.
Mentres camiñas por Lisboa
lembra o que sabes de Prisciliano
Someterse á maxia é crebar
a cadea das horas
Pombas espellos coxas un certo ángulo
É demasiado feble a reixa para
un soño ilícito
herexe avesedo
indica con figura xeométrica
o incerto o vago a desmedida ausencia
Despois converte as cores
en branco solidario
(loitando loita sempre)
Nacerá entón a luz nas pegadas
mentres camiñas por Lisboa
francisco xosé candeira
Publicado en Uncategorized
.
Noutra direçao vai seguir a Europa continental. O frágil prestígio da democracia no primeiro pós-guerra e o medo da acçao revolucionária das massas vao conduzir a reflexao dominante sobre a necessidade do chefe e seguir um infeliz caminho autoritário, que terá nos totalitarismos europeos a seu apogeu. A desgraça da guerra e as dificuldades económicas dao o enquadramento propício para que o caminho intelectual da questao do chefe se faça em detrimento da questao da democracia. Certamente inspirado em Le Bon, o comandante De Gaulle traça, em 1927, a sua visao do problema e da soluçao que preconiza: “O nosso tempo é duro para a autoridade. Os costumes colapsam, as leis fraquejam. No lar como no trabalho, no Estado com na rua, é a impaciência e a crítica que suscitam, mais que a confiança e a subordinaçao. Os homens têm necessidade, no fundo, de serem dirigidos, nao menos do que comer, beber e dormir. Estes animais políticos têm necessidade de organizaçao, quer dicer, de ordem e de chefes.” A tonalidade autoritária da palabra nao cessa de evoluir e adensar-se-á á medida que a extrema-direita europeia ganha posiçoes: a necessidade do chefe torna-se desejo de chefe. depois, obsessao pelo chefe e, finalmente, culto do chefe. Esta cultura espalha-se um pouco por toda a Europa, com diferentes roupagens – Caudilho, Duce, Führer. O mundo soviético, apesar da teoria política assente no colectivo e na luta de classes, nao escapa ao fascínio do chefe. Lenine, antes de ganhar o congreso do partido, escreve o livro “Que faire?”, criando as bases teóricas de um partido de vanguarda, composto por revolucionários profissionais, capazes de comandar sem erros e dentro dos caminhos científicos da revoluçao. Estes revolucionários experimentados e conhecedores devem ser os chefes, os que guiam e comandam, sem falhas nem estados de alma, as massas rumo á revoluçao. Mais tarde, em 1920, Lenine defende-os contra a esquerda comunista alema que critica a “ditadura dos chefes”, identificando a “doença infantil do comunismo”; “…toda a gente sabe que as massas se dividem em classes… que as classes sao dirigidas… por partidos políticos; que os partidos sao, regra geral, dirigidos por grupos mais ou menos estáveis de pessoas que reúnem o máximo de autoridade, de influência, de experiência, trazidos pela via eleitoral ás funçoes mais responsáveis, e que se chamam chefes. Tudo isto nao é mais do que o abc. Tudo isto é simples e claro. Porque entao a necessidade de os substituir por uma qualquer algaraviada…” O tema do chefe parece, assim, nao escolher nem países, nem quadrantes políticos. Da esquerda á direita. ele está na ordem do dia. Lenine usa o termo “vozd”, que em breve será cuidadosamente reservado á direcçao política, com a zelo vocabular que sempre caracterizou o mundo comunista. No fim de 1924, um general pergunta a Estaline o que acha da fórmula “vozd” para designar Trotsky como chefe do exército. Este é perentório: “É preciso conhecer o autor dessa fórmula, “Trotsky, “vozd” do Exército Vermelho e puni-lo. É obrigatório mudar essa fórmula”. Esse termo, “vozd”, ficaria reservado para Lenine e para Estaline – guia, conductor, chefe. Na Alemanha, o caminho é o mesmo. Poucos acreditam na capacidade da democracia de Weimar para criar autoridade. Esta teria que ser procurada fora dela. A desgraça da derrota na guerra, veem-na os nazis como resultado da falta de chefia: “A guerra nao poderia ter acabado como acabou em 1918 senao porque nos faltou o grande chefe político”. Tal paranoia atinge o clímax já no período nazi: o chefe é o povo personificado, acima das facçoes, legitimado pela história e pela acçao. “Führerprinzip”: a vontade do chefe como lei suprema. Carl Schmitt, talvez o mais empedernido e talentoso jurista nazi, escreve em 1937: “O Führer é o portador da vontade popular; ele é independente de todos os grupos, de todas as associaçoes, de todos os interesses, mas é submisso ás leis essenciaes do povo”. Dispensando-se de dizer quais sao essas leis do povo ás quais o Führer está obrigado, mas que só este conhece, prossegue: “Ele transforma o que nao é senao um sentimento popular numa vontade consciente e cria, a partir do todo disperso, o grupo unido e pronto para agir… Uma tal vontade geral nao é uma ficçao, como é o caso da pretensa “vontade geral” da democracia, mas uma realidade política que encontra a sua expressao no Führer”. O chefe que, ao agir, une a naçao, encontrando nessa acçao a sua própria legitimidade. Mas falta o toque final – Hitler: “Até hoje nós pagamos os escrúpulos e o imobilismo dos governantes alemaes durante a I Guerra Mundial. Toda a indignaçao suscitada pela vergonha de um tal colapso concentrou-se em Adolf Hitler para realizar nele a força motriz da acçao política. Todas as experiências e todas as advertências contidas na história da infelicidade alema estao vivas nele. …O Führer protege o direito contra o mau uso e abuso; no momento do perigo ele legisla directamente, em virtude da sua qualidade de Führer e de autoridade judiciária suprema”. O chefe aparece finalmente em todo o seu esplendor – ele é a lei viva da Naçao. Julgo que esta cultura política (disputa) que se vai estabelecer entre a América e a Europa continental – esta tem medo das multidoes; aquela nao as teme e vê nelas a possibilidade positiva de uma competiçao democrática entre quem se candidata para apontar um caminho. A Europa procura um “chef” capaz de pôr ordem na anarquia e nas discussôes parlamentárias estéreis; a América aceita o debate, o conflito, a pluralidade de interesses, e procura o “leader” capaz de dar resposta operativa aos anseios maioritários. O perfil europeo de “chef” é imperativo – o que manda e ordena; o “leader” americano reclama uma adesao livre – é aquele que inspira e que convida a seguir. Na Europa continental (a Inglaterra manter-se-á fiel ás suas tradiçoes democráticas), o debate vai conducir á ideia de que o “chef” é incompatível com a democracia – ou um ou o outro. Na América, pelo contrário, é a qualidade da democracia que exige e reclama o “leader”. O que separa as duas teorias de comando é a democracia.
JOSÉ SÓCRATES
.
Publicado en Uncategorized
.
!Peirao de Ulises, Belém da Victoria,
lonxano mar amigo, ardente adeus,
nao luminosa en lúcida memoria!
Tamén nos trae a nidia luz de Deus
estoutra patria en pedra: anterga historia,
infinita pegada en soños meus,
Rúa Nova noiva, Pórtico da Gloria…
!E vexo un alto mar nos ollos teus!
Se olvido Porto e paso Pontevedra,
se non deixo a alma miña alá ancorada,
se toco no teu Templo a verde hedra,
se olvido argazo e o meu sangue medra
aínda, coma un canto na alborada,
amo en ti, Compostela, un mar de pedra.
francisco xosé candeira
.
Publicado en Uncategorized

RAMÓN MARIA DO VALLE-INCLÁN
No último número de “O Galego”, prometiamos continuar a biografia de D. Ramón, e vamos apresentar o pensamento dos seus contemporâneos sobre el. Sobre Valle-Inclán, ó largo dos anos, foi-se amontoando retratos biográficos, uns desenhados com saña e rencor; outros com piedade latente e compreensiva: poucos com imparcialidade e mistério. Gomez de la Serna define-o em linhas maxistrais “Como a melhor máscara a pé que cruzaba a calle de Alcalá”; Rubén Dario, no seu soneto famoso, contribue á sua mitoloxia: “Este gran D. Ramón, das barbas de chivo, parece um velho deus, altaneiro e esquivo…” El mesmo, na sua Autobiografia – Alma Española, 27 de Decembro de 1903, incíde nunha apresentacion arrogante: “Este – que véis aquí, de rostro espanhol e quevedesco, de negra guedelha e longa barba, son eu: D. Ramón Maria del Valle-Inclán…” A perda do seu brazo esquerdo num lance com o xornalista Manuel Bueno, hipertrofia a rareza da sua compostura física. Ricardo Fuentes. – Xornalista e Director do El País – “É um escritor mundano… deixemos, pois, a Valle-Inclán que se entenda com os seus príncipes e duquesas”. Azorín – afirma: “as nossas normas em vida eran diferentes e as nossas estécticas opunham-se. Miguel Sawa – na revista D. Quijote – : O público dos nossos dias, amigo Valle, non está polas filigranas amorosas”. Clarín – em 1897 – pregunta: “Quem é este Valle-Inclán? Um modernista, xente nova, um afrancessado franco e valente. Ainda que novo, é listo e têm lido bastante… Apercebe-se que o autor tem imaxinaçao, e é capaz de chegar a ter estilo, non se trata d’um qualquer”. Pedro González Blanco – em Vida Nueva de 3 de Decembro de 1899 fai um análise profundo da obra de Valle-Inclán e traza unha fermosa semblanza da sua figura: “É o representante mais xenuino da nova relixion da arte. Unha arte revolucionária que têm como lema e bandeira a destruiçao das escolas, das teorias absolutas e dos prexuícios miopes. Valle é para min, um dos poucos que na Espanha saben sentir d’unha maneira bela e fundir o sentimento na forma”… e acaba: “Quando vexais passar ó vosso lado um xoven de faz pálida, de ademán desassossegado e nervoso, de belo semblante nazareno, que vos mira com um xesto de altivez olímpica que non soberana, saúdade nel o prossista impecábel, o sonhador fervente, ó namorado da beleza, do amor e do ideal.” Muito há que falar ainda sobre Valle-Inclán. Terminaremos no proximo número.
gabino castro gil
Publicado en Uncategorized

I
Enorgullécete de tu fracaso
que sugiere lo limpio de la empressa:
luz que medra en la noche, más espesa
hace la sombra, y más durable acaso.
No quiso Dios que dieras ese paso,
y ya del solo intento bien le pesa;
que tropezaras y cayeras, esa
es justicia de Dios, no le hagas caso.
¿Por lo que triunfo y lo que logro, ciego,
me nombras y me amas?: yo me niego,
y en ese espejo no me reconozco.
Yo soy el acto de quebrar la esencia:
yo soy el que no soy. Yo no conozco
más modo de virtud que la impotencia.
II
Pero no cejes; porque no se sabe
cuando pierde el amor, donde la tierra
volteando camina, ni que encierra
mensaje del que nadie tiene clave.
Pues el libro Mayor (y eso es lo grave)
del Debe y el Haber nunca se cierra,
y acaso acierte el que con tino yerra;
ni es nada el mundo hasta que el mundo acabe.
Si te dicen que Dios es infinito,
di que entonces no es; y si finito,
que lo demuestre pués y que concluya.
Pero no hay Dios ni hay Ley que a contradanza
no se pueda bailar. Tu muerte es tuya.
Tu no sabes es toda tu esperanza.
agustin garcia calvo

Publicado en Uncategorized
Depois vem a história. Se quisermos encontrar nesta disciplina um epígono de Hegel, ninguém melhor, ressalvadas as devidas diferenças que assinalaremos, do que Thomas Carlyle. Em maio de 1840, proferiu uma série de conferências a que chamou On heroes, hero-worship, and the heroic in history. A ela assistiu a mais sofisticada e aristocrática classe londrina da época: “escutaram algo novo e pareciam muito surpreendidos e agradados. Riram-se e aplaudiram”. Nada fazia prever – e certamente nao parece ter sido essa a intençao do autor – que as suas ideias contivessem uma nova doutrina política e muito menos que viessem a constituir fonte de inspiraçao para as desgraças que nos aguardavam no século seguinte. Mas assim foi. A carga explosiva das suas palavras e pontos de vista rebentaria mais tarde – e ouvir-se-ia longe. A ideia central de Carlyle é a marcha da história sempre se fez com o contributo de heróis, sem os quais nao teria havido progresso nem desenvolvimento. A história é uma galeria de arte cuja coleçao de biografias de personagens excepcionais ilumina a paisagem histórica, dando-lhe um sentido e um rumo: “a História Universal, a História do que o homem realizou nesta terra nao é no fundo outra coisa que a História do que fizeram os grandes Homens aqui em baixo”. Quando se olha para o panorama vasto do tempo histórico, o que fica é a marca desses heróis. Sem eles nao existiria História, só inércia e marasmo: “Um homem nao pode dar prova mais tristemente luminosa da sua pequenez do que a sua recusa de acreditar nos grandes homens.. A História do mundo, já o disse, pode perfeitamente resumir-se á biografia dos grandes homens.” Desta historiografia, o ponto mais importante é, sem dúvida, a quase divinizaçao do personagem heroico. Uma veneraçao arrebatada e sem limites: “Do meu ponto de vista, os grandes homens sao e foram sempre admiráveis; e eu iria ao ponto de afirmar que, no fundo, fora deles nada é verdadeiramente admirável. Toda a dignidade de linhagem, que é sobre o que repousa a sociedade dos homens, pode ser definida como uma “hero-archy; dito de outra forma, um governo de heróis. Toda a estructura social representa… uma veneraçao hierarquizada do herói, a reverência e a obediência devida aos homens verdadeiramente grandes e verdadeiramente sábios”. O êxtase retórico do discurso parece conduzi-lo a substituir a legitimidade divina pela legitimidade da superioridade espiritual sem a qual “nenhuma chama teria brilhado na noite”. Carlyle procede a uma verdadeira transmutaçao teológica: ao culto de Deus sucede o culto do herói – um santo laico. O perfil político do herói tinha nascido e iria durar. A idealizaçao que Carlyle faz do herói histórico, tem alguns traços singulares. Primeiro, o herói nao precisa de ser homem de Estado – pode ser religioso, filósofo, literato. Todos eles no seu processo de criaçao deixaram a sua marca no tempo; sem eles a conduzirem o Estado e a moldarem o progresso espiritual dos povos nada existiria na história a nao ser aridez ou quietude ou, pior ainda, a anarquia, a mais odiosa de todas as coisas. Depois. em segundo lugar a identificaçao do herói nao é feita por deduçao lógica, mas por intuiçao. Nao definimos os heróis, limitamo-nos a reconhecê-los quando aparecem. O génio que é variado e multifacetado, nao encaixa em conceitos; ele surge como revelaçao. Por outro lado, e apesar do seu romantismo, Carlyle coloca uma grande insistência na obra e na realizaçao como identificaçao do herói. A contemplaçao nada cria, a virtude está na acçao. É a obra que distingue o herói – afinal, é o que fica. Finalmente, ponto importante, a sua visao do herói, político ou artístico, nao está desligada de uma moralidade que é inerente á condiçao de “Grande Homem”, aqui residindo, a meu ver, o principal afastamento do pensamento de Hegel. Á condiçao do herói nao basta o feito, mas o pensamento. Nao é suficiente a vontade, mas a inteligência. É uma visao de nobreza aristocrática – elevaçao de espírito e responsabilidade na acçao. Ao contrário dos que mais tarde viriam a afastar a responsabilidade na acçao da ética individual, o perfil do herói de Carlyle é, sem dúvida, o de um homem singular e grande, nao pelo que conseguiu fazer, mas pelo mérito intrínseco do que fez. Nao é o simples sucesso que faz o herói – é a boa razao que lhe assiste. A impressao que fica é a de que Carlyle era um producto da sua época, da “gentlemanly order” que criou a elite dirigente do Império e que a educou na compreensao do comando enquanto condiçao de privilégio, mas também de responsabilidade. “Um padre do imperialismo britânico”, dirao alguns que nao lhe apreciavam o arrebatamento na linguagem. A verdade é que se desprende dos seus textos uma grande exigência com a liderança – nobreza de espírito, inteligência e determinaçao na acçao – , mas sempre acompanhada de uma infindável desconsideraçao pelos de baixo. “Nao se necessita somente um herói, mas de um mundo que lhe corresponda, que nao seja um mundo de criados… um mundo de criados tem necessariamente que ser governado pela imitaçao do herói, pelos reis que nada têm de real senao os enfeites. Um tal mundo pertence-lhes tal como eles pertencem a esse mundo.” No entanto, a sua eloquência e fértil imaginaçao produziram uma impressionante visao idealizada do herói como personagem a quem devemos veneraçao e obediência: “Adoraçao do herói, cordial e reverente admiraçao, submissao, ardor ilimitado pela mais nobre e quase divina forma do homem. Nao é este o próprio gérmen do cristianismo?” Nao admira, portanto, que este culto do herói, como âncora histórica, como única referência segura, como “perdurável esperança para a conduçao do mundo”, viesse a ser a fonte de inspiraçao para o que viria a seguir: Quase um século depois, estas ideias iriam combater ao lado dos movimentos políticos mais extremistas e destruidores que o mundo conheceu na “marcha para o fascismo”. O perfil autocrático do carisma do herói político estabelecia-se e consolidava-se.
josé sócrates

Publicado en Uncategorized
.
GALESIÁSTICOS: Se dividen en tres subtipos: galegos de ver, galegos de dicir e galegos de oir misa. Por non falaren en galego son uns pecadentos e desobedecen os mandatos básicos da súa propia relixión, pois se Deus criou os idiomas en Babel, foi precisamente para que falasemos varias linguas, cada unha no seu sitio, e non unha soa, a que máis poida. Confundámoslle -la lingua dixo Javé, porque esta xente en falando unha soa lingua “!mi madriña a que poden armar!” Palabras textuais.
GALESTRAPOS: Os que falan o galego com se tivesen a boca de trapo. Poderiano falar ben, que parvos non son, pero non lhes dá a gana e desgracian o galego cada vez que abren a boca. Moitos galestrapos son galíticos.
GALICIANOS: Son coma galegos de provincias. Aman o folclore, sobre todo os bailes rexionais, soen dicir con fonética moi peculiar: “a min te me gusta mucho el gallego, pero hablar non te lo hablo”.
GALICIDAS: Criminoso tipo, moi estendido e contaxioso, que se escoña de risa cando a lingua galega sofre calquera contratempo. Sinónimo de Galecios.
GALÍFUGOS: Os que foxen da Galiza polas causas máis diversas Hoxe hai cada vez menos porque xa non quedan sitios a onde ir. Algúns galífugos son tamén Gal(e)gos (con e mudo).
GALILÍOS: Galegos de boa intención, máis que non saben que coa soa intención non abonda. Galegos que andan confundidos.
GALITEIROS: O ele intervocálico perdeu o seu son e tornouse mudo, de aí que a palabra se pronuncie gaiteiros, Son os que tocan a gaita. Están en plena fase de expansión. De continuar ao actual ritmo de crecemento, en pouco tempo haberá máis galiteiros ca gaitas.
GALÍTICOS: Os que se presentan ás eleccións. Ás veces saen e ás veces non saen escollidos. O seu traballo é aparentemente imprescindible, pero as aparencias enganan. A maioría son Galestrapos.
GALLAECIOS: Galaicos menos evolucionados.
GALLEGOS: O nome co que os de fóra designan aos de dentro. Son moi parecidos aos galicianos, dos que se distinguen a penas polo sutil ricto que se lles marca nos beizos cando sen querer se lles escapa unha palabra en lingua galega.
GALLEGUISTAS: Galegos de bos modos que sen dúbida se equivocaron tamén de país, pero estes adrede. Distinguense dos galeguistas porque falan en castelán nos momentos máis intimos e noutros moitos momentos tamén.
GAYEGOS: Galegos da emigración transatlántica. Abafados pola idiosincrasia dos paises nos que habitan e polas longas estadias en terras moi afastadas do seu berce de orixe, perderon en grande medida o acento e mailo cinto, pero seguen gostando do caldo e da muiñeira.
GHALEGHOS: (Pronúnciase halehos, con hache aspirado, como no inglés house) Son galegos de toda a vida que pensan que os seus fillos son doutro mundo e nunca se dirixen a eles no idioma autóctono, anque o outro no que se dirixen o coñezan mal. É de prever que os filhos dos ghaleghos, han sofrer unha curiosa transformación que se adiviña co estudio da probable evolución fonética da palabra Ghaleghos – halegos – alegos – algos – algo. É dicir, as crías dos ghaleghos terminarán por seren “algo”, ou sexa indefinido.
INMIGRANTES: Hainos de varias cores. Producen un exótico contraste co verdor bucólico e lenturento da Galiza !Pobres, non saben onde é que se meteron!
JALEJOS: Son ghaleghos esaxerados.
JALLEJOS: Galegos que tentan disimular que o son; Coitadiños!
PSAUDOGALEGOS: Galegos que presentan a miúdo unha falsa saudade.
TURISTAS: Recoñécense quer pola furgoneta na que viaxan, quer pola cámara de vídeo coa que filman a catedral de Santiago, quer polo acento madrileño, quer pola pinta de alemáns que teñen. Preguntan onde se pode comer ben, comen e logo, afortunadamente, vanse.
antón cortizas
Publicado en Uncategorized

.
GALÉFOBOS: Son os que tiran pedras contra o propio tellado. Retomando o refrán da introdución, estes son os burros que ornean na súa terra. Non só non falan en galego senón que o odian. Non queren que os seus fillos aprendan e falen o galego baixo ningún concepto. Soen dicir “xa nos están estes impondo un idioma”, e non se decatan (¿ou si se decatan?) de que eles queren impoñer outro. De que se saiba o deles é um dos poucos casos no mundo de seres que presumen de seren ignorantes con esaxerada fachenda.
GALÉGALOS: Espécie estraña de desenvolvemento vertical. Os galégalos posúen grande fachenda e soberbia traza. Reprodúcense por ovos, e soen pasar a vida subidos no pau dun poleiro que en medidas hixiénicas deixa moito que desexar. Os machos deste tipo, nin teñen nin poñen ovos. As femias coñécense polo sonoro e tamén cacofónico nome de galegáliñas.
GALEGOS PROPIAMENTE DITOS: Son os menos, están en perigo de extinción, pero seica non importa.
GAL(E)GOS: (Pronúnciase galgos, pois o e é mudo). Son os que máis corren. Distínguense do resto das espécies porque, unha vez que se lles fai entrar en conversa axeitada, acaban revirando o refrán que di “o boi de onde pace e o home de onde nace”, por estoutro que di “o boi é de onde nace e o home de onde pace”. Nótese que neste caso as palabras boi e home perden o sígnificado real. Os gal(e)gos soen ter éxito na vida, aínda que sexa un éxito bovino. Calquera zoólogo os encadraría entre o grupo dos mamíferos artiodáctilos, pois ser son coma os bois, ben que teñan faccións humanas.
GALEGOTES: Galegos grandes que navegan a remos ainda nos tempos que corren. Hainos de mar e de rio.
GALEGULOS: Os amantes de comelladas. Para eles toda a cultura está na festa de exaltación do marisco, do polbo á feira, do carneiro ao espeto, dos pementos de Padrón, do cocido de Lalín, ou da caldeirada máis grande do mundo para aparecer no Guinness. Soen acabar gordos. Obsérvese que é unha palabra grave, a pesar da tendencia que hai a pronunciala como esdrúxula. Sinónimo de Galarpeiros.
GALEGUISTAS: Galegos de prol que posiblemente se confundisen de país. Na Galiza falan unicamente na lingua galega, mesmo nos seus actos máis intimos. Tódolos galeguistas son galegos, pero non tódolos galegos son galeguistas.
GALEGRES: Os que a pesar de todo son felices. Eu crer non creo neles, pero haber hainos.
GALELOS: Tipo curioso de poboadores, que apesar de sabérense nun país habitado por tantos outros tipos nefastos, ainda o aman (o país) e ainda gostan de vivir nel.
antón cortizas
Publicado en Uncategorized
.
Passeando xá non sei quando, polas ruas de non sei d’onde, despois de ter subido sem respirar, d’um golpe, toda a calçada do Monte á Graça. Fai xá muito, muito tempo atrás, alá antano nos tempos de Coré risonha. Os meus passos pausados e perdidos, levaron-me a unha espécie de “Museo do Norte de África”. Eu non queria entrar, porque xa era demasiado tarde, mas passei o porteiro, passei a mulher, escalei escadas, baixei por elas, para cima,para baixo, madeiras, estântarias, vitrinas, etc… Parei diante d’unha estátuazinha de xáde ou alabastro, com dous colares de cores brancas e amarelas que me mirava com um eterno amor, os seus olhos pequenos cintilavan como faíscas. Foi amor á primeira vista, a sua cegadora sorrisa perdeu-me completamente. Non fun senhor de pensar nada, com a velocidade do raio, metim-na dentro da alxibeira do cassaco, cuidando a duras penas de manter a normalidade, no rostro e nos xestos tímidos unha apariência de alma cândida. Xá acompanhado d’esta vez, prosseguim o meu deâmbular sêm tino, escadas abaixo e arriba, para dificultar mais qualquer possíbel perseguiçao. Até que por fim, milagro, a saída apareceu diante dos meus olhos bem abertos. Rua fora, sentia unha acêntuada alegria no ar, como se saíra da prisao do Limoeiro, ou retornara á vida após larga enfermidade. Sentia no meu cassaco um lixeiro pulsar, um latexar cûmplice, como se a valiosa Deusa de pedra cobrara unha vida impossíbel, e disfrutara d’esta inesperada liberdade. Extranha dança aquela pelas ruas tortuosas da cidade, algo sumamente preciado que volta a disfrutar da luz, despois de passar séculos escondida na escuridade polvorenta d’um Templo das Musas. Xamais na minha exemplar vida, habia roubado nada, e sentia grande orgulho pelo feito. Mas ésta Deusa arcaica e luminosa, agora aqui diante dos meus olhos, acabou docemente com toda a minha virtude.
ANTÓNIO ARGIBAY SEBASTIÁN
Publicado en Uncategorized
.
Galiza é un pequeno país apertado polo mar, bicado polo cariño húmido do ceo, e soportado no ar por unha terra lenturenta, velha e desgastada polo incesante decorrer do tempo. É linda. Mais non sei se para ben ou para mal, foi habitada desde épocas inmemoriais por un pobo que se foi facendo, coma todos, pouco a pouco, pero que ainda hoxe non ten unha ideia moi clara de cara a onde quere ir. É coñecido o dito de que cando un se atopa nunha escaleira cun galego, non se sabe se sobe ou se baixa. ¿Será por non querer que se saiba a onde un vai, ou porque nin el mesmo sabe a onde quere ir? Triste fado o da indefinición. Nas enciclopedias, afeccionadas como son elas a comprimir o comprensible e o incomprensible, explican que os naturais da Galiza son os galegos. Pero a cousa non vos é así tan doada nin tan sinxela. Despois dunha longuísima pescuda, quen isto escribe chegou á conclusión de que na Galiza existen 33 tipos diferentes de poboadores. Parece mentira que nun lugar tan pequeno haxa tanta diversidade. Atrévome a enunciar dúas teorias complementarias que explican o porqué de tanta diversidade tipolóxica. 1ª teoria: É moi posible que a causa radique na propia humidade do país que favorece o desenvolvemento de fungos, ouricelos e liques sobre as superficies máis diversas, mesmo sobre a pel humana. En moitos casos incrústanse de tal modo que eses seres vivos, simbolo da invasión e da sobrevivencia, chegan a estenderen os seus micelios ata o máis fondo da alma humana, de tal xeito que cando o normal seria que houbera uniformidade nos tipos que definen un país nos pensamentos básicos, profundos, metafísicos e colectivos, na Galiza non ocorre nada diso e en tan pequeno territorio (apenas 30.000 km2), e en menos de tres millóns de habitantes parece mesmo un milagre que haxa tanto autóctono diferente. 2ª teoria: Reforma e complementa a anterior. A diversidade está na propia lingua na que falan e pensan os individuos. Polo refraneiro sábese que “na sua terra ou o burro fala ou o burro ornea”. Efectivamente, orixínanse tipos diversos de galegos segundo o uso, abuso, desuso ou mal uso que se fai da lingua. Evidentemente, este traballo é unha mera e brevisima exposición, pois cada un destes tipos merece un estudio á parte, ao cal o autor pensa adicar o resto dos seus dias e parte das súas noites. Sen máis demora dou paso xa á relacion dos diferentes tipos do meu país, ordenados por orde alfabética e acompañada dunha breve definición.
ESPAÑOLES: Chamanse deste modo os que naceron na Galiza como puideron ter nacido en calquera outra parte. Distinguirémolos moi ben de falarmos con eles sobre marisco, pois confunden nécora con pécora, percebe con pesebre. mexillón con mesón, ameixas con cereixas, luras con bulas e polbo con coito. O seu nome escribese todo con maiúsculas, pois eles non o aceptan escribir doutro modo, tal é o grande concepto que teñen de si mesmos. Non se deben confundir cos españois, que son xentes máis ou menos normais, de dentro e fóra da Galiza. Endebén, por confusión e contaxio, moitos españois, de non se vacinaren contra a enfermidade carencial de sentido común, corren o risco de convertérense en ESPAÑOLES moi rapidamente.
GALAICOS: 1 Tipos finos encrequenados no pasado. Gostan da historia pero non teñen memoria. Falarían aínda en latin se soubesen, pero como non saben non o falan. Tampouco falan galego. 2 Galegos aconfesionais.
GALARPEIROS: O mesmo que galegulos.
GALECIOS: Galegos necios, para que dicir máis. Sinónimo: Galicidas.
GALÉCTICOS: (Pronúnciase cun e moi aberto, case a). Defínense a si mesmos como galegos universais. Aseguran que a súa patria é o mundo, pero non falan o idioma do mundo, senón o castelan, co cal se contradín a si mesmos e fan ver que o seu mundo non é tan universal como din.
ANTÓN CORTIZAS
Publicado en Uncategorized
Francisco X. Candeira
Extraído da sua obra “Na forxa do soño”
MONOLOGO
Pensar que te amo neste outono ardente
cando abren os ourizos dos castiros
cando procuro a cor dun soño antigo
na chuvia que cae maina pola tarde
cando persigo os teus beizos vermellos
pra ensinárenme a verba clara e certa
das paisaxes que viron os teus ollos…
Cando contemplo a chuvia entre os cristais
da xanela que olla cara ó val
poboado de veigas e regueiros
digo que te amo neste outono ardente.

Publicado en Uncategorized
O MITO DO ESTADO
O acorde fundamental veio da filosofia e soou como um começo, “cujas infinitas modulaçoes se fazem ouvir ao longo de toda a história do pensamento ocidental”. Ninguém como Hegel, ao descrever e interpretar a vastidao do drama histórico, fez mais pelo culto do Estado e dos “Grandes homens”. Na sua filosofia da história, o grande actor é o Estado; toda a história é o contínuo progresso dessa Ideia Universal cuja realizaçao constitui a principal aspiraçao das naçoes: “O universal encontra-se no Estado…” “O Estado é a Ideia Divina tal como existe na terra…” “O Estado é a marcha de Deus pelo mundo.” A vida histórica nao existe sem o Estado; ele constitui uma realidade superior e perfeita: é o Estado o primeiro a oferecer uma matéria que nao só é apropriada á prosa da história, mas também porque inclui a produçao da dita história no progresso do seu próprio ser”. Ele faz a história e é, ele próprio, a história. Ele é o “Espírito do Mundo”. Nesta linguagem obscura e recheada de misticismo, a inspiraçao teológica é evidente: “falou de religiao em termos de história e de história em termos de religiao”. De facto, há, na interpretaçao histórica de Hegel, uma teologia política, uma reinterpretaçao histórica de Hegel, uma teologia política, uma reinterpretaçao secular do esquema da encarnaçao. Na versao religiosa, Deus tornou-se homem para morrer e renascer, ligando, desta forma, o divino ao finito. O equivalente da encarnaçao no mundo político acontece quando o Estado (espírito), para se realizar, necessita de ser encarnado em “grandes homens”. O absoluto nao existe se nao conhecer e contiver em si o efémero e o passageiro. Para Hegel, o Estado, que transcende o indivíduo, também nao é nada sem ele – sem ele nao tem condiçoes de concretizaçao de cumprimento, de efectivaçao, de actualizaçao. Ele – o “Grande Homem” que encarna o Estado – é assim o obreiro do Estado e obreiro, portanto, da História. Ele é o corpo finito, mortal, humano que lhe dá expressao. Um ponto fixo e irradiante capaz de estender a sua influência e mexer com o mundo. O próprio Hegel, fascinado com a figura do Imperador, dirá de Napoleao em Iena: “Experimentamos na verdade um sentimento de admiraçao em vista de tal indivíduo, que concentra aqui num ponto, montado no seu cavalo, um poder que se estende sobre o mundo e reina sobre ele”. Este “Grande Homem” histórico