. .HISTORIA DE UM AMOR.
. Maria Fernanda
. Noite misteriosa de segredos murmurados
no cerrar dos dentes e no pulsar das veias
e uma cançao no ritmo de nós dois
e as algas dos teus olhos no gritar dos nervos
(ah, Maria, quantas vezes morremos?).
Maria de uma cançao de amor
liberta minha solidao secular
a salvo-condutos de ósculos na tua boca
e enquanto minhas maos procuram tua angústia
e cerras outra vez as pálpebras sombreadas de volúpia
ah, Maria, quantas vezes morremos?
Quantas vezes
a dor rebentou feliz
dos teus lábios meus lábios nossos lábios
das tuas maos minhas maos nossas maos
e cada minuto
cada hora
e cada noite febril
vinham redescobrir
os fantasmas da nossa tristeza?
E em cada encontro marcado
em cada beijo mordido
quantas vezes vivemos e morremos
quantas vezes nascemos e renascemos
e com raiva ou sem raiva
quantas vezes chorámos sem chorar
quantas vezes, Maria?
JOSÉ CRAVEIRINHA
.

