por tudo o qual recurrimos a V. E. Rdma. em súplica de que prévios os requisitos de Direito, nos sexa concedido o traslado ou agregazón como feligreses á vecinha parróquia de San Miguel de Guillade, cuxa Igrexa dista das nossas vivendas, nos bairros da Vigaira e das Carbalhas, uns dous kilómetros, tudo por carretera, o que nos facilita muito o cumprimento das nossas obrigazóns relixiosas.  É graça, pois, que esperamos obter da bondade e recto critério de V. E. cuxa vida guarde Deus muitos anos. Santiago de Oliveira e Cumiar, a vintidous de Abril 1959.”

a irmandade circular  

O DEUS MORTAL DOS ORGULHOSOS (XIX)

.

               A forma como criamos o Estado é, portanto cedência individual do nosso poder a um soberano e, a partir desse momento, o cidadán deve considerar-se sua propriedade até ao momento em que “se reconheça a si mesmo como autor de qualquer coisa que faça ou prometa” (idid.).  A partir do momento em que assinamos o pacto e o “Leviatan” começa a funcionar, caminhamos com ele e fazemos tudo o que ele faz.  Justamente, na sua definizón, Hobbes realça esta questao da autoria partilhada de súbditos e soberano.  Assim, o Estado consiste “numa pessoa de cujos actos uma grande multidón, por pactos mútuos, realizados entre sí, foi instituída por cada um como autor, com o objecto de poder usar a força e meios de todos, como xulgar oportuno, para assegurar a paz e a defesa comum” (ibid.).  Também realça a artificialidade deste producto humano e chega a equipará-lo, non sem um pouco de irreverência, á criazón divina:  “Os convénios mediante os quais as partes deste corpo político se criam, combinam e unem entre sí, assemelham-se áquele “fiat, ou façamos o homem, pronunciado por Deus na criazón” (Leviatan, introduzón).  No mesmo sítio, apenas unhas linhas antes, Hobbes leva a metáfora biologística ás últimas consequências, descrevendo em grande pormenor, e com unha prosa de tan grande lirismo que merece ser reproduzida aquí em toda a sua extensón, muitos dos orgaos que configuram o “Leviatan”.  Assm, o corpo político “é apenas um homem artificial, embora de maior estatura e robustez que o natural para cuja protezón e defesa foi instituído; no qual a soberania é uma alma artificial que da vida e movimento ao corpo inteiro;  os majistrados e outros funcionários da xudicatura e do poder executivo, nexos artificiais;  a recompensa e o castigo (por meio dos quais cada nexo e cada membro vinculado á sede da soberania é induzido a cumprir o seu dever) son os nervos que fazem o mesmo no corpo natural; a riqueza e a abundância de todos os membros particulares constituem a sua potência; a “salus populi” (a salvaçao do povo) son os negócios;  os conselheiros, que informan sobre as coisas que é necessário conhecer, son a memória:  a equidade e as leis, uma razón e uma vontade artificiais;  a concórdia é a saúde; a sedizón, a doença;  a guerra civil, a morte” (ibid.).  Mas Hobbes non fica por aí.  Bastante á frente, na mesma obra, afirma que este autómato protector possue também a faculdade nutritiva, a motriz e a racional, que correspondem, respectivamente, á capacidade de cobrar impostos, ao poder de coaczón e á actividade legislativa.  O mecanismo do “Leviatan” é posto assim em evidência.  Inclusive o seu próprio movimento depende da capacidade de obrigar as suas partes constitutivas -os cidadans- a orientar os seus movimentos através de leis e ordens.  Apesar de rejeitar o direito divino dos reis (o contracto social é a explicazón alternativa da fonte da soberania), Hobbes atribui a Deus, o de soberano incontestável.  Á semelhança da Biblia, onde o monstro marinho é chamado “rei dos orgulhosos” (Job 41:34), aquí chamámos ao “Leviatan” de criazón humana “o Deus dos orgulhosos”, xá que Hobbes patilhava esta mesma considerazón a respeito do orgulho dos homens.  Esta grande efíxie viva é um corpo artificial composto por cada um dos indivíduos, mas, ao mesmo tempo é um deus (mortal, evidentemente, porque pode ser destruído), um deus que disfruta o poder terrenal ao Deus imortal, aquele a que Hobbes ainda non está em posizón de renunciar completamente na sua teoria política sem ser considerado herexe.  É este o grande poder soberano, que depende completamente do medo que é capaz de causar, como fica patente nas linhas seguintes:  Embora os benefícios desta vida possam aumentar através da axuda mútua, o certo é que se alcançam melhor dominando os nossos próximos do que associando-nos a eles.  Espero, portanto que ninguém ponha em dúvida que se desaparecesse o medo, os homens seriam máis intensamente levados a obter domínio sobre os seus semelhantes do que a estabelecer unha associazón com eles.

ignacio iturralde blanco