de Hegel nao é idealizado – nao sao os sábios, os virtuosos, os justos-, mas o homem como os outros, com as fraquezas e misérias humanas. A sua grandeza nao está em ver para além do seu tempo, mas em ver o seu tempo, agora. O “Grande Homem” vive esse tempo apaixonadamente, apreende a sua essência e, com a sua acçao, desperta as paixoes dos outros. A sua grandeza nao exclui o egoísmo, o interesse, a paixao, porque “nada de grande se realizou sem paixao”. Os Grandes Homens continuam homens e as suas paixoes nao retiram nada de racional ao seu comportamento. Pelo contrário só o ajudam: “poder-se-á dizer que a astúcia da razao reside no facto de pôr as paixoes ao seu serviço”. Para Hegel, a grandeza significa victória e o mérito nao está na boa causa, mas no sucesso. Nada desqualifica a acçao histórica bem-sucedida – nem a cegueira da glória, nem a volúpia do poder, nem a procura de honrarias e muito menos os meios utilizados. Na linha de Maquiavel, virtude significa força; direito é poder. O único critério que conta é o sucesso. Para os indivíduos, mas também para os Estados: Os destinos e as obras dos Estados em suas relaçoes mútuas sao a dialéctica visível da natureza finita dos seus espíritos. Desta dialéctica produz-se o Espírito Universal, o Espírito do Mundo, o Espírito Ilimitado. Este tem mais direito que ninguém e exerce o seu direito sobre os Espíritos Inferiores na história do mundo. A história universal é o juizo final. “Mais direito que ninguém” – nunca ninguém o tinha dito desta forma tao brutal e directa. Nao interessa ao nosso tema fazer a apresentaçao ou a crítica á filosofia de Hegel. O nosso objectivo é apenas sublinhar este ponto-chave da sua filosofia política – a glorificaçao do Estado e do “Grande Homem Político”.
JOSÉ SÓCRATES

Publicado en Uncategorized
O GRANDE HOMEM
Mas há uma história mais antiga que precede este ambiente geral de preocupaçao com a ordem e a autoridade. Essa é a história intelectual do “grande homem”, forjada por vários dos mais importantes filósofos e historiadores do século XIX. Bem vistas as coisas, este credo mítico do papel do “grande homem” e da historiografia do herói prepararam o caminho da liderança carismática. Durante um longo período, a narrativa histórica permaneceu ligada á literatura apologética dos grandes feitos e dos grandes homens e ao efeito desta crença na imaginaçao humana. Um mito que vem de longe: a prosa épica da antiguidade grega concebeu e consagrou a história como operaçao destinada a impedir o esquecimento das grandes realizaçoes e a garantir a fama dos que nelas se distinguiram. Ao serviço da glória pessoal e nacional, a crónica histórica foi, depois, instrumento de narrativa do comando real, das façanhas do “grande homem” aristocrático, cuja superioridade se fundava no sangue, no nascimento e no feito militar. Quase sempre, foi a história das dinastias, das guerras, das batalhas – forma perfeita de assegurar um fervor nacional e élitista. Mas a Revoluçao Francesa trouxe uma outra genealogia do grande personagem. O elogio pessoal era agora devido, nao ás qualidades baseadas na posiçao social, mas á virtude individual: “aux grands hommes la patrie reconnaissante”. A República descobre o seu novo “grande homem”, desligando-o da monarquia e do nascimento e afastando-o também do perfil ideal do herói guerreiro. Ele, o republicano, já nao é o herdeiro, mas ele próprio – e essa é a única condiçao que conta: o seu mérito pessoal, que se forma ao longo da vida e se exprime em vários domínios no Estado, nas letras, nas ciências. Do falso mérito daqueles “que se deram ao trabalho de nascer”, o carisma republicano dos grandes homens estende-se e democratiza-se. Mudança de paradigma, sem dúvida. No entanto, quer o “Ancien Régime” quer a República conservam um traço comum: o carisma do “grande homem” político vai continuar preso ás referências autoritárias, o que condicionará por muito tempo a visao e o papel do comando e da liderança política, dando-lhe um pendor despótico de que demoraria a libertar-se. Com efeito, talvez nada tenha sido tao decisivo para a futura interpretaçao conceptual da autoridade carismática que ainda havia de nascer.
josé sócrates

.
Publicado en Uncategorized