Categorías
Arquivo
- Agricultura Alimentación Anonymous Arquitectura Astronomía Blogs para curiosear Bos desexos Cerebro Cine Darío e Breixo Economía Educación Frutais Futuro Historia Humor Indignados Libros Lingua Literatura Medios de comunicación Monte Comunal Natureza Poesía Política Procomún Publicidade Sidra Socioloxía Software libre Tradicións Viaxes Xadrez
Os nosos blogs
Arquivos diarios: 06/09/2017
O DEUS MORTAL DOS ORGULHOSOS (XIX)
A forma como criamos o Estado é, portanto cedência individual do nosso poder a um soberano e, a partir desse momento, o cidadán deve considerar-se sua propriedade até ao momento em que “se reconheça a si mesmo como autor de qualquer coisa que faça ou prometa” (idid.). A partir do momento em que assinamos o pacto e o “Leviatan” começa a funcionar, caminhamos com ele e fazemos tudo o que ele faz. Justamente, na sua definizón, Hobbes realça esta questao da autoria partilhada de súbditos e soberano. Assim, o Estado consiste “numa pessoa de cujos actos uma grande multidón, por pactos mútuos, realizados entre sí, foi instituída por cada um como autor, com o objecto de poder usar a força e meios de todos, como xulgar oportuno, para assegurar a paz e a defesa comum” (ibid.). Também realça a artificialidade deste producto humano e chega a equipará-lo, non sem um pouco de irreverência, á criazón divina: “Os convénios mediante os quais as partes deste corpo político se criam, combinam e unem entre sí, assemelham-se áquele “fiat, ou façamos o homem, pronunciado por Deus na criazón” (Leviatan, introduzón). No mesmo sítio, apenas unhas linhas antes, Hobbes leva a metáfora biologística ás últimas consequências, descrevendo em grande pormenor, e com unha prosa de tan grande lirismo que merece ser reproduzida aquí em toda a sua extensón, muitos dos orgaos que configuram o “Leviatan”. Assm, o corpo político “é apenas um homem artificial, embora de maior estatura e robustez que o natural para cuja protezón e defesa foi instituído; no qual a soberania é uma alma artificial que da vida e movimento ao corpo inteiro; os majistrados e outros funcionários da xudicatura e do poder executivo, nexos artificiais; a recompensa e o castigo (por meio dos quais cada nexo e cada membro vinculado á sede da soberania é induzido a cumprir o seu dever) son os nervos que fazem o mesmo no corpo natural; a riqueza e a abundância de todos os membros particulares constituem a sua potência; a “salus populi” (a salvaçao do povo) son os negócios; os conselheiros, que informan sobre as coisas que é necessário conhecer, son a memória: a equidade e as leis, uma razón e uma vontade artificiais; a concórdia é a saúde; a sedizón, a doença; a guerra civil, a morte” (ibid.). Mas Hobbes non fica por aí. Bastante á frente, na mesma obra, afirma que este autómato protector possue também a faculdade nutritiva, a motriz e a racional, que correspondem, respectivamente, á capacidade de cobrar impostos, ao poder de coaczón e á actividade legislativa. O mecanismo do “Leviatan” é posto assim em evidência. Inclusive o seu próprio movimento depende da capacidade de obrigar as suas partes constitutivas -os cidadans- a orientar os seus movimentos através de leis e ordens. Apesar de rejeitar o direito divino dos reis (o contracto social é a explicazón alternativa da fonte da soberania), Hobbes atribui a Deus, o de soberano incontestável. Á semelhança da Biblia, onde o monstro marinho é chamado “rei dos orgulhosos” (Job 41:34), aquí chamámos ao “Leviatan” de criazón humana “o Deus dos orgulhosos”, xá que Hobbes patilhava esta mesma considerazón a respeito do orgulho dos homens. Esta grande efíxie viva é um corpo artificial composto por cada um dos indivíduos, mas, ao mesmo tempo é um deus (mortal, evidentemente, porque pode ser destruído), um deus que disfruta o poder terrenal ao Deus imortal, aquele a que Hobbes ainda non está em posizón de renunciar completamente na sua teoria política sem ser considerado herexe. É este o grande poder soberano, que depende completamente do medo que é capaz de causar, como fica patente nas linhas seguintes: Embora os benefícios desta vida possam aumentar através da axuda mútua, o certo é que se alcançam melhor dominando os nossos próximos do que associando-nos a eles. Espero, portanto que ninguém ponha em dúvida que se desaparecesse o medo, os homens seriam máis intensamente levados a obter domínio sobre os seus semelhantes do que a estabelecer unha associazón com eles.
ignacio iturralde blanco
Publicado en Uncategorized